19/09/2025

Como a derrota do governo aumenta o apetite do Centrão na pauta econômica?

Derrotas do Governo no PL das Fake News e no Marco do Saneamento animaram ‘velhas raposas’ que buscam espaço na discussão fiscal.

A derrubada de pontos de decretos do presidente que alteravam o Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), acendeu todos os sinais de alerta no governo. A derrubada precisava de apenas 257 votos, mas o placar foi de 295. É o segundo revés do Planalto na semana. Sem a certeza de que o PL das Fake News teria votos suficientes paraaprovação e a pedido de deputados para maior tempo de análise, o deputadoOrlando Silva (PCdoB-SP), autor do projeto, pediu o adiamento da discussão do texto.

A depender da boa vontade do Congresso, a próxima dificuldade do governo será a aprovação do novo arcabouço fiscal. Quem sabe até a reforma tributária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê que a matéria será votada em até duas semanas. Relator do projeto, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) já apresentou para a equipe econômica um esboço do texto que irá ao plenário.

As dificuldades encontradas pelo Planalto no Congresso passam muito pela atuação de três figuras-chave do governo: Rui Costa (Casa Civil), Miriam Belchior (Secretária-Executiva da Casa Civil) e, principalmente, Alexandre Padilha (Relações Institucionais). Na semana passada, líderes de partidos da base tiveram um tête-à-tête sem rodeios com Padilha e deixaram claro que as próximas votações vão caminhar de acordo com as publicações no Diário Oficial da União — ou seja, mediante a liberação de cargos.

Padilha se defendeu e mostrou planilhas com datas de encaminhamento de nomeações para a Casa Civil, em despachos com o ministro-chefe Rui Barbosa e Miriam Belchior. “Minha parte foi feita”, disse, ao jogar a culpa aos colegas. Não colou. Um dos presentes rebateu e pediu que ele resolvesse isso. “Do contrário, vocês não terão vida fácil”, ouviu o ministro.

Costa e Miriam já não facilitam a vida de Padilha. Foram criados mais dois critérios para nomeações, além do emaranhado já existente: conveniência e oportunidade. Ou seja, só será nomeado o candidato que for conveniente e oportuno para o Planalto.

Um governo sem base e sem simpatia entre os parlamentares é a tempestade perfeita para o Centrão abocanhar mais uma fatia do poder. Como um bom tubarão, que sente cheiro de sangue à distância, o PP tenta convencer Ricardo Barros, ex-líder de Jair Bolsonaro na Câmara, a retomar o mandato de deputado federal. Secretário de Indústria no Paraná, Barros foi um dos artífices do Orçamento Secreto e relator da lei orçamentária de 2016. Presidente do partido, Ciro Nogueira acha que Barros, especialista em assuntos fiscais, pode ajudar o deputado Cajado na elaboração do relatório do novo arcabouço, mesmo que informalmente.

O governo, sem muito poder de convencimento, sabe dessas movimentações ao seu redor. Quem mais faz coro contra a volta de Barros é a presidente do PT, Gleisi Hofmann, por ele ter sido o líder do governo anterior na Câmara. Mas ele também foi líder nas gestões de Fernando Henrique Cardoso e vice-líder de Lula e Dilma.

Foto: André Borges/EFE
Fonte: https://veja.abril.com.br/economia/como-a-derrota-do-governo-aumenta-o-apetite-do-centrao-na-pauta-economica/

Deixe um comentário

Leia também
Minha casa minha vida (Tuca Melges - Estadão Conteúdo)
O Ministério das Cidades está preparando a aquisição de energia sustentável para os lares do programa Minha Casa, Minha Vida
SAUDE
Planos de saúde têm 900 queixas por dia; saiba o motivo
Vaca leiteira é preparada para exposição durante primeiro dia da Agroleite
Alto custo na criação de vacas causa prejuízo para produtores de leite
megasena
Uma aposta ganha prêmio de mais de R$ 40 milhões da Mega-Sena
Com justificativas vazias para aumentar cobranças, companhias aéreas veem reclamações explodirem
Com justificativas vazias para aumentar cobranças, companhias aéreas veem reclamações explodirem
Tebet: Precisamos achar recurso para pagar salário mínimo de R$ 1.421
Tebet: Precisamos achar recurso para pagar salário mínimo de R$ 1.421
Operação Guarujá
Presidente do TJ-SP suspende decisão que obriga todos os policiais da Operação Escudo a usar câmeras corporais
ECO
Banco do Brasil levanta quase US$ 1 bilhão para projetos ambientais
JUROS
BC volta a reduzir taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 12,75%
ECO
Shein cobre ICMS de compras de até US$ 50 a partir desta terça
BALANÇA
Exportações crescem 17,2% até a terceira semana de setembro, diz MDIC
DINHEIRO
Governo prevê recuperar R$ 46 bilhões em débitos da Dívida Ativa em 2024

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.