Agenda do governador na cidade inclui anúncio de R$ 150 mi para custear o setor e atenuar parte do rombo de R$ 200 mi causado pela gestão Morando
O líder do Palácio dos Bandeirantes é aguardado às 13h30 para cumprir agenda para inaugurar o Hospital da Mulher, que hoje concentra o atendimento apenas no térreo, e anunciar repasse de R$ 150 milhões para custeio da rede municipal.
O aporte será fundamental para buscar equilibrar a situação da rede de saúde municipal, que desde o começo do ano vive momentos de turbulência. O Diário tem relatado inúmeros casos de crise no setor: filas nos atendimentos, unidades de saúde fechadas, problemas estruturais e dívidas com fornecedores.
O Diário apurou que uma das maiores dívidas da área da saúde de São Bernardo é com a FUABC (Fundação do ABC), parceira da Prefeitura na gestão do setor. O passivo está em torno de R$ 200 milhões – e, conforme fontes do Diário dentro da Secretaria de Saúde de São Bernardo, pode alcançar a marca de R$ 360 milhões se nada for feito para mudar.
A verba de Tarcísio de Freitas para solucionar o impasse no governo Morando escancara também a falta de planejamento orçamentário da administração tucana. Isso porque o orçamento da Secretaria de Saúde de São Bernardo para este ano é R$ 1,24 bilhão, volume maior até do que a receita total das cidades de Ribeirão Pires e de Rio Grande da Serra.
CAOS
A crise na rede de saúde de São Bernardo tem sido acompanhada pela equipe de reportagem do Diário desde maio e revela problemas que vão da falta de medicamentos a UBS – no caso, a da Vila União – fechada por risco de desabamento, em claro sinal da falta de manutenção. A unidade foi parcialmente interditada pela Defesa Civil no dia 31 de março e ainda não foi reaberta para consultas. Segundo usuária, a informação de funcionários era de que o órgão faria vistoria nesta semana para avaliar a situação e a possibilidade de a UBS voltar a realizar consultas.
Entre todos os problemas estruturais levantados, um em especial tem prejudicado sobretudo internações e realização de cirurgias mais complexas. Reportagem publica no dia 1º de junho revelou que a Prefeitura e a FUABC decidiram fechar três alas do HC (Hospital de Clínicas) – no terceiro, sexto e oitavo andares – para reformas porque apresentavam infiltrações, vazamentos e pisos com elevação ou afundamento em alguns pontos, o que causava riscos de queda, tanto para pacientes quanto funcionários.
A medida levou ao fechamento de 110 dos 257 leitos para a realização dos serviços, sendo 20 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) – são 40. Os espaços também recebem nova pintura, mas não há previsão para reabertura das alas.
Outro problema enfrentado pelos usuários da rede é a falta de profissionais, quadro que poderia ser agravado caso processo de demissão que chegaria a 500 funcionários fosse concretizado. No entanto, foi interrompido após negociação de conciliação na Justiça do Trabalho.
O caos na rede municipal já foi alvo de pelo menos quatro representações de parlamentares no MP (Ministério Público), nas quais pedem que a situação seja apurada. Os problemas levaram a vereadora Ana Nice (PT) a protocolar, na Câmara, requerimento para que o secretário de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho, vá à Casa explicar os graves problemas por que passa o setor.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) estará hoje em São Bernardo para salvar o caos gerado pela administração do prefeito Orlando Morando (PSDB) na área da saúde.
FOTO: /GOVERNO DO ESTADO DE SP