03/12/2025

Assembleias Legislativas reagem ao STF e propõem PLs contra maconha

Foto: Reprodução

Movimento da direita em Assembleias Legislativas tenta reagir ao STF com projetos contra maconha, como multas de até R$ 28 mil ao usuário

Uma mobilização da direita tenta reagir ao Supremo Tribunal Federal (STF) e impor penas mais duras para o usuário de maconha. Com Projetos de Lei (PLs) de conteúdos semelhantes e espalhados em Assembleias Legislativas pelo país, já há iniciativas que tentam multar quem estiver com a droga em ao menos 11 estados e no Distrito Federal.

As propostas chegam a tentar impor cobrança de até R$ 28 mil para quem portar drogas ilícitas. Em Santa Catarina, um texto com essa ideia já foi aprovado e segue para o governador Jorginho Mello (PL), que já afirmou que vai sancionar.

O levantamento de propostas legislativas é semelhantes nas 26 Assembleias Legislativas dos estados e na Câmara Legislativa do DF. Ao todo, pelo menos 12 já têm projetos protocolados penalizando o usuário de maconha.

Esse movimento da direita teve início entre o fim de 2023 e o começo de 2024, copiando alguns poucos projetos que já existiam, mas que não tinham tido muita adesão. Foi neste período em que o ministro do Supremo André Mendonça devolveu ao Plenário da Corte a ação sobre a maconha, após pedir vista, em dezembro de 2023.

Após a decisão do STF pela descriminalização do porte individual de até 40g de maconha, em 26 de junho, houve maior pressão pela aprovação dos textos em todo o país. No caso de Santa Catarina, por exemplo, a proposta de lei aprovada agora, em julho, foi protocolada ainda em 2021, pelo deputado estadual Jessé Lopes (PL), mas teve forte apelo entre conservadores depois do entendimento dos ministros do Supremo.

Movimento coordenado

Nas Assembleias Legislativas de Santa Catarina, Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, as proposições com o mesmo teor são de políticos do Partido Liberal, de Jair Bolsonaro. A ideia paulista é a mais dura.

Gil Diniz (PL) quer tipificar o porte de drogas ilícitas como infração administrativa, com imposição de multa de até vinte salários mínimos, se o infrator for reincidente por mais de três vezes. Atualmente, o valor seria de R$ 28.240.

Já no Rio de Janeiro e em Goiás, as propostas que proíbem o “consumo pessoal de entorpecentes em locais públicos” estabelecem multa de R$ 400. No estado fluminense, uma proposta com teor diferente, mas também contra usuários, veda a concessão de benefício social a quem for flagrado usando droga. O texto é do deputado Anderson Moraes (PL).

Embora esse texto em específico seja distinto, a maior parte chega a copiar cada artigo do projeto de lei. O corpo do texto costuma ser o mesmo: “Dispõe sobre as sanções administrativas aplicadas pelo estado às pessoas que forem flagradas em áreas e logradouros públicos fazendo uso de drogas ilícitas em desacordo com determinação legal ou regulamentar, e dá outras providências”.

Alguns foram apresentados com apenas um dia de diferença. Em 17 de janeiro deste ano, a Assembleia Legislativa da Paraíba recebeu um desses textos. Um dia depois, outro chegou na Assembleia Legislativa do Paraná.

Em Câmaras Municipais, os PLs também se repetem. A deputada federal Rosangela Moro (União-SP) chegou a escrever nas redes, em resposta à notícia de aprovação do texto de Santa Catarina, que “esse exemplo pode ser seguido pelas Câmaras Municipais, para não tornar as cidades terras de porte de maconha”.

Constitucionalidade

Especialista em Direito Constitucional, Antonio Carlos de Freitas Jr lembra que cada proposição precisa ser analisada de forma única e minuciosa para que exista a avaliação sobre a constitucionalidade ou não das normas.

“O fato é que, quando o STF diz que não tem que ter uma questão criminal, ele afasta a legislação criminal, que é competência federal, só do Congresso Nacional, e permite que haja sanções no âmbito administrativo. Então, você tem, sim, um campo de atuação das Assembleias Legislativas. Mas não é só pela possibilidade de uma sessão administrativa que automaticamente todas as Assembleias têm competência.”

O mestre em Direito Constitucional pela USP diz ainda que é preciso verificar em cada projeto de lei se existe uma base temática para que a Casa tenha competência para legislar. “Maconha não é um tema de competência por si só, então, tem que ver qual bem jurídico se deseja defender para que veja se há exercício de competência constitucional.”

Tribuna Livre, com informações das Assembleias Legislativas dos estados e Câmara Legislativa do DF

Deixe um comentário

Leia também
logoMPDFT-1
Acompanhamento do mpdft revela avanços no atendimento da caesb
f1280x720-162955_294630_4933
Mpf contesta soltura de daniel vorcaro, dono do banco master
logo2-1
Adestradora é culpada por morte de pitbull e terá que indenizar tutor
f1280x720-163218_294893_5050
Vara de execuções penais estima progressão de regime para ex-presidente
logoMPDFT
Ministério público denuncia responsáveis por incêndio fatal em clínica
f1280x720-126564_258239_5050
São paulo registra recorde de feminicídios em 2025
logo2
Ministra assusete magalhães, aposentada do stj, recebe homenagem do tjdft
f1280x720-163748_295423_5050
Cnh sem autoescola: processo de habilitação ganha novas regras e opções
f1280x720-163640_295315_5050
Jovem morto por leoa sonhava em ser domador na áfrica
f1280x720-163632_295307_5050
Homem morre após invadir jaula de leoa em parque na paraíba
logoMPDFT-15
Mulheres negras marcham em brasília com apoio do ministério público do df
image-400-11e9b10b98b1126852744be986f84715
Encerramento do 5º enavip celebra saúde, história e define sede para 2026

Acompanhamento do mpdft revela avanços no atendimento da caesb

A Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão (PDDC) realizou uma visita à Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) nesta terça-feira, dia 2 de dezembro, em Águas Claras. O objetivo principal foi acompanhar de perto a implementação e o aprimoramento do atendimento oferecido aos usuários da companhia através de

Leia mais...

Mpf contesta soltura de daniel vorcaro, dono do banco master

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou recurso contra a decisão que concedeu habeas corpus a Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, e outros acusados. A medida judicial busca reverter a soltura dos investigados, ocorrida após deliberação de uma desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). A decisão da

Leia mais...

Presos por incêndio da clínica no Paranoá são postos em liberdade

Acusados de homicídio da Comunidade Terapêutica Liberte-se foram soltos após atuação da defesa, que afirmou ao Correio que tentará desclassificar a denúncia por homicídio aos cinco envolvidos: “Atribuição está equivocada” Após os resultados da perícia realizada pela Polícia Civil (PCDF) sobre o incêndio na Comunidade Terapêutica Liberte-se, os indiciados foram

Leia mais...

Amazon testa entrega ultrarrápida em seattle e filadélfia

A gigante do comércio eletrônico, Amazon, deu início a um projeto piloto ambicioso com o objetivo de revolucionar a experiência de compra online. O novo serviço de entregas ultrarrápidas, denominado Amazon Now, promete levar uma variedade de produtos essenciais diretamente aos clientes em um tempo surpreendente de 30 minutos ou

Leia mais...

As novas regras do imposto do mei a partir do ano que vem

Microempreendedores Individuais (MEI) podem vislumbrar mudanças significativas no regime tributário a partir do próximo ano. As exigências para se manter como pessoa jurídica perante a Receita Federal permanecem inalteradas, mas o teto de faturamento anual passará por um reajuste, impactando diretamente o Imposto de Renda (IR). A principal alteração reside

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.