Com 165 casos diagnosticados no Distrito Federal em 2023, a doença ainda enfrenta estigma e desinformação; a capacidade de atendimento na rede pública foi expandida no DF.
Com um período de incubação que pode se estender até 20 anos e o potencial de causar lesões incapacitantes, a hanseníase é a enfermidade central na campanha do Janeiro Roxo. O objetivo é sensibilizar sobre os sintomas e a importância do tratamento, além de combater a desinformação e o preconceito. Na capital, o Governo do Distrito Federal (GDF), por intermédio da Secretaria de Saúde (SES-DF), expandiu a capacidade de atendimento para possibilitar diagnósticos e cuidados precoces. No ano de 2023, foram confirmados 165 casos.
“A hanseníase é uma doença ainda pouco compreendida pelas pessoas. Muitas podem estar contaminadas sem sequer perceberem”, destaca Sandra França, coordenadora de Atenção Primária da SES-DF. A partir deste Janeiro Roxo, as equipes da Saúde da Família (eSF) intensificaram a vigilância da hanseníase, incluindo visitas domiciliares. “Buscamos realizar uma abordagem inicial por meio dos Agentes Comunitários de Saúde [ACS], os quais podem observar os primeiros sinais da doença e encaminhar os casos para a Unidade Básica de Saúde [UBS]”, complementa a coordenadora.
Embora o Distrito Federal apresente uma baixa incidência de hanseníase, com uma taxa de 0,8 casos para cada 10 mil habitantes, os gestores enfrentam o desafio de manter os profissionais da linha de frente capacitados para identificar a doença corretamente. No ano anterior, a “Carreta da Hanseníase”, um consultório móvel para diagnósticos, percorreu várias regiões administrativas (RAs), realizando 770 atendimentos e identificando 14 casos positivos. O principal resultado, entretanto, foi o treinamento das equipes da Saúde da Família.
A hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, tem tratamento assegurado na rede pública, onde as 176 UBSs atuam como portas de entrada. O tratamento varia de 6 a 12 meses, dependendo do diagnóstico. Em casos mais graves, há suporte especializado nas policlínicas e hospitais da rede.
O preconceito, contudo, dificulta a busca por ajuda. “Infelizmente, persistem conceitos equivocados sobre a doença no imaginário social, como a falsa ideia de que o contato físico com uma pessoa portadora de hanseníase transmitirá a bactéria, o que não é verdade. O convívio social é um direito da pessoa com hanseníase e uma responsabilidade de toda a sociedade”, destaca Douglas Aquino, enfermeiro da equipe técnica da Subsecretaria de Vigilância à Saúde da SES-DF.
Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)