Países da Liga Árabe e da Organização para Cooperação Islâmica se reúnem em Doha para avaliar revisão de relações diplomáticas e comerciais com o Estado israelense. Manifestação é resposta ao ataque contra negociadores do Hamas no Catar
Em uma manifestação articulada sem precedentes, lideranças de países árabes e muçulmanos pediram uma revisão das relações diplomáticas e econômicas com Israel. A medida seria uma reação ao ataque israelense contra chefes do grupo fundamentalista islâmico Hamas que se reuniam em Doha, no Catar, para debater um plano norte-americano de trégua em Gaza. O momento do chamado para a reavaliação dos elos com o Estado judeu é simbólico por ocorrer no dia do quinto aniversário da assinatura dos Acordos de Abraão — destinados a normalizar as relações entre Israel e diversos países árabes.
No esboço de declaração final da cúpula emergencial de 57 países da Liga Árabe e da Organização para Cooperação Islâmica em Doha, ao qual a agência de notícias France-Presse teve acesso, as nações pediram “a todos os Estados que tomem todas as medidas legais e eficazes possíveis para evitar que Israel continue suas ações contra o povo palestino, incluindo (…) revisar as relações diplomáticas e econômicas, e iniciar processos legais contra ele”.
Entre os países participantes, estavam os Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein, Egito, Jordânia e Marrocos, que reconhecem Israel. Entre os signatários dos Acordos de Abraão, os líderes de Emirados, Marrocos e Bahrein enviaram altos funcionários como emissários.
O emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, acusou Israel de tentar sabotar as negociações de paz, ao atacar os negociadores do Hamas, em Doha. “Quem trabalha de forma diligente e sistemática para assassinar a parte com a qual está negociando busca desestabilizar as negociações (…) para eles, as negociações não são mais que parte da guerra.”
Chefe da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil, o embaixador Qais Shqair explicou ao Correio que a cúpula “condenou conjuntamente a agressão brutal e flagrante de Israel contra o Estado irmão do Catar, um local soberano e neutro para mediação, juntamente com o Egito e os EUA, de um cessar-fogo que ponha fim aos seus crimes de genocídio, limpeza étnica, fome e cerco na Faixa de Gaza”.
“Ao reafirmar a necessidade de confrontarmos em conjunto os planos de Israel para impor nova fé consumada na região (…), junto ao reconhecimento do Estado da Palestina por muitos países na Europa, todos devem lançar luz sobre os desdobramentos positivos que enfrentam as políticas brutais e agressivas do governo israelense e encontrar a intenção de trazer paz à região”, observou Shqair.
Tribuna Livre, com informações do Embaixador Qais Shqair, chefe da Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil