Petistas e aliados deixam o bloco de Hugo Motta depois de manobra da oposição garantir maioria no colegiado.
A derrota do governo na disputa pelo comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS abriu uma nova crise na base aliada. Após a oposição conquistar a presidência da comissão, retirando o senador Omar Aziz (PSD-AM) da disputa e emplacando o senador Carlos Viana (Podemos-MG), o PT, o PCdoB e o PV decidiram deixar formalmente o “blocão” liderado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
O gesto foi oficializado em publicação no Diário Oficial da Câmara e simboliza uma resposta direta à ausência de articulação governista no momento decisivo da votação, que permitiu à oposição substituir nomes e garantir maioria na CPMI.
Para reduzir o desgaste, os aliados de Lula conseguiram indicar o deputado Duarte Jr. (PSD-MA) para a vice-presidência do colegiado. Ainda assim, a presença dele foi considerada insuficiente para compensar a perda do comando da comissão, vista como estratégica para o Planalto. Aziz havia sido indicado pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta, e integrava a base do governo.
O “drible” da oposição só foi possível graças à engenharia partidária criada na eleição da Mesa Diretora da Câmara. O chamado “blocão” reunia 475 dos 513 deputados em uma única aliança, agrupando partidos de espectros opostos, como PT e PL. A configuração, que inicialmente garantia força a Motta, acabou abrindo brechas para que a oposição tivesse protagonismo na CPMI.
Parlamentares governistas avaliam que a derrota no colegiado representa mais do que a perda de espaço de influência. O episódio escancara falhas na articulação política do Planalto e sinaliza um ambiente mais difícil para a tramitação de pautas de interesse do Executivo no Congresso.
Nos bastidores, líderes petistas admitem que a saída do bloco liderado por Motta foi uma tentativa de marcar posição e reduzir o desgaste junto à militância, que viu no episódio uma derrota simbólica do governo em uma comissão que deve gerar forte repercussão política e midiática.
Tribuna Livre, com informações da Base do Governo na Câmara