Medida tomada pelos americanos será discutida em cúpula de Bogotá, juntamente com COP30
O deslocamento de navios de guerra americanos para a costa da Venezuela entrará na pauta da V Cúpula de Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), que acontece nesta sexta-feira em Bogotá, na Colômbia. A proposta a ser levada pelo Brasil é que, na declaração final, os líderes reforcem que o combate aos ilícitos, como tráfico de drogas, armas, garimpo ilegal, entre outros, tem que ser feito pelas nações da região.
Os Estados Unidos afirmam que querem combater o narcotráfico na América Latina e chamam o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de “chefe de cartel”. Os EUA anunciaram uma recompensa de US$ 50 milhões para a prisão de Maduro. Em meio ao aumento de tensão, o venezuelano afirmou que convocaria milhões de milicianos dispostos a defender o regime.
A conferência mundial sobre o clima, COP30, a ser realizada em Belém (PA) no próximo mês de novembro, é o tema central da cúpula desta sexta-feira na capital colombiana. Mas os movimentos militares americanos devem ser discutidos por meio de troca de impressões, sem uma declaração específica sobre o assunto, que vem sendo tratado com cautela por Brasília.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da cúpula. A expectativa é que, à margem do evento, Lula tenha uma reunião bilateral com Gustavo Petro, presidente da Colômbia.
A Casa Branca faz uma mostra de força com 4,5 mil marinheiros e fuzileiros, três navios de assalto anfíbio, três contratorpedeiros, um submarino de ataque nuclear, aeronaves P-8 Poseidon e outros meios de vigilância.
Na quinta-feira, confirmou-se que o Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima dos EUA — embarcado nos navios de assalto anfíbio USS Iwo Jima (LHD7), USS Fort Lauderdale (LPD-28) e USS San Antonio (LPD-17) — precisou suspender suas atividades e retornar à base naval em Norfolk, na Virgínia, devido aos riscos meteorológicos provocados pelo furacão Erin. Não está claro se os contratorpedeiros USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, equipados com o sistema Aegis de mísseis guiado, também tiveram de recuar, assim como os outros dispositivos que compõem a missão, prevista inicialmente para chegar perto da costa venezuelana na quarta-feira. A previsão agora de chegada do grupo anfíbio é domingo.
Interlocutores do governo Lula acompanham a movimentação e não descartam a possibilidade de uma intervenção direta dos EUA na Venezuela. Afirmam, ainda, que o aumento do fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil e a possibilidade de as embarcações entrarem no espaço marítimo brasileiro também são preocupantes.
Tribuna Livre, com informações da AFP