Nova ministra assume articulação política, em busca de apoio ao governo no Parlamento, num momento de baixa popularidade de Lula. Ela prega união e afaga Haddad. Também empossado, Padilha promete reduzir tempo de espera de atendimento especializado no SUS
Em cerimônia dupla, os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, tomaram posse, nesta segunda-feira, no Palácio do Planalto. As mudanças efetivam a mais recente etapa da reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidiu aprofundar a presença do PT em seu projeto de governo.
Padilha ocupava até então a SRI. Já a deputada — agora licenciada — Gleisi Hoffmann comandava o PT havia oito anos e teve de deixar o cargo para entrar na equipe de Lula.
Padilha e Gleisi terão de atuar para entregar novas marcas do governo do presidente Lula, que amarga o mais baixo índice de popularidade dos seus três mandatos, e precisa melhorar a articulação de alianças de apoio ao chefe do Executivo, de olho nas eleições de 2026.
No discurso de posse, Gleisi disse que está aberta ao diálogo com o Parlamento. “Chego para somar. Foi essa missão que recebi e pretendo cumprir. Um governo de ampla coalizão, dialogando com as forças políticas do Congresso e com as expressões da sociedade, suas organizações e movimentos”, ressaltou. “Chego para colaborar com todos os ministros e as ministras, que coordenam suas respectivas áreas, respeitando os espaços e competências de cada um e cada uma, sob a liderança do presidente Lula. Tenho plena consciência do meu papel, que é da articulação política.”
Reunião
Antes da posse, Gleisi iniciou a nova função em um almoço com líderes do governo e do PT no Congresso. De acordo com fontes palacianas, o encontro foi uma forma de marcar o início de sua gestão e debater as pautas prioritárias entre Legislativo e Executivo. Estiveram presentes os líderes da Câmara, José Guimarães (PT-CE); do Senado, Jaques Wagner (PT-BA); e do Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), além de representantes do partido nas duas Casas, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
No discurso no Planalto, ela relembrou o trabalho de articulação política que realizou durante a campanha do presidente Lula, nas eleições de 2022. Aproveitou para agradecer ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelo trabalho na defesa da democracia, já que, à época, ele era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Quero aqui reconhecer o papel do ministro Alexandre de Moraes na defesa da democracia, e, agora, da soberania nacional. Respeitamos e temos relação com todos, mas o Brasil é dos brasileiros e das brasileiras”, declarou. A ministra relembrou o embate recente do magistrado contra a plataforma de vídeos Rumble, dos Estados Unidos, que se negou a cumprir medida judicial brasileira de combate às fake news. A rede social está suspensa no Brasil.
Gleisi também fez acenos ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com quem já protagonizou embates sobre a condução da política econômica. E citou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como prioridade do governo.
“Eu estarei aqui, ministro Fernando Haddad, para ajudar na consolidação das pautas econômicas deste governo, as pautas que você conduz e que estão colocando novamente o Brasil na rota do emprego, do crescimento e da renda”, destacou. Em resposta, Haddad acenou com a cabeça, em sinal afirmativo.
Promessas
Padilha, por sua vez, elencou as prioridades para o Ministério da Saúde e ressaltou que sua formação de médico auxiliará na missão. Ele prometeu acabar com a Tabela SUS (Sistema Único de Saúde), reduzir o tempo de espera nas filas, valorizar os servidores da área e criar órgãos de Estado para combater as próximas pandemias e epidemias.
“Volto para o Ministério da Saúde ainda mais cheio de energia do que na primeira vez. Chego com uma obsessão: reduzir o tempo de espera para quem precisa de atendimento especializado neste país. Todos os dias, vou trabalhar para buscar o maior acesso e menor espera para quem precisa de atendimento especializado”, afirmou Padilha. É a segunda vez que o deputado licenciado ocupa a pasta da Saúde, que comandou durante o governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014.
No ano passado, a então ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou o Mais Acesso a Especialistas, justamente com o objetivo de agilizar o acesso ao atendimento especializado, mas não houve resultados até agora. Isso virou um dos motivos de fritura dela.
Padilha disse que quer acabar com o modelo atual da Tabela SUS — lista que define os valores para procedimentos e materiais médicos, inclusive para os serviços privados e para os planos de saúde. “Teremos a coragem e a ousadia necessárias para superar esse modelo da Tabela SUS, enterrar de uma vez por todas, e criar um novo modelo”, enfatizou.
Ele informou que vai iniciar a mudança pelos procedimentos médicos que geram mais tempo de espera. A ideia, segundo disse, é sinalizar que o governo federal vai “pagar mais e melhor” para os hospitais e as instituições de saúde, incentivando o atendimento. Também afirmou que seu único inimigo será o negacionismo e que pretende promover um movimento de vacinação em massa no país.
O titular da pasta também cumprimentou representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que estavam presentes na cerimônia, e afirmou que o governo sempre apoiará as instituições internacionais — em meio aos cortes do financiamento aos organismos promovidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Relações Institucionais (SRI)