A expectativa é que a troca ocorra após o feriado do carnaval. A primeira mudança no governo, porém, deve ser a substituição do ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann
A ida do ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, para o Ministério da Saúde é dada como certa no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele deve substituir a ministra Nísia Trindade, alvo de críticas desde o início do mandato petista.
Aliados próximos ao presidente ouvidos pelo Correio avaliam que a mudança deve ocorrer depois do carnaval, e após a oficialização da presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), como chefe da Secretaria-Geral da Presidência, no lugar do ministro Márcio Macêdo.
Petistas acreditam que Gleisi será confirmada ministra amanhã (22), durante celebração dos 45 anos do PT, no Rio de Janeiro, com a presença de Lula.
Padilha é médico de formação, e ministro com grande prestígio por parte do presidente. Ele resistiu a uma fritura encabeçada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de parlamentares do Centrão insatisfeitos com o ritmo de liberação de emendas e com a falta de cumprimento de acordos pelo governo federal. Porém, é considerado fiel ao presidente e segue suas orientações à risca.
O atual chefe da SRI já ocupou a pasta da Saúde durante o governo de Dilma Rousseff, entre 2011 e 2016, e foi um dos responsáveis pelo Programa Mais Médicos, uma das maiores marcas dos governos petistas na saúde. Procurada sobre a troca, a SRI respondeu que não vai comentar o caso.
Gestão conturbada
Nísia, por sua vez, passou por turbulências em sua gestão no ano passado. O enfrentamento à epidemia de dengue no país, incluindo demora na aplicação de vacinas, a queima de doses vencidas de imunizantes, a crise na gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro e a escassez de vacinas no Sistema Único de Saúde (SUS) foram alguns dos episódios que ajudaram a desgastar a imagem da ministra.
Na reunião ministerial de dezembro do ano passado, segundo relatos, Lula ainda cobrou de Nísia a entrega do programa Mais Acesso a Especialistas, que busca reduzir a espera nos atendimentos por médicos especialistas no SUS. Para o chefe do Executivo, falta uma “marca” de seu governo na Saúde.
A insatisfação com a ministra se aliou à pressão do Centrão, que quer mais espaço no governo federal. Lula não quer ceder a Saúde, principal alvo de cobiça, mas abre espaço dentro do Palácio do Planalto ao mandar Padilha para a pasta. O mais cotado para assumir a Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação com parlamentares, é o deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), apoiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Nísia nega
Após o fortalecimento do nome de Padilha para a Saúde, nesta semana, Nísia reagiu e declarou que não foi avisada sobre nenhuma troca. Em entrevista à CBN Maringá hoje, a ministra reiterou que fica no cargo.
“O presidente Lula afirmou na reunião com Portugal que ele não está colocando reforma ministerial na mesa, mas qualquer momento, como é natural nos governos, ele poderá fazer substituições. Continuo firme porque trabalho dentro do projeto apresentado pelo presidente Lula”, afirmou Nísia.
Tribuna Livre, com informações da Secom PR