27/12/2025

Juros do crédito pessoal e cartão rotativo avançam para as famílias

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Em novembro, taxas médias sobem para famílias e caem para empresas

As taxas médias de juros cobradas pelos bancos subiram para as famílias e caíram para as empresas em novembro, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta sexta-feira (26), pelo Banco Central (BC). 

Nas operações de crédito livre para pessoas físicas, o destaque do mês foram os avanços de 5,5 pontos percentuais (pp) nas contratações de crédito pessoal não consignado, que subiram para 106,6% ao ano, e de 3,2 pp no cartão de crédito parcelado, que ficou em 181,2% ao ano. Também houve aumento de 0,7 pp na taxa do cartão de crédito rotativo, chegando a 440,5% ao ano.

Essa última modalidade é uma das mais altas do mercado. Mesmo com a limitação de cobrança dos juros do rotativo ─ em vigor desde janeiro do ano passado ─ os juros seguem variando, com redução de 5,4 pp em 12 meses para as famílias. Isso porque a medida visa reduzir o endividamento, mas não afeta a taxa de juros pactuada no momento da contratação do crédito.

O crédito rotativo dura 30 dias e é tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito, pagando a parcela mínima, por exemplo. Ou seja, contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu quitar.

Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito, com a modalidade do cartão parcelado. Nesse caso, mesmo com o aumento de novembro, também houve redução de 2 pp em doses meses.

Já para o crédito pessoal não consignado, que foi um dos destaques de aumento no mês, a alta dos juros em 12 meses chega a 7,3 pp.

No total, a taxa média de juros das concessões de crédito livre para famílias teve aumento de 0,9 pp em novembro, acumulando alta de 6,2 pp em 12 meses e chegando a 59,4% ao ano.

No caso das operações com empresas, os juros médios nas novas contratações de crédito livre tiveram redução de 0,6 pp no mês, e aumento de 2,8 pp em 12 meses, alcançando 24,5%.

Destaca-se, nesse cenário, a queda mensal de 0,7 pp nos juros de desconto de duplicatas e outros recebíveis, que ficou em 19,3% ao ano, e também a de 0,7 pp na taxa das operações de capital de giro com prazo superior da 365 dias, que chegou a 21,8% ao ano.

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado ─ com regras definidas pelo governo ─ é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 10,9% ao ano em novembro, com estabilidade em relação a outubro e aumento de 1 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa caiu 2,1 pp no mês e 0,7 pp em 12 meses, indo para 11,8% ao ano.

 Juros em alta

Com isso, considerando recursos livres e direcionados, para famílias e empresas, a taxa média de juros das concessões em novembro teve incremento de 0,1 pp no mês e de 3,5 pp em 12 meses, atingindo 31,9% ao ano.

Como esperado, a alta dos juros bancários acompanha o ciclo de elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, definida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o principal instrumento usado pelo Banco Central para controlar a inflação.

Ao aumentar a taxa, o BC visa esfriar a demanda e conter a inflação, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, fazendo com que as pessoas consumam menos, e com que os preços subam menos. A taxa básica de juros está no maior nível desde julho de 2006, quando estava em 15,25% ao ano.

Da mesma forma, o spread bancário apresentou alta de 0,3 pp no mês e de 2,5 pp em 12 meses. Ele mede a diferença entre o custo de captação dos recursos pelos bancos e as taxas médias cobradas dos clientes. O spread é uma margem que cobre custos operacionais, riscos de inadimplência, impostos e outros gastos e resulta, assim, no lucro dos bancos.

Desaceleração no saldo

Em novembro, as concessões de crédito chegaram a R$ 637,5 bilhões, com recuo de 6,6%. Nas séries sazonalmente ajustadas, elas caíram 1,4% no mês, com reduções de 2,2% nas operações com pessoas jurídicas e de 0,6% com as famílias. Em 12 meses, as concessões nominais cresceram 8,9%, com altas de 9,8% no segmento de pessoas jurídicas e de 8,3% para pessoas físicas.

Com isso, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 6,971 trilhões, um crescimento de 0,9% em relação a outubro. Esse resultado decorreu das expansões de 0,3% e de 1,2% das carteiras de crédito para pessoas jurídicas e famílias, respectivamente, cujos saldos fecharam o mês em R$ 2,606 trilhões e R$ 4,364 trilhões, na mesma ordem.

Em 12 meses, o estoque de crédito do SFN permaneceu em trajetória de desaceleração, com incremento de 9,5% ante 10,2% nos 12 meses até outubro deste ano.

O crédito ampliado ao setor não financeiro ─ que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de títulos ou dívida externa) ─ alcançou R$ 20,341 trilhões, com aumento de 1,4% no mês, refletindo acréscimos de 2,6% nos títulos públicos de dívida e de 0,8% nos empréstimos do SFN.

Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 11,2%, com avanços de 19,6% nos títulos públicos de dívida e de 9,2% nos empréstimos do SFN.

Endividamento das famílias

Segundo o Banco Central, a inadimplência ─ atrasos acima de 90 dias ─ foi de 3,8% em novembro, sendo 4,7% nas operações para pessoas físicas e 2,3% com pessoas jurídicas.

O endividamento das famílias ─ relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses ─ ficou em 49,3% em outubro, aumento de 0,2 pp no mês e de 1,2 pp em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,9% no penúltimo mês do ano.

Já o comprometimento da renda ─ relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período ─ ficou em 29,4% em outubro, aumento de 0,6 pp na passagem do mês e 2,2 pp em 12 meses.

Os dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Tribuna Livre, com informações do Banco Central (BC). 

Leia também
Novo salário mínimo injetará R$ 81,7 bi na economia, estima Dieese
Novo salário mínimo injetará R$ 81,7 bi na economia, estima Dieese
Consumidor pagará menos na conta de luz em janeiro
Consumidor pagará menos na conta de luz em janeiro
Após sete altas seguidas, dólar cai 0,95% e fecha em R$ 5,53
Após sete altas seguidas, dólar cai 0,95% e fecha em R$ 5,53
Reforma tributária: veja o que muda com o projeto aprovado pela Câmara
Reforma tributária: veja o que muda com o projeto aprovado pela Câmara
Entenda como a Receita Federal cruza dados do Pix
Entenda como a Receita Federal cruza dados do Pix
CMN amplia socorro a produtores afetados pelo clima
CMN amplia socorro a produtores afetados pelo clima
BC reforça regra de segurança cibernética de instituições financeiras
BC reforça regra de segurança cibernética de instituições financeiras
Meta de inflação de 3% é "injustificável", diz Cofecon, após BC subir juros
Meta de inflação de 3% é "injustificável", diz Cofecon, após BC subir juros
Ata do Copom defende manutenção da Selic em 15% por período prolongado
Ata do Copom defende manutenção da Selic em 15% por período prolongado
IGP-10: passagem aérea e energia sustentam inflação ao consumidor
IGP-10: passagem aérea e energia sustentam inflação ao consumidor
Selic no fim de 2026 passa de 12,25% para 12,13%, aponta Focus
Selic no fim de 2026 passa de 12,25% para 12,13%, aponta Focus
31346802-high-scaled-1
Bolsonaro mira centrão e conta com apoio de tarcísio em projeto nacional

Ataque de abelhas deixa duas pessoas feridas na Asa Sul

Uma pessoa foi levada ao hospital inconsciente em função da quantidade de ferroadas Duas pessoas ficaram feridas e foram levadas para o hospital após um ataque de abelhas na tarde desta sexta-feira (26/12) na Asa Sul (DF), área central do Distrito Federal. Um dos pacientes ficou inconsciente em função da

Leia mais...

Manchester United vence Newcastle pela Premier League

Dorgu marcou gol que colocou Red Devils na cola da zona de classificação para a Champions O resultado fez os Red Devils subirem para a 5ª posição na tabela, com 29 pontos. Com isso, o time de Manchester colou na zona se classificação para a Uefa Champions League. Esse não

Leia mais...

Olympique de Marselha faz sondagem por Jorge Carrascal, do Flamengo

O atacante Jorge Carrascal entrou no radar do futebol europeu. O atacante Jorge Carrascal entrou no radar do futebol europeu. Nesta semana, o Flamengo recebeu uma sondagem do Olympique de Marselha, da França, para buscar informações sobre a situação do jogador. A diretoria rubro-negra, no entanto, recusou inicialmente qualquer avanço

Leia mais...

Ataque com faca e spray deixa 14 feridos no Japão

Uma pessoa foi detida, segundo a imprensa japonesa Pelo menos 14 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira (16) em um ataque com arma branca em uma fábrica no centro do Japão, durante o qual um líquido não identificado também foi atirado em direção às vítimas. “Catorze pessoas foram levadas pelos serviços

Leia mais...

Zelensky anuncia que se reunirá com Trump em breve

Anúncio ocorre após a última rodada de negociações entre as delegações de Washington e Kiev ter resultado em um plano atualizado de 20 pontos para encerrar a guerra O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse nesta sexta-feira (26) que se reunirá em breve com seu homólogo americano, Donald Trump, como parte

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.