João Paulo Rodrigues, coordenador do MST, refuta qualquer “retaliação” ao governo federal e declara que “as futuras mobilizações surgirão a partir das experiências da vida real da sociedade”.
João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, expressa sua opinião sobre a CPI, destacando que, na sua visão, uma CPI nunca é benéfica. Ele também refuta o argumento de que o movimento saiu fortalecido após o período de investigações. Rodrigues afirma que a CPI prejudicou o governo e forçou o MST a se mobilizar, suspendendo suas atividades. Ele faz uma distinção entre as ocupações de terra e os efeitos da CPI, enfatizando que responder a uma CPI com um relatório preconcebido foi desafiador e gerou confusão política no Congresso.
O relatório final da CPI, elaborado pelo deputado Ricardo Salles (PL-SP), que classificou o MST como uma “organização criminosa” não chegou a ser votado, pois havia o risco de derrota. Durante o funcionamento da comissão, o governo fez mudanças na composição dos membros e equilibrou as forças no colegiado.
Apesar de ser um aliado histórico do PT e do presidente Lula, o MST também critica o governo atual e suas ações em relação à reforma agrária. Eles reivindicam mais recursos para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e uma maior agilidade na aquisição de alimentos da agricultura familiar e produção dos assentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). João Paulo Rodrigues enfatiza a importância dessas questões e a necessidade de avançar nessas áreas.
O MST não planeja retaliações ou pressões em resposta à demora do governo em atender às políticas agrárias, mas continua focado em suas mobilizações “da vida real”. Eles estão preocupados com o ritmo do governo e esperam que as questões relacionadas à reforma agrária e ao apoio à agricultura familiar sejam tratadas de maneira mais eficaz.
A CPI do MST não teve um relatório oficial aprovado, mas revelou diferenças de opinião e abordagens entre os membros da comissão. O grupo oficial da CPI, ligado ao agronegócio, apresentou projetos de lei que visavam proteger os proprietários de terras e facilitar o acesso às armas. A bancada dos sem-terra apresentou um voto paralelo criticando a condução da CPI e destacando a importância dos movimentos sociais reivindicatórios no campo devido à pobreza e desigualdade social no meio rural brasileiro.
Tribuna Livre, com informações do MST