12/09/2024

Mais de 6 mil voluntários contribuem com educação inclusiva na rede pública do DF

O Centro de Educação Infantil (CEI) 4 de Taguatinga é uma das 684 escolas que contam com o apoio dos ESVs. Há 16 educadores lotados na unidade, sendo que 14 auxiliam alunos específicos e dois prestam apoio no dia a dia escolar | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Educadores Sociais Voluntários promovem o desenvolvimento dos alunos com deficiência e incentivam a interação em sala de aula; pesquisa do IPEDF traçou perfil do grupo e vai ajudar no aprimoramento

Auxiliar estudantes com deficiência em atividades diárias, contribuindo com o ambiente educacional e o desenvolvimento cognitivo dos alunos. Essa é uma das principais funções dos educadores sociais voluntários, programa do Governo do Distrito Federal (GDF) promovido pela Secretaria de Educação (SEE). A rede pública de ensino conta com mais de 6 mil profissionais atuando em 684 estabelecimentos de ensino.

Conforme a Portaria nº 28/2024, o educador social voluntário pode trabalhar junto a estudantes com deficiência ou com quadros como transtorno do espectro autista (TEA), estrangeiros e indígenas não falantes de Língua Portuguesa, assim como no contraturno das escolas de tempo integral. O leque de funções visa, sobretudo, o benefício do aluno. O educador deve auxiliá-lo no horário das refeições, com os hábitos de higiene pessoal, em atividades sociais – com o incentivo ao contato e interação com colegas de sala, durante as atividades pedagógicas, e mais.

“Cada educador é responsável por duas crianças com deficiência, como síndrome de Down ou paralisia, ou com autismo”

Sabrina Marques, diretora do CEI 4 de Taguatinga

O Centro de Educação Infantil (CEI) 4 de Taguatinga é uma das 684 escolas que contam com o apoio dos ESVs. Há 16 educadores lotados na unidade, sendo que 14 auxiliam alunos específicos e dois prestam apoio no dia a dia escolar. “Cada educador é responsável por duas crianças com deficiência, como síndrome de Down ou paralisia, ou com autismo”, explica a diretora do CEI 4 de Taguatinga, Sabrina Marques, que trabalha na unidade desde 2009.

Segundo a gestora, a presença dos ESVs em sala de aula contribui com a inclusão dos alunos com deficiência na turma e impacta diretamente no crescimento deles. “Os avanços no desenvolvimento das crianças é nítido já a partir da segunda semana de aula. Às vezes, a criança não tinha convívio social por diversas dificuldades e, aos poucos, vai se ligando ao ambiente escolar com a ajuda dos educadores”, explica Marques.

A educadora social voluntária Esheley Bruna Sousa, 19 anos, acompanha o pequeno João Lucas Costa, 5, no dia a dia no CEI 4 de Taguatinga. Estudante de pedagogia, ela iniciou como ESV no ano passado, tendo atuado em outra escola de Taguatinga, em março assumiu os cuidados com o João, diagnosticado com autismo nível 3, em que há atraso ou ausência da comunicação verbal.

“Assim que ele chega na escola, nós fazemos uma brincadeira até ele ficar tranquilo e topar entrar na sala de aula. Aí eu cuido dele e do Francisco – que é o melhor amigo do João e tem síndrome de Down. Nós fazemos as atividades, temos o lanche, a hora do banheiro, o recreio… O dia inteiro fico com eles, cuidando e ajudando”, relata Esheley. O apoio tem surtido efeito: João falou as primeiras palavras neste ano – “pai”, “mãe” e “quero”. “Ele também começou a fazer as atividades e a brincar com os meninos, que era uma coisa que ele não fazia antes da minha chegada.”

A mãe de João, a autônoma Joyce Rodrigues Costa, 35, agradece o trabalho prestado pelos ESVs. “Aqui ele aprendeu a pintar, já aceita as texturas. Acho que sem os educadores eu não teria nem condição de trazer meu filho para a escola. Com eles aqui, me sinto segura e sei que ele tá aqui se desenvolvendo”, conta ela, que reconhece os avanços da jornada do filho. “Assim que saiu o diagnóstico do João, muitos falavam que ele não ia andar, que não ia falar nada, que não teríamos nenhum avanço. E hoje vemos que conseguimos muitas coisas”, celebra.

Outras unidades de ensino da região administrativa também dispõem do apoio dos educadores sociais voluntários. O coordenador regional de ensino de Taguatinga, Murilo Marconi, afirma que há mais de 700 pessoas exercendo a função em estabelecimentos educacionais da cidade. “Esta gestão do GDF está preocupada com a inclusão dos alunos e, por isso, vem aumentando cada vez mais o número de educadores sociais voluntários. Tivemos um acréscimo de quase 50% no último ano, sendo que eram 500 educadores e passamos para 700”, explica Marconi.

Perfil dos educadores

Entre os educadores sociais voluntários do DF, 83,5% são mulheres, 53% têm de 30 a 49 anos e 55% se identificam como pardos. Os dados foram divulgados em junho pela pesquisa “Educação inclusiva no Distrito Federal: o papel dos educadores sociais voluntários”, elaborada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IpeDF).

A diretora de Estudos e Políticas Sociais do IpeDF, Marcela Machado, destaca que a pesquisa “buscou suprir a lacuna de evidências científicas sobre essa política pública. Eles, ao lado de professores, monitores e responsáveis, desempenham um papel fundamental para a efetivação da educação inclusiva no Distrito Federal.” Foram utilizados métodos quantitativos e qualitativos, incluindo entrevistas com gestores da SEE e diretores de escolas públicas.

“A pesquisa traz questões da rotina de como acontecem a interação dos educadores e outros atores que estão no ambiente escolar, como professores, gestores e alunos, ajudando a entender e refletir quais são os desafios que existem e as formas que a política pública pode ser aperfeiçoada”, agrega a coordenadora da pesquisa, Jaqueline Borges.

Conforme o estudo, as atividades dos ESVs abrangem diversos aspectos do dia a dia escolar, principalmente o auxílio em sala de aula (89%), atividades recreativas (77%), locomoção (73%), refeições (69%) e higienização (67%). A maioria dos educadores possui formação nas áreas de ciências humanas, linguística, letras e artes (67%) e mais da metade dos respondentes não possuem outra ocupação além de educador social voluntário.

As atividades do ESV devem ser realizadas de segunda a sexta-feira, em dias letivos presenciais, com carga horária diária de 4 horas. O educador pode atuar em até duas escolas ou em dois turnos na mesma unidade de ensino, sendo que cada turno voluntariado recebe R$ 40 como ajuda de custo para cobrir as despesas com alimentação e transporte.

Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Educação (SEE)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

7R contabilidade e assessoria empresarial Santa Maria Brasilia DF
Leia também
Segurança Pública institui Medalha Mulher Mais Segura
Segurança Pública institui Medalha Mulher Mais Segura
Ex-deputado distrital é solto após ficar seis meses preso na Papuda
Ex-deputado distrital é solto após ficar seis meses preso na Papuda
Garis têm horário de trabalho alterado e recebem kit de proteção durante período de seca
Garis têm horário de trabalho alterado e recebem kit de proteção durante período de seca
Professores substitutos também terão acesso a programa de saúde mental
Professores substitutos também terão acesso a programa de saúde mental
Vice-governadora entrega Contratos de Concessão de Direito de Uso para produtores do Paranoá
Vice-governadora entrega Contratos de Concessão de Direito de Uso para produtores do Paranoá
Feira pet integra ação do Detran-DF em adesão ao Setembro Amarelo
Feira pet integra ação do Detran-DF em adesão ao Setembro Amarelo
Servidores do GDF são acolhidos com abraços no Espaço Qualidade de Vida
Servidores do GDF são acolhidos com abraços no Espaço Qualidade de Vida
Mais de 18,3 mil procedimentos realizados no Saúde Mais Perto do Cidadão em Samambaia
Mais de 18,3 mil procedimentos realizados no Saúde Mais Perto do Cidadão em Samambaia
Passagens subterrâneas do Eixão têm cronograma semanal de limpeza
Passagens subterrâneas do Eixão têm cronograma semanal de limpeza
Atletas brasilienses do taekwondo disputam competição nacional com apoio do GDF
Atletas brasilienses do taekwondo disputam competição nacional com apoio do GDF
Investimento de R$ 30 milhões melhora urbanização, mobilidade e infraestrutura de Arniqueira
Investimento de R$ 30 milhões melhora urbanização, mobilidade e infraestrutura de Arniqueira
Centros de línguas ampliam horizontes e caminhos profissionais de alunos da rede pública e das comunidades
Centros de línguas ampliam horizontes e caminhos profissionais de alunos da rede pública e das comunidades

Palestinos ocupam novo lugar na Assembleia Geral da ONU

Devido à guerra em Gaza, os palestinos, que possuem a figura de “Estado observador não membro” desde 2012, iniciaram no início de abril seu pedido para se tornarem um Estado-membro de pleno direito Os palestinos ocuparam nesta terça-feira (10) seu novo lugar na Assembleia Geral das Nações Unidas, desta vez

Leia mais...

CCJ adia votação de anistia para presos pelo 8 de janeiro

Sessão foi interrompida pela abertura da ordem do dia no Plenário da Câmara dos Deputados A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara adiou, nesta terça-feira (10/9), a votação do projeto de lei (PL) que concede anistia para quem participou dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Leia mais...

Suzane Richthofen faz concurso para trabalhar no Tribunal de Justiça

Richthofen se inscreveu para a função de escrevente técnico judiciário, com salário inicial de R$ 6.043, mais auxílio alimentação, saúde e transporte Cumprindo pena em liberdade pela morte dos pais, Suzane von Richthofen, de 41 anos, está prestando concurso público para ingressar como servidora no Tribunal de Justiça do Estado

Leia mais...

Segurança Pública institui Medalha Mulher Mais Segura

Condecoração visa o reconhecimento público para incentivar práticas de proteção e defesa das mulheres A Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF) passará a reconhecer e valorizar ações e serviços prestados no combate à violência contra a mulher e à violência doméstica e familiar por meio da entrega de medalhas.

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.