Vice do União Brasil deseja uma candidatura que agregue a centro-direita contra o PT e diz que peso de Bolsonaro nessa construção é “inquestionável”
O vice-presidente do União Brasil, ACM Neto (BA), afirmou, em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta 3ª feira (27.mai.2025), que a entrega dos 3 ministérios ocupados por indicação de seu partido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Turismo, Comunicações e Integração– seja debatida internamente logo que se formalize a federação União-PP.
“Eu defenderei que nenhum membro ocupe cargos no governo Lula”, afirmou o ex-prefeito de Salvador. “Com o passar do tempo e com a aproximação da eleição de 2026, não faz sentido ocupar cargos no governo, tendo em vista que nós não estaremos na aliança do PT e da provável candidatura à reeleição do presidente Lula. Não faz sentido ocupar cargos no governo se o projeto político é oposto a esse”, disse.
Questionado sobre a possibilidade de o União Brasil repetir 2022 e adotar uma postura de neutralidade em 2026, ACM Neto se colocou “completamente contrário” e reforçou a necessidade de construir uma candidatura alternativa. “É preciso afirmar a postura de oposição ao projeto do PT”, disse. “
O desejo agora é ter um candidato que, de preferência, seja alguém que represente o centro ou a direita e que possa enfrentar o presidente Lula nessa disputa”, declarou, repetindo as declarações do presidente de seu partido, Antônio Rueda, de que a federação União-PP não abrirá mão da Presidência ou da Vice-presidência em 2026.
Apesar dessa defesa, ACM Neto abriu a possibilidade da construção de alianças com o partido de Lula nos Estados. “Não creio que seja a expectativa de ninguém obrigar os Estados a seguir necessariamente uma diretriz nacional. Preferencialmente, sim. Obrigatoriamente, não. A depender de qual seja a equação, é preciso respeitar”, disse.
Sobre um eventual constrangimento que o desembarque do partido do governo pudesse provocar com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ACM Neto descartou qualquer possibilidade “Davi é presidente do Senado, ele tem o dever de liderar a instituição e, como tal, deve dialogar com o governo”, declarou. “São coisas completamente distintas”, afirmou.
MOVIMENTOS PARA 2026
Perguntado sobre o envolvimento de Jair Bolsonaro (PL) na construção de uma candidatura de oposição, ACM Neto reconheceu ser “inquestionável” o peso político do ex-presidente. “Ele é individualmente o maior eleitor da direita no país.
Não poderá ser desconsiderado na construção de um projeto como esse”, disse. Defendendo uma candidatura agregadora da centrodireita brasileira, ACM Neto declarou ser importante não fazer “imposições nem vetos” a priori. Mas ponderou: “O mais importante de tudo isso é encontrar um candidato viável e que não traga consigo um teto [de votos], porque está claro que, em 2022, quem decidiu a eleição não foi o PT nem a esquerda. Quem decidiu a eleição foi a rejeição”.
Questionado se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), configuraria uma opção mais viável que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o ex-prefeito evitou indicar preferências.
“Eu não vou fulanizar. Hoje a gente tem um nome, que é o governador Ronaldo Caiado —esse, hoje, é o nome que o União apresenta. Defendo que haja conciliação ampla lá na frente”, disse, acrescentando que acredita que os desentendimentos entre Caiado e Bolsonaro não devem atrapalhar a viabilidade do União Brasil. “Caiado não será um empecilho ao diálogo. Ao contrário, é um homem do diálogo, da política”, declarou.
CRÍTICAS AO LULA 3
Durante a entrevista, ACM Neto fez críticas ao 3º mandato de Lula no Palácio do Planalto. Para o exprefeito de Salvador, faltou compreensão do atual presidente de que não foi eleito pelo PT ou pelas esquerdas, mas por um eleitor que tinha uma rejeição maior a Bolsonaro. “Ele [Lula] virou as costas para esse eleitor. Lula governa com o PT e para o PT. E a versão Lula 3 é muito pior do que a 1 e a 2”, disse.
ACM Neto declarou que a tentativa de reeditar programas bem-sucedidos no passado foi um erro e que, por isso, a economia e a popularidade do governo não vão bem. “A gente vê um governo que cheira a mofo. Prometeram picanha e cerveja e estão entregando café, carne, ovo, com preço lá em cima”, afirmou.
Tribuna Livre, com informações da vice-presidência do União Brasil









