O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reconheceu que a indicação de seu conterrâneo Gustavo Feliciano para ministro do Turismo vai ajudar o governo na interlocução com o União Brasil. O chefe da Casa, no entanto, evitou se comprometer com apoio à campanha de reeleição do presidente Lula (PT), em 2026;
O que aconteceu
Feliciano foi a indicação do União Brasil para ocupar a vaga de Celso Sabino (sem partido-PA). O ex-ministro foi expulso da legenda, que dias depois cobrou a designação de outra pessoa para a pasta. O nome do paraibano foi definido em reunião entre o presidente da sigla, Antonio Rueda, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o presidente do PT, Edinho Silva,
Sabino representava a cota do União Brasil na Câmara. O ex-ministro e deputado foi indicado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), no início do governo Lula. Nos últimos meses, ele sofreu pressão do partido para deixar o ministério após a decisão da sigla de romper com o Executivo e determinar que todos os filiados entregassem seus cargos.
Auxiliares de Lula afirmam que Motta teve participação na escolha de Feliciano. O presidente da Casa esteve na reunião com Lula que oficializou o nome do novo ministro,
Em conversa com jornalistas, o presidente da Câmara afirmou que deu o testemunho favorável” sobre Feliciano. Motta disse que a chegada de seu conterrâneo poderá ajudar o Planalto na articulação política com o União Brasil.
“Ele foi um bom secretário no estado [Paraíba], tem uma boa relação política e penso que vai ajudar o governo nessa interlocução com o partido. O presidente foi feliz na escolha e dei esse testemunho acerca dessa indicação”
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.
Cedo para declarar apoio
Motta afirmou que, como presidente da Câmara, deve “proteger” a agenda de votações no plenário. Na avaliação do chefe da Casa, esse posicionamento é necessário para que a discussão “não seja contaminada única e exclusivamente pelo debate eleitoral”.
O presidente da Câmara disse que não vai manifestar sua opção pessoal por enquanto. Motta avalia que é melhor não tratar desse tema para conseguir conduzir o plenário com “mais imparcialidade”. E afirmou ainda que cada parlamentar, no momento certo, fará sua opção eleitoral.
“Se anuncio aqui apoio a A ou a B, tudo o que eu fizer a partir de aqui vai ser porque estou a favor de A e contra B. Tenho que ter esse equilíbrio e buscar atuar respeitando as lideranças partidárias”.
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.
Motta precisa de Lula no cenário eleitoral da Paraíba. Ele busca manter uma relação próxima com o governo. Além da reeleição para deputado, o presidente da Câmara trabalha para eleger seu pai, Nabor Wanderley, atual prefeito de Patos, a uma vaga ao Senado em 2026 e, para isso, precisa do palanque petista no estado.
Motta afirmou que enxerga o campo da esquerda unido em torno da reeleição de Lula. Na avaliação do presidente da Câmara, a direita vive um cenário de “indefinição” e que é natural que, com a proximidade das eleições, o dia a dia da Casa seja afetado pela disputa eleitoral.
“O cenário nacional interfere não só nas movimentações dos partidos como na dos parlamentares. Hoje, tem o campo da esquerda organizado em torno do presidente Lula. Tem discussão sobre vice, se mantém a chapa ou não. Ele está montando o tabuleiro em cada estado. E a direita, diante do julgamento do ex-presidente Bolsonaro e das recentes decisões, ainda está sem um cenário definido sobre quem vai disputar essa eleição”.
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.
“O presidente da Câmara afirmou que mantém uma relação de “profundo respeito e diálogo” com Lula. O paraibano disse também que mantém contato próximo com o petista”.
Temos conversado muito. Existe os altos e baixos, as discordâncias, mas o respeito não se perdeu, mesmo quando existiu essa divergência.
Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara.
O PT foi um dos maiores apoiadores da candidatura de Motta à presidência da Câmara. Ao longo do ano, viveu períodos de tensão com o Planalto, por tentar equilibrar as pautas do governo e da oposição. O republicano foi ainda acusado, por muitas vezes, de fazer mais acenos ao bolsonarismo e ao centrão, como a redução de penas aos presos nos atos do 8 de Janeiro e a PEC da blindagem, por exemplo. Após a aprovação do orçamento e de ajustes fiscais, o clima é de paz. Ao menos, momentânea.
Tribuna Livre, com informações do portal UOL










