04/06/2025

Ataque de Israel perto de centro de ajuda humanitária em Gaza mata 31 e fere pelo menos 150; o que se sabe

Centros de distribuição de alimentos na Faixa de Gaza foram palcos de cenas caóticas nos últimos dias - (crédito: Reuters)

Médicos e moradores disseram que um grupo de tanques atirou multidão reunida perto de um dos centros de distribuição de ajuda humanitária. Israel disse não confirmar mortes.

Trinta e um mortos e 150 feridos — este foi o saldo de um ataque de tanque israelense neste domingo (01/06) perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária em Rafah, no sul de Gaza, segundo relatos de médicos, moradores e do ministério da Saúde, administrado pelo Hamas.

Mohamed Ghareeb, jornalista em Rafah, disse à BBC que milhares de palestinos estavam reunidos perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária apoiado pelos EUA no domingo, quando tanques israelenses apareceram e abriram fogo contra a multidão.

Jornalistas e ativistas compartilharam imagens de corpos e feridos sendo transportados em carroças puxadas por burros para o hospital de campanha do Crescente Vermelha na área de Al-Mawasi, em Rafah, já que as equipes de resgate não conseguiram chegar ao local.

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) declararam não saber “se houve vítimas devido aos disparos” de suas tropas nas proximidades do centro de distribuição de ajuda humanitária de Rafah.

“O assunto ainda está sob análise”, disseram autoridades militares israelenses em um comunicado.

Em sua mais recente atualização sobre o assunto, as Forças de Defesa de Israel disseram que suas tropas “eliminaram dezenas de terroristas” e “desmantelaram aproximadamente 100 alvos de infraestrutura terrorista” em Khan Younis.

Tropas israelenses identificaram e atacaram “três terroristas que transportavam explosivos”, afirma a IDF.

Eles também “localizaram e desmantelaram uma rota subterrânea para um túnel terrorista com aproximadamente 30 metros de profundidade e 700 metros de comprimento” na mesma área, afirma.

Khan Younis está localizada no sul da Faixa de Gaza, ao norte de Rafah, de onde vêm os relatos do incidente de domingo em um ponto de distribuição de ajuda humanitária.

Órgãos de imprensa têm dificuldades de confirmar os números que estão sendo divulgados devido às condições limitadas impostas por Israel para jornalistas internacionais de organizações de mídia, o que inclui a BBC.

Israel não permite acesso independente ao território palestino, o que dificulta a verificação dos fatos.

O exército israelense afirma que suas tropas levam jornalistas em viagens escoltadas em Gaza para que pudessem reportar com segurança.

Jornalistas e profissionais da mídia palestinos têm reportado de dentro de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em outubro, mas dezenas foram mortos, feridos ou estão desaparecidos.

O jornalista Mohamed Ghareeb disse à BBC que uma multidão de palestinos se reunia perto da rotatória de Al-Alam por volta das 4h30, horário local (11h30 de sábado, no horário de Brasília), perto do centro de ajuda administrado pela controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglies), pouco antes de tanques israelenses aparecerem e abrirem fogo.

“Os mortos e feridos permaneceram no chão por um longo tempo”, disse Ghareeb.

“As equipes de resgate não conseguiram acessar a área, que está sob controle israelense. Isso forçou os moradores a usar carroças puxadas por burros para transportar as vítimas para o hospital de campanha.”

O centro de saúde também anunciou que estão sendo feitos esforços para transferir os feridos para o Hospital Nasser, em Khan Younis, para tratamento adicional.

O porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Bassal, disse à AFP que mais de 100 pessoas ficaram feridas “devido a tiros de veículos israelenses que atingiram milhares de cidadãos”.

O incidente destaca as condições humanitárias em Rafah, onde as recentes operações militares israelenses limitaram severamente o acesso à ajuda e aos serviços de emergência.

Ajuda perigosa

No sábado, multidões de civis famintos desesperadamente avançaram em direção aos caminhões de ajuda humanitária do GHF em Gaza, criando cenas caóticas, informou o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas.

O GHF, ou Fundo Humanitário de Gaza, é uma nova organização apoiada pelos EUA e por Israel que vem distribuindo alimentos em locais designados em Gaza. Israel implementou o plano após acusar o Hamas de roubar ajuda, uma alegação que o grupo nega.

O GHF afirmou ter distribuído dois milhões de refeições esta semana, uma informação que a BBC não conseguiu verificar de forma independente.

Desde que este polêmico plano de distribuição de ajuda humanitária começou na terça-feira (27/05), vários incidentes foram relatados. Na quarta-feira, pelo menos quatro pessoas foram mortas depois que uma multidão invadiu um dos armazéns de alimentos abertos pelo fundo.

Um dia antes, outra multidão de palestinos foi alvejada por soldados israelenses em outro centro de distribuição. Uma pessoa morreu e 48 ficaram feridas no ataque, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

Isso tudo acontece em um momento em que os EUA tentam negociar um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

O Hamas respondeu à proposta de cessar-fogo dos EUA declarando que está disposto a libertar 10 reféns israelenses vivos e 18 reféns mortos em troca de mil prisioneiros palestinos.

No entanto, o grupo também reiterou suas exigências por uma trégua permanente, a retirada completa de Israel de Gaza e garantias para a continuidade do fluxo de ajuda humanitária. Nenhuma dessas exigências está incluída no acordo em discussão.

O Hamas alegou ter apresentado sua resposta, acrescentando à proposta de Steve Witkoff, enviado especial do presidente americano Donald Trump para o Oriente Médio.

Witkoff afirmou que a proposta do Hamas é “inaceitável e só nos atrasa” e insistiu que o acordo com os EUA é “a única maneira de concluir um cessar-fogo de 60 dias nos próximos dias”.

Pelo menos 54.381 pessoas morreram em Gaza durante a guerra que eclodiu após o Hamas lançar ataques contra Israel em 7 de outubro de 2023, de acordo com o Ministério da Saúde do território.

Tribuna Livre, com informações da BBC News

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