31/05/2025

Ciro Gomes e aliados se aproximam do bolsonarismo e PDT deve sofrer nova debandada

Candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

Ciro Gomes já recebeu convites para se filiar ao União Brasil e ao PSDB, que negocia uma fusão com o Podemos, e apoia nome do PL ao Senado em 2026

Pouco mais de um ano após a ruptura protagonizada por Cid Gomes, o PDT enfrenta um novo e profundo esvaziamento em seus quadros no Ceará. Desta vez, a sangria parte do grupo comandado por Ciro Gomes, irmão de Cid, que vem articulando uma movimentação de saída coletiva da legenda,

A primeira baixa será o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, figura central nas estratégias eleitorais ciristas, que deve oficializar sua filiação ao União Brasil até junho. O movimento abre caminho para que outras lideranças do grupo, inclusive o próprio Ciro, deixem o partido no segundo semestre.

A reconfiguração acontece em meio ao reposicionamento político do grupo de Ciro, que desde 2022 vem se afastando da aliança histórica com o PT e se aproximando cada vez mais da extrema direita e do bolsonarismo. Na última campanha presidencial, o ex-governador se apresentou como adversário direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com ataques duros e servindo de linha auxiliar de Jair Bolsonaro (PL). Desde então, seus aliados vêm flertando com blocos de oposição ao governo de Elmano de Freitas (PT) no Ceará.

Alinhamento com a oposição bolsonarista – Na semana passada, Ciro Gomes esteve na Assembleia Legislativa do Ceará acompanhado por deputados do PL e do União Brasil, partidos da base bolsonarista. Durante o encontro, declarou: “aceitaria ir para o sacrifício” de disputar novamente o governo do estado. A declaração, embora não interpretada como um anúncio oficial de candidatura, sinaliza um novo ciclo político e serviu como aceno ao campo conservador.

Em entrevista coletiva, Ciro reafirmou seu apoio a Roberto Cláudio como nome ideal do grupo para concorrer ao Palácio da Abolição. Ele também anunciou sua adesão à pré-candidatura do deputado Alcides Fernandes (PL), aliado de Jair Bolsonaro, ao Senado. A composição pode ainda contar com o ex-deputado Capitão Wagner, nome histórico da oposição ao PDT, como vice ou concorrente à segunda vaga de senador.

Tentativas frustradas de manter a unidade no PDT – Enquanto Ciro fortalecia articulações em Fortaleza, a bancada federal do PDT se reunia em Brasília na casa do deputado Mário Heringer. Ciro chegou a telefonar para o deputado André Figueiredo, buscando uma conciliação com o presidente do partido, Carlos Lupi, e defendendo uma posição oficial de oposição ao governo Lula. Mas não houve acordo: os parlamentares optaram por se declarar independentes.

A movimentação de saída do grupo de Ciro já é dada como inevitável dentro do PDT. Convites para que ele se filie ao União Brasil ou ao PSDB estão sobre a mesa. No caso dos tucanos, a articulação tem apoio do ex-senador Tasso Jereissati, que tenta atrair o ex-presidenciável para o projeto de fusão com o Podemos.

Impasses e resistência dentro do partido – Há, porém, obstáculos regionais. No Ceará, o Podemos é comandado por Bismarck Maia, pai de Eduardo Bismarck, atual secretário de Turismo do governo Elmano. A ligação direta com a gestão petista dificulta um eventual ingresso de Ciro no partido.

Mesmo entre os que ainda integram o PDT, há quem veja com bons olhos a eventual saída do ex-ministro. A avaliação de parte da cúpula é que Ciro se tornou um freio à renovação da legenda e que sua permanência bloqueia a emergência de novos quadros dispostos a disputar vagas na Câmara dos Deputados.

Por outro lado, dirigentes ligados ao núcleo histórico do partido criticam a debandada e consideram que os aliados de Ciro deveriam se manter no PDT, em especial após a legenda ter rompido com Cid Gomes em 2023, quando optou por ficar ao lado de Ciro. A decisão à época custou caro: 40 prefeitos e 18 deputados estaduais deixaram o partido, esvaziando sua base no estado.

Divergência entre os irmãos Gomes – O rompimento entre Ciro e Cid teve como ponto central a reaproximação de Cid com o PT e o governo Lula. Hoje, Cid é um aliado do Palácio do Planalto no Senado, enquanto Ciro se mantém em linha de oposição tanto no plano estadual quanto federal, caminhando agora para consolidar um novo bloco político ancorado na aliança com partidos conservadores.

Tribuna Livre, com informações do jornal O Globo.

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