O Google iniciou testes de anúncios dentro do Modo IA de seu buscador nos Estados Unidos, reacendendo o debate sobre o futuro da publicidade na era da inteligência artificial. A funcionalidade, que permite aos usuários interagirem com a IA generativa do Google, já está disponível nos EUA desde março e chegou ao Brasil em setembro. A integração de anúncios nas respostas geradas pela IA levanta questões sobre a experiência do usuário e o modelo de negócios da empresa.
A empresa justifica a inclusão de anúncios como uma forma de apresentar opções relevantes aos usuários. Em seu comunicado, o Google exemplificou como um usuário buscando “como criar um site para uma pequena empresa com recursos limitados” poderia receber uma resposta completa, integrada com anúncios de serviços relacionados.
Para especialistas, a movimentação representa um ponto de inflexão no mercado de buscas. A inserção de anúncios, embora não seja totalmente inédita, ganha nova dimensão com a crescente importância da IA nas buscas online. A decisão estratégica coincide com o avanço do Gemini 3, que superou o ChatGPT em métricas de precisão e eficiência.
A introdução de publicidade no Modo IA é vista como uma decisão de negócios importante. Para Diego Ivo, CEO da Conversion e especialista em SEO, a medida faz sentido para assegurar o mercado sobre a continuidade dos anúncios, mas pode representar um desafio do ponto de vista do produto. A ausência de anúncios no ChatGPT, por exemplo, pode fortalecer a percepção de que ele é o assistente de IA do futuro.
Ivo também aponta para as diferentes necessidades entre as empresas. Enquanto a OpenAI, focada no ChatGPT, pode adiar a busca por lucro imediato, o Google precisa demonstrar a solidez de seu modelo de publicidade, que gerou US$ 264,59 bilhões em receita em 2024.
André Zimmermann, sócio-fundador da NetCos e da Ampliva, observa que a jornada de consumo de conteúdo está mudando, com mais usuários integrando a IA na navegação e na pesquisa. A entrada de anúncios no Modo IA é vista como mais um passo nessa transformação, onde as buscas com IA já reduzem o tráfego para páginas web.
Roberto Rodrigues, diretor de GenAI e Martech da Oliver Latin America, destaca que a transformação vai além da simples exibição de anúncios. A mudança representa uma transição da lógica de palavras-chave para a lógica de intenção em conversas. O Google, ao conectar seu inventário existente ao Modo IA, pode capturar a intenção em perguntas exploratórias que antes não geravam cliques.
A Geração Z e os Millennials se destacam como os públicos mais propensos a interagir com os anúncios no Modo IA. A Geração Z utiliza a IA para entender vantagens e desvantagens de produtos, comparar marcas e buscar preços e ofertas. Os Millennials, por sua vez, são mais propensos a usar a IA para resolver dúvidas técnicas sobre produtos e comparar marcas. Ambos os grupos já transferiram etapas fundamentais da jornada de compra para dentro da IA, tornando-os um público-alvo estratégico para a publicidade nativa em respostas generativas.
Fonte: forbes.com.br











