01/07/2025

Laura Loomer: quem é a mulher que espalha teorias da conspiração que viaja com Trump na campanha?

Laura Loomer viajou para a Filadélfia a bordo do avião de Trump para o debate presidencial na cidade - (crédito: Reuters)

Ela se juntou a Donald Trump em um evento na quarta-feira (11/9) e viajou para o debate presidencial no dia anterior em seu avião.

A teórica da conspiração de extrema direita Laura Loomer este presente ao lado de Donald Trump na campanha eleitoral americana nos últimos dias.

Isso levantou questões, inclusive entre alguns republicanos, sobre a influência que a controversa ex-candidata ao Congresso pode ter sobre ele.

Loomer é conhecida por sua retórica antimuçulmana e por espalhar teorias da conspiração, incluindo a de que os ataques de 11 de setembro foram um “trabalho interno” realizado pelo governo dos Estados Unidos.

Ela se juntou a Trump em um evento em memória dos ataques na quarta-feira (11/9), levantando dúvidas e provocando indignação em alguns meios de comunicação dos EUA.

Na terça-feira, a jovem de 31 anos viajou para a Filadélfia a bordo do avião de Trump para o debate presidencial na cidade.

Talvez o momento mais memorável do debate tenha ocorrido quando Trump repetiu uma alegação infundada de que imigrantes ilegais do Haiti estariam supostamente comendo animais domésticos em uma pequena cidade de Ohio.

“Eles estão comendo os animais de estimação das pessoas que vivem lá”, disse ele.

Autoridades da cidade disseram depois à BBC Verify que não houve “nenhum relato confiável” de que isso realmente aconteceu.

Trump disse que estava repetindo alegações que ouviu na televisão, mas a teoria foi transmitida por Loomer apenas um dia antes do debate.

Na segunda-feira, a comentarista de direita radical e influenciadora digital repetiu as alegações para seus 1,2 milhão de seguidores no X (antigo Twitter).

Embora o nível de acesso que Loomer tem a Trump não esteja claro, e o candidato a vice-presidente republicano J.D. Vance também tenha espalhado a teoria infundada, a postagem de Loomer e sua presença na Filadélfia levaram alguns republicanos a culpá-la pelo ex-presidente fazer a alegação infundada no palco.

Uma fonte anônima próxima à campanha de Trump disse ao site de notícias americano Semafor que ela estava “100%” preocupada com a proximidade de Loomer com Trump.

“Independentemente de quaisquer barreiras que a campanha de Trump tenha imposto a ela, não acho que esteja funcionando”, disse a fonte, segundo o site.

Outra fonte, no entanto, disse ao veículo que Loomer não interferiu nos preparativos do debate e que ela era uma “boa pessoa para se ter por perto”.

Dennis Lennox, um consultor republicano, foi muito mais incisivo em suas críticas ao desempenho de Trump no debate e a Loomer.

“É o que acontece quando você improvisa, vive na bolha Fox News-X e confia em Matt Gaetz [congressista republicano da Flórida], ou ainda em Laura Loomer”, disse ele ao Semafor.

Loomer não respondeu a vários pedidos de comentários da BBC.

Mas, no X, ela disse que opera “independentemente” para ajudar Trump, a quem ela se referiu como “verdadeiramente a última esperança da nossa nação”.

“Para os muitos repórteres que estão me ligando e me pedindo obsessivamente para falar com eles hoje, a resposta é não”, escreveu ela.

“Estou muito ocupada trabalhando em minhas histórias e investigações e não tenho tempo para entreter suas teorias da conspiração.”

Nascida no Arizona em 1993, a autointitulada jornalista investigativa trabalhou como ativista e comentarista para organizações como o Project Veritas e o Infowars, do teórico da conspiração de direita radical americano Alex Jones.

Em 2020, ela concorreu – com o apoio de Trump – como candidata republicana ao Congresso dos EUA na Flórida, mas perdeu para a democrata Lois Frankel.

Ela tentou novamente dois anos depois, quando concorreu sem sucesso para destituir o representante Daniel Webster em uma primária republicana em um distrito diferente da Flórida.

Agora, ela é conhecida por seu apoio vocal a Trump e por promover uma longa série de teorias da conspiração, incluindo alegações de que Kamala Harris não é negra e que o filho do bilionário George Soros estaria enviando mensagens enigmáticas pedindo o assassinato de Trump.

Essas postagens a levaram a ser banida de várias plataformas, incluindo Facebook, Instagram e até mesmo, segundo ela, os aplicativos de transporte Uber e Lyft, por fazer comentários ofensivos sobre motoristas muçulmanos.

Certa vez, ela se descreveu como uma “islamofóbica orgulhosa”.

Loomer frequentemente participa de eventos em apoio a Trump e já foi vista anteriormente na residência dele na Flórida, Mar-a-Lago.

No início deste ano, ela viajou no avião de Trump para Iowa, onde foi elogiada por ele no palco de um evento.

“É alguém para se ter ao seu lado”, disse Trump. O ex-presidente também compartilhou vários dos vídeos dela na rede social Truth Social.

No ano passado, o jornal New York Times relatou que Trump havia expressado interesse em contratá-la para sua campanha, cedendo apenas depois que assessores importantes expressaram preocupação de que ela poderia prejudicar seus esforços eleitorais.

“Todos que trabalham para ele acham que ela é um problema”, disse um assessor de Trump sobre Loomer em uma reportagem na NBC News em janeiro.

Outra apoiadora declarada de Trump, Marjorie Taylor Greene, discordou de Loomer esta semana sobre seus comentários questionando a raça de Harris e uma postagem na qual ela disse que a Casa Branca “vai cheirar a curry” se Harris – que tem ascendência indiana – for eleita.

Greene disse que os comentários de Loomer foram “terríveis e extremamente racistas” e “não representam quem somos como republicanos ou Maga” (sigla para Make America great again, “tornar a América grande de novo”, slogan de Trump) – provocando uma enxurrada de mensagens furiosas contra ela mesma.

Essa disputa na órbita de Trump aconteceu apenas um dia depois que Loomer apareceu em eventos com o ex-presidente rememorando o aniversário do 11 de setembro em Nova York e Pensilvânia.

Questionada sobre sua presença lá pela agência de notícias Associated Press, ela disse que não trabalhava para a campanha e foi que “chamada como convidada”.

Tribuna Livre, com informações da Reuters

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