09/08/2025

A ponte que será a maior do mundo e ligará a Sicília à Península Itálica

A Itália continental e a ilha da Sicília são separadas pelo estreito de Messina, no qual a ponte será construída - (crédito: Planet Observer/Universal Images Group vía Getty Images)

O projeto, que já havia sido tentado anteriormente, recebeu a aprovação do governo de Meloni.

O governo da Itália deu aprovação final para um projeto de 13,5 bilhões de euros (cerca de R$ 99,5 bilhões) para construir a ponte suspensa mais longa do mundo, ligando a ilha da Sicília à região da Calábria, na ponta da Península Itálica.

Os projetistas afirmam que a ponte — que será construída em uma das áreas com maior atividade sísmica do Mediterrâneo — será capaz de resistir a terremotos.

Esta é a mais recente tentativa das autoridades italianas de lançar o projeto da Ponte de Messina — várias tentativas foram feitas ao longo dos anos, mas os planos foram posteriormente descartados devido a preocupações com os custos, danos ambientais, segurança ou possível interferência da máfia.

A primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, admitiu que o projeto não tem sido fácil.

No entanto, ela afirmou na quarta-feira (06/08) que o considera um “investimento no presente e no futuro da Itália”.

“Gostamos de desafios difíceis quando eles fazem sentido”, disse Meloni.

Os benefícios do projeto

De acordo com o projeto aprovado, a ponte sobre o estreito de Messina vai ter 3,3 quilômetros de extensão, e vai se estender entre duas torres de 400 metros de altura, com duas linhas de trem no meio e três faixas de tráfego em cada lado.

Roma espera classificar a ponte como um gasto militar para que ela entre como parte da meta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de destinar 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para defesa.

O ministro dos Transportes, Matteo Salvini, líder do partido de direita Lega e aliado de Meloni, comemorou o marco, afirmando que o objetivo era concluir a ponte entre 2032 e 2033.

Ele também disse que a ponte geraria 120 mil empregos por ano e levaria crescimento econômico para a região. As regiões da Sicília e da Calábria são duas das mais pobres da Europa.

Além da ponte, o projeto contempla a construção de 40 quilômetros de estradas e ferrovias, explicou Salvini.

A previsão é de que seja cobrado um pedágio de menos de 10 euros (cerca de R$ 64) por carro para atravessar a ponte.

Obstáculos a serem superados

Mas o projeto ainda vai precisar ser aprovado pelo Tribunal de Contas italiano, assim como por agências ambientais, tanto a nível nacional quanto da União Europeia.

Os moradores locais de ambos os lados do estreito cujas propriedades podem ser expropriadas para o projeto também vão ter de ser consultados — e podem contestar legalmente a decisão, o que significa que a construção da ponte pode ser adiada ou até mesmo paralisada por completo.

Não seria a primeira vez que a construção da ponte é adiada. Desde que os primeiros planos foram elaborados, há mais de 50 anos, várias ideias tiveram que ser arquivadas por diversos motivos, e o projeto enfrenta forte oposição há muito tempo.

Isso incluiu temores de que enormes quantias de dinheiro dos contribuintes seriam desviadas pelas máfias da Sicília e da Calábria, que têm ampla influência sobre a política e a sociedade no sul da Itália.

Gabriele Maricchiolo/NurPhoto via Getty ImagesAlgumas pessoas protestaram contra o anúncio de quarta-feira

Na quarta-feira, alguns políticos locais reiteraram sua insatisfação com a decisão do governo.

O senador Nicola Irto, do Partido Democrático (PD), classificou o projeto de “controverso e divisionista”, afirmando que desviaria “recursos cruciais que seriam destinados ao transporte local, à infraestrutura, a escolas seguras e centros de saúde de qualidade”.

Giusy Caminiti, prefeita de Villa San Giovanni, perto de onde a ponte seria construída na costa da Calábria, disse que sua cidade seria gravemente afetada, e pediu mais tempo para as consultas.

O comitê popular da Calábria “Não à Ponte” criticou o anúncio de quarta-feira, argumentando que se tratava de uma manobra política, e não do resultado de uma avaliação técnica minuciosa.

Grupos locais que se opõem à ponte também afirmam que sua construção consumiria milhões de litros de água por dia, enquanto a Sicília e a Calábria lutam regularmente contra a seca.

Atualmente, a única maneira de os trens atravessarem o estreito é transportando os vagões em balsas, numa viagem de 30 minutos.

Tribuna Livre, com informações da BBC News

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