Após sair, rodeado por jornalistas, o ex-presidente critica o relatório da CPMI, evita responder sobre o depoimento de Mauro Cid e declara que conversou com militares sobre a GLO, deixando claro que não tinha a intenção de promover um golpe.
Após deixar o local, cercado por jornalistas, ele criticou a aprovação do relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) na CPMI de 8 de janeiro e admitiu ter discutido com membros do exército a possível decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) – mas enfatizou que não havia intenções golpistas envolvidas.
Em relação ao inquérito que investiga Meyer Negri, Bolsonaro reconheceu a troca de mensagens com o empresário. Ele declarou: “A maioria das mensagens que enviei era proveniente da própria imprensa. A opção dos advogados foi apresentar a defesa por escrito e continuar enfatizando a falta de competência do Supremo Tribunal Federal neste caso, uma vez que, de acordo com os advogados, deve ser tratado na primeira instância. Estamos sempre dispostos a colaborar”, afirmou.
Quando questionado pelos repórteres, o ex-presidente alegou desconhecer o conteúdo da delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, e evitou discutir uma suposta conspiração de golpe de Estado. Ele disse: “Não sabemos se é uma delação ou colaboração. Vocês têm me acusado de tentar um golpe desde janeiro de 2019, quando assumi a Presidência, e antes disso. Tanto é que o relatório da CPMI menciona eventos do século passado como supostamente golpistas”.
De acordo com o ex-presidente, havia a possibilidade de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante as eleições, em caso de distúrbios. Ele afirmou: “Sou responsável por tudo o que assinei”. Quando questionado se havia discutido com militares sobre um golpe em relação à posse de Lula, ele desafiou: “Você viu algum movimento de soldados por aí?”.
Na entrevista, Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente, reiterou várias vezes que as eleições são um “assunto encerrado” e tentou fazer Bolsonaro se retirar, mas acabou sendo repreendido por isso.
Novas ações Na próxima semana, o Tribunal Superior Eleitoral começará a julgar ações de investigação eleitoral que visam Bolsonaro e as lives realizadas em 7 de setembro do ano passado. Na terça-feira, o TSE rejeitou outras três ações que acusavam o ex-presidente e o vice na chapa de reeleição, Walter Braga Netto, de abuso de poder.
Duas dessas ações foram arquivadas nesta semana e foram apresentadas pelo PDT, enquanto a terceira foi apresentada pela coligação do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro foi acusado de utilizar a estrutura do Palácio do Planalto para realizar lives no YouTube com fins políticos e em benefício próprio. Outra acusação alegou abuso de poder por utilizar a estrutura do Palácio da Alvorada para se reunir com cantores sertanejos na véspera das eleições.
De acordo com a ação apresentada no TSE, a reunião com os artistas tinha como objetivo principal a campanha eleitoral e foi transmitida pela internet. As acusações foram avaliadas por meio de ação de investigação judicial eleitoral (Aije). O relator, ministro Benedito Gonçalves, considerou que não havia provas suficientes de irregularidades.
As três ações que estão na pauta foram propostas pela coligação do então candidato Lula, pela ex-candidata à Presidência Soraya Thronicke (União Brasil) e pelo PDT. O tema está na agenda da sessão do dia 24.
Tribuna Livre, com informações da Agência do Estado