Um ano após o falecimento do jovem, a técnica de enfermagem do HRSM encontra forças tanto no trabalho quanto na presença de sua filha. Aqueles que foram beneficiados pela doação gravaram um vídeo expressando sua gratidão.
A quarta-feira, (17), marca o primeiro aniversário do dia mais difícil na vida de Rita de Kássia Souza, 39 anos, técnica de enfermagem do pronto-socorro do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Em 17 de janeiro de 2023, seu filho Gabriel Henrique Souza Veras, 18 anos, teve a morte encefálica confirmada após sofrer uma descarga elétrica de um poste enquanto buscava a bola da partida de futebol em Luziânia (GO), onde residia.
Mesmo enfrentando a dor de perder o filho mais velho, Rita escolheu fazer a doação dos órgãos de Gabriel, impactando positivamente a vida de outras pessoas com esse gesto altruísta. O acidente ocorreu em 12 de janeiro, e após ser socorrido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Luziânia, o jovem foi transferido para o HRSM, o hospital mais próximo e onde Rita desempenha suas funções profissionais. Uma semana após a internação, o óbito foi confirmado.
Para homenagear a dedicada profissional e oferecer algum conforto, sua equipe, em colaboração com membros da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, preparou uma carta que foi entregue a Rita junto com uma cesta de chocolates e flores.
Rita compartilhou que recebeu essa surpresa enquanto estava no meio do expediente de trabalho e expressou como os últimos dias, após as festas de fim de ano, têm sido especialmente difíceis. No entanto, ela encontrou no trabalho uma forma de distração e apoio, especialmente dos amigos e da filha Sofia, que lhe dão forças para continuar.
O processo de doação de órgãos é tratado com sigilo. No entanto, devido à repercussão do caso, os dois beneficiários dos rins de Gabriel – uma mulher de Brasília e um homem de Paracatu (MG) – entraram em contato com Rita para expressar sua gratidão. Além disso, a equipe hospitalar conseguiu obter um vídeo deles agradecendo pela doação, tornando a homenagem ainda mais significativa.
Rita compartilhou sua emoção ao saber que seu filho impactou positivamente a vida desses dois receptores, que estavam debilitados antes do transplante e agora desfrutam de boa saúde. Com a doação dos órgãos de Gabriel, Rita conseguiu ajudar seis pessoas diferentes.
Raíssa Sudario, membro da equipe hospitalar, elogiou a atitude de Rita, destacando sua resiliência e excelência no trabalho, mesmo após a perda do filho. A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes, responsável pelo acompanhamento do protocolo de morte encefálica no HRSM, também destaca a importância de conscientizar sobre a doação de órgãos, salientando que é crucial expressar o desejo de doar aos familiares.
No HRSM, a captação de córneas é realizada, enquanto a retirada e o transplante de outros órgãos são conduzidos em outras unidades do DF, como o Hospital de Base e o Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF). Em novembro de 2023, a primeira captação de múltiplos órgãos no HRSM foi realizada por uma equipe do ICTDF.
Ao longo de 2023, foram registrados 48 casos prováveis de captação de córneas, mas apenas 12 captações foram efetuadas. No caso de morte encefálica, houve cinco doações de córneas, totalizando 17 captações no HRSM naquele ano. A equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes destaca a importância de deixar claro o desejo de doar órgãos à família, visando aumentar a conscientização sobre a relevância desse gesto que pode salvar vidas. A doação de córneas pode ser realizada após o óbito, com o coração parado, sendo permitidas seis horas de captação sem refrigeração e 12 horas com refrigeração.
Tribuna Livre com informações do IgesDF