O automobilismo, um esporte tradicionalmente dominado por homens, tem visto um aumento significativo no interesse e participação feminina. Apesar de representarem apenas 4% dos pilotos profissionais no Brasil, segundo dados da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), o número de mulheres envolvidas no esporte, tanto nas pistas quanto fora delas, está em ascensão. Um exemplo notável é o crescimento do público feminino no Grande Prêmio da Fórmula 1 em São Paulo, saltando de 21% em 2021 para 37% neste ano.
A pilota Bia Figueiredo, de 40 anos, presidente da Comissão Feminina de Automobilismo e representante da FIA Women na América do Sul, destaca a mudança de cenário. Segundo ela, o interesse feminino pelo automobilismo cresceu à medida que as mulheres encontraram mais conexão com as pistas e passaram a ocupar espaços nas arquibancadas, nas equipes e, principalmente, atrás do volante.
Figueiredo, que compete na Copa Truck, é uma pioneira no automobilismo brasileiro. Ela foi a primeira brasileira a correr na Fórmula Indy, a primeira mulher a vencer na Firestone Indy Lights, e a única a vencer na Fórmula Renault e a conquistar uma pole position na Fórmula 3. Sua trajetória, iniciada aos oito anos de idade, abriu portas para novas gerações de pilotas.
Uma dessas pilotas é Rafaela Ferreira, de 20 anos, que se inspirou em Bia Figueiredo para seguir carreira no automobilismo. Rafaela, que faz parte da equipe Red Bull, tornou-se a primeira mulher a vencer na F4 Brasil e a conquistar uma pole position na Copa Brasil de Kart. Atualmente, ela participa da F1 Academy, uma categoria criada para desenvolver jovens pilotas e prepará-las para os próximos níveis do automobilismo.
A F1 Academy, que atende jovens de 16 a 25 anos, visa facilitar a transição da F4 para a F3, categorias onde atualmente não há mulheres competindo. Aurelia Nobels, de 18 anos e também pilota da F1 Academy, ressalta que a falta de oportunidade é um dos principais obstáculos para as mulheres no esporte. Aurelia, que competiu na F4 Brasil em 2022, foi a única mulher a participar da categoria naquele ano.
Outro nome promissor é Vicky Farfus, de apenas 14 anos, que obteve o quarto lugar no Mundial de Kart, o melhor resultado já alcançado por uma mulher no campeonato. Vicky, filha do piloto Augusto Farfus, é apoiada pela Iron Dames e integra o Young Program da F1 Academy. Bia Figueiredo a considera um dos maiores talentos femininos do automobilismo brasileiro, com potencial para alcançar a Fórmula 1.
A última participação de uma mulher na Fórmula 1 ocorreu em 1992, com a italiana Giovanna Amati. Ao longo da história, apenas cinco mulheres competiram na categoria. Rafaela Ferreira acredita que a falta de representatividade é um dos fatores que contribuem para a baixa proporção de mulheres no esporte. Para ela, a ausência de referências femininas na Fórmula 1 dificulta a criação de um desejo nas jovens de seguir carreira no automobilismo.
Apesar dos desafios, as novas gerações de pilotas permanecem otimistas e acreditam que uma mulher pode chegar à Fórmula 1 em um futuro próximo. Enquanto isso, elas continuam trabalhando para realizar seus sonhos e abrir caminho para outras mulheres no esporte. Aurelia Nobels expressa o desejo de não ser a única mulher a alcançar a Fórmula 1, mas sim de abrir portas para outras pilotas.
Fonte: forbes.com.br











