ACM Neto e Sergio Moro prestigiaram governador de Goiás; já os presidentes da sigla, Antonio Rueda, e do Senado, Davi Alcolumbre, não apareceram.
Faltando um ano e meio para os eleitores irem de fato às urnas, a campanha presidencial de 2026 já começa a ganhar corpo. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou seu nome como pré-candidato ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira (4), em um evento em Salvador (BA).
O evento, no entanto, deixou evidente que, além da disputa externa com os demais partidos e aspirantes ao Planalto, há também batalhas a resolver no próprio União Brasil.
O presidente do partido, Antônio Rueda, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), não compareceram ao evento de Caiado.
O maior representante da sigla foi o vice-presidente nacional e ex-prefeito ACM Neto.
Caiado começou a pré-campanha nesta sexta recebendo um título de “cidadão baiano” – que havia sido concedido a ele pelo então deputado estadual e atual prefeito de Salvador, Bruno Reis, também do União Brasil.
Há dois dias, o governador tem cumprido agenda na capital baiana, fazendo reuniões com setores produtivos do estado (agricultura, indústria e comércio).
“Caiado começa aqui sua caminhada porque ele é um homem que tem coragem de fazer o debate. Chegará a qualquer canto do país para enfrentar o PT, para dizer que não aceita e não tolera a inflação que hoje corrói o salário principalmente dos mais pobres. Da dó de ver uma família ir à feira e o dinheiro estar contado”, afirmou ACM Neto.
Em seu pronunciamento, Caiado defendeu melhoria na atividade econômica, nos índices educacionais e principalmente na área da segurança pública.
“Nunca passei a mão na cabeça de bandido. Nunca fiz concessão a bandidagem desde que me entendo por gente. Quando eu falo de segurança pública não é porque é apenas uma das responsabilidades de governador. Eu falo porque no estado democrático de direito quando se tem segurança pública se tem gestão plena. É uma tema transversal. Quando eu assumi Goiás, o estado era a Disneylândia da criminalidade”, afirmou o agora pré-candidato.
O status de “pré-candidato” não é algo formalizado junto à Justiça Eleitoral. As candidaturas só serão registradas formalmente em 2026, dentro do calendário estipulado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Antes disso, qualquer cidadão pode se dizer candidato.
Políticos que já têm cargo público – como Caiado, atual governador de Goiás – podem mencionar a candidatura e exaltar suas próprias qualidades, mas não podem usar o mandato para fazer pedido explícito de votos, por exemplo.
Presentes e ausentes
O evento reuniu deputados federais, senadores e prefeitos. Pelo União Brasil, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Paulo Azi (Uniao-BA), era um deles, Assim como senador Sérgio Moro (Uniao-PR).
Estiveram presentes também figuras de outros partidos – o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), e o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), entre outros.
Três prefeitos de capitais comandadas pelo União Brasil estiveram na cerimônia. Além de Bruno Reis, compareceram Paulinho Freire, de Natal, e Sandro Mabel, de Goiânia.
Ainda assim, ganharam destaque as ausências dos principais caciques do partido – que evidenciam o racha interno na legenda.
De um lado, a ala considerada “mais governista” avalia que lançar uma pré-candidatura agora dificulta o relacionamento com o governo.
• O União Brasil tem dois ministros no governo: Juscelino Filho (Comunicações) e Celso Sabino (Turismo). O número chega a três com o ministro da Integração Nacional, Waldez Góes – que é do PDT, mas foi indicado ao posto por Alcolumbre.
Do outro lado, a ala “mais bolsonarista” do União Brasil prefere aguardar a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro – que está inelegível por decisão da Justiça Eleitoral, mas ainda se apresenta como pré-candidato ao Planalto em 2026.
Caiado defende ‘prévias’
A interlocutores, o governador de Goiás tem dito que não decidiu lançar a pré-candidatura da própria cabeça e que a decisão foi dividida com a cúpula do União Brasil.
Questionado, Caiado afirmou que o partido está “aberto a todos que quiserem disputar a prévia”.
“O partido não tem aqui a decisão de dizer quem pode e quem não pode. Aqui não é candidato de bolso de colete, aqui não é candidato de barra de saia. Aqui é candidato quem tiver proposta para poder apresentar junto à população”, afirmou.
“Quem tiver coragem, quem tiver independência moral, intelectual, se apresente. E quantos vierem. Não cabe ao presidente [do partido] hoje tomar parte de um candidato A ou de um candidato B. Cabe a cada candidato não ficar dependendo da sombra de A ou de B. O candidato tem que se apresentar, ir para as prévias. É isso que o União Brasil está fazendo”.
O lançamento com antecedência, diz Caiado, seria uma forma de superar o desconhecimento apontado nas pesquisas.
“Uma eleição não pode ser decidida em 60 dias, como é a campanha eleitoral hoje. Então precisa do período de prévia. Vou começar na Bahia e depois percorrer todo o Nordeste. Depois vou ao Sul, ao Sudeste e também ao Norte. Porque no Centro-Oeste já sou conhecido”, disse Caiado em almoço na Federação do Comércio da Bahia nesta quinta (3).
Tribuna Livre, com informações do G1