Jales Java é acusado de ameaça, desobediência, desacato, fraude processual, porte de drogas e mais
Uma cena inusitada marcou a sessão da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) nesta terça-feira (15/7): um advogado que representa a si mesmo recitou poesia e jogou capoeira durante sua sustentação oral. O responsável pela performance foi Jales Java dos Santos Lacerda Caliman, que pedia o trancamento de uma ação penal contra ele e a exclusão de registros antigos no sistema do Judiciário goiano.
Acusado de ameaça, infração de medida sanitária, desobediência, desacato a funcionário público, fraude processual e porte de drogas para uso pessoal, Java Lacerda chegou a ser preso após se recusar a usar máscara na UPA de Ceres. No TJGO, o advogado alegou ser vítima de perseguição, disse que sua ficha criminal teria sido “fabricada” e usou da poesia para expressar sua defesa.
“Excelência, peço licença para falar com poesia, pois quando a lei é quebrada, a palavra ganha ousadia. Foi prisão de um advogado sem a OAB estar presente. Rasgaram a lei no ato, de forma mais que evidente”, declarou. Durante a sessão, o advogado recitou poesia e jogou capoeira no TJGO, chegando a entoar versos sobre resistência: “A gente leva rasteira, tem delas que vem pra matar. Mas quando a rasteira não mata, aproveite pra se levantar”.
Apesar da atuação pouco convencional, a 2ª Câmara Criminal do TJGO indeferiu todos os pedidos do advogado. A relatora e presidente do colegiado, desembargadora Rozana Camapum, afirmou que não cabe exclusão de dados verídicos e que a denúncia descreve adequadamente os fatos, seguindo entendimentos do STF e STJ.
Durante a sessão, Jales Java ainda alegou estar sendo ameaçado dentro do tribunal, relatando desconforto com a presença de policiais. A presidente da 2ª Câmara, no entanto, rebateu: “Aqui ninguém te persegue, doutor. Eu mesma só o conheci quando pediu uma audiência por videoconferência. É ilógico afirmar perseguição da Justiça, sendo que o senhor teve mais de 20 processos arquivados ou com absolvição”, disse Rozana Camapum antes de encerrar o julgamento.
Procurada, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informou que não comenta a forma adotada por profissionais para exercer a defesa na tribuna e que eventuais representações serão analisadas, sob sigilo, pelo Tribunal de Ética e Disciplina.
Mesmo com o tom poético e a exibição de capoeira, o episódio em que o advogado que representa a si mesmo recitou poesia e jogou capoeira no TJGO terminou sem sucesso nos pedidos jurídicos.
Tribuna Livre, com informações do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO)