23/11/2025

Israel anuncia trégua tática em Gaza para entrada de ajuda humanitária

Aviões da Jordânia e Emirados Árabes lançaram 25t de alimentos - (crédito: AFP)

Israel anuncia pausas táticas em ofensivas contra o território palestino para permitir a entrada de medicamentos e alimentos à população, que enfrenta desnutrição severa, segundo ONGs. Primeiro-ministro culpa o Hamas pela escassez

Israel começou, ontem, uma “pausa humanitária” nos combates em Gaza para permitir a passagem de medicamentos e alimentos por via terrestre. A trégua será diária, das 10h às 20h (horário local), nas áreas de Al Mawasi, Deir al Balah e na Cidade de Gaza, onde as tropas israelenses não operam. Além disso, o Exército organizará rotas entre 6h e 23h para garantir a segurança das caravanas da Organização das Nações Unidas (ONU) e de organizações não governamentais (ONGs).

Os primeiros caminhões cruzaram a fronteira do Egito, no sul do território palestino, e seguiram ao ponto israelense de Kerem Shalom, para serem inspecionados. Também foram retomados, ontem, os lançamentos de ajuda humanitária: três aviões da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos jogaram 25 toneladas de alimentos no enclave. Nas primeiras horas de domingo (sábado, em Brasília), o Exército israelense enviou pacotes de enlatados, farinha e açúcar a Gaza, por paraquedas. 

O diretor do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Tom Fletcher, comemorou o anúncio da trégua tática. “Celebramos as pausas humanitárias em Gaza para permitir a passagem de nossa ajuda. Estamos em contato com nossas equipes que estão lá, para que façam tudo o possível para alcançar o maior número possível de pessoas famintas”, escreveu no X.

Já uma porta-voz da agência das Nações Unidas Unicef criticou a resposta do governo israelense à fome severa no território palestino. “A ajuda que as famílias de Gaza precisam é imensa, vai muito além de simples pacotes de alimentos”, declarou Rosalia Bollen, sobre os sete lotes de ajuda enviados por paraquedas.

Negação

Israel nega há meses qualquer bloqueio à ajuda e afirma não ser responsável pela escassez de alimentos e remédios em Gaza, acusando o Hamas de saquear os carregamentos, e as organizações humanitárias de não os distribuírem. “Existem corredores seguros. Sempre existiram, mas agora é oficial. Não haverá mais desculpas”, declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

A ONU e outras ONGs, porém, denunciam restrições excessivas à entrada de ajuda no território sitiado. Ativistas tentam, sem sucesso, levar medicamentos e alimentos por mar, mas são interceptados pelo Exército. Ontem, as forças israelenses levaram o barco Handala, da coalizão Flotilha da Liberdade, ao porto de Ashdod. A embarcação foi confiscada no sábado em águas internacionais, e a tripulação, detida.

Desnutrição

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou ontem que a desnutrição está atingindo “níveis alarmantes” no território sitiado. Das 63 mortes relacionadas com a fome registradas em julho, 24 eram crianças com menos de 5 anos. “A desnutrição segue uma trajetória perigosa na Faixa de Gaza, marcada por um aumento nas mortes em julho”, afirmou o organismo internacional em um comunicado. Segundo a agência da ONU, o “bloqueio deliberado” à ajuda era “totalmente evitável e custou muitas vidas”.

“A maioria dessas pessoas foi declarada morta ao chegar aos centros de saúde ou morreu pouco depois, com sinais evidentes de emagrecimento grave em seus corpos”, assegurou a OMS. “A crise continua sendo totalmente evitável. O bloqueio e o atraso deliberados da ajuda alimentar, sanitária e humanitária em grande escala custaram muitas vidas”, acrescentou.

Quase uma em cada cinco crianças com menos de 5 anos na Cidade de Gaza sofre, agora, de desnutrição aguda, segundo a OMS. A agência das Nações Unidas afirmou que a porcentagem de meninos e meninas entre 6 e 59 meses com a saúde severamente afetada pela fome triplicou na cidade desde junho.

Em Khan Yunis e no centro de Gaza, essas taxas dobraram em menos de um mês, acrescentou a OMS. “É provável que esses números estejam subestimados devido às graves restrições de acesso e segurança que impedem muitas famílias de chegar aos centros de saúde”, segundo a OMS.

Tribuna Livre, com informações da Agence France Presse

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