O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) suspendeu nesta quinta-feira (21) os contratos firmados com a Crefisa, responsável pelo pagamento de benefícios previdenciários em 25 das 26 regiões do país.
A medida foi tomada de forma cautelar após o recebimento de denúncias de coação, venda casada, mau atendimento e dificuldades no saque integral dos valores.
Com a suspensão, os novos aposentados e pensionistas — que ainda não começaram a receber — podem ficar temporariamente sem acesso ao benefício. O INSS garantiu que não há risco de perda dos valores, mas admitiu que a transferência dos pagamentos para outro banco ainda não tem data definida.
Quem já recebe a aposentadoria desde o ano passado não será afetado pela decisão.
Impacto para beneficiários
De acordo com o advogado Márcio Coelho, especialista em Direito Previdenciário, a medida atinge apenas quem começou a se aposentar neste ano. “Os contratos com a Crefisa entraram em vigor em 2025. Portanto, apenas os benefícios novos, que ainda não tiveram o primeiro pagamento, ficam suspensos”, explicou.
O presidente do INSS, Gilberto Waller, afirmou à CNN que a instituição não pode “continuar permitindo um verdadeiro calvário aos aposentados”, citando reclamações sobre falta de caixas eletrônicos, filas extensas e juros altos em empréstimos.
Reclamações em alta
Entre fevereiro e julho de 2025, a Crefisa recebeu 12.187 queixas no site Reclame Aqui, a maioria envolvendo cobranças indevidas e juros abusivos. O índice de satisfação caiu: apenas 57,2% das respostas foram consideradas satisfatórias pelos usuários.
Dados do Banco Central confirmam a tendência: a empresa acumulou 854 reclamações procedentes no 2º trimestre, alta de 62% em relação ao início do ano.
O que diz a Crefisa
Em nota, a Crefisa disse ter recebido a decisão com “surpresa” e negou irregularidades. Afirmou cumprir rigorosamente o contrato desde 2020 e que menos de 5% dos aposentados abriram conta-corrente na instituição, o que, segundo a empresa, prova que não houve coação nem venda casada.
A financeira informou ainda que investiu mais de R$ 1 bilhão em tecnologia e modernização e que “nenhum beneficiário deixou de receber valores desde o início da parceria com o INSS”.
E agora?
O INSS estuda transferir os novos pagamentos de forma automática para outro banco, mas não divulgou prazo. Até lá, especialistas recomendam que os novos aposentados aguardem.
“Não há motivo para desespero. O benefício está garantido. A questão é apenas operacional, até que seja concluída a mudança para outra instituição”, disse o advogado Márcio Coelho.
Tribuna Livre, com informações do INSS