Uma falha de 5 segundos no sistema elétrico espanhol foi capaz de deixar o país sem luz durante mais de 8 horas
Às 12h33 da tarde de segunda-feira, 28 de abril de 2025, uma falha energética de apenas cinco segundos resultou na perda de 15 gigawatts de energia — o equivalente a 60% da demanda elétrica da Espanha naquele momento, segundo o primeiro-ministro, Pedro Sánchez. O apagão afetou grande parte da Península Ibérica, deixando milhões de pessoas sem eletricidade e paralisando serviços essenciais, como hospitais, transportes públicos e comunicações.
Em Madrid, o impacto foi imediato. As ruas se encheram de pessoas desconcertadas, tentando decidir se deveriam retornar para casa ou seguir para seus compromissos. Com o transporte público interrompido e os semáforos desligados, muitos optaram por caminhar. Os principais pontos turísticos da cidade, como o Palácio de Cibeles, sede do governo de Madrid, os arredores do Museu do Prado e a Puerta del Sol, ficaram lotados de pedestres.
Com os semáforos desligados e o transporte público inoperante, muitos ciudadanos recorreram a caronas espontâneas, estendendo o polegar na esperança de que motoristas solidários os levassem para casa ou para locais seguros. Aplicativos de transporte ficaram fora do ar devido à falha nas redes móveis, tornando a comunicação ainda mais difícil.
Apesar da situação, os espanhóis mantiveram seu espírito característico de “disfrutar”. Se sentaram nas calçadas para aproveitar o tempo, jogando cartas, lendo ou ouvindo rádio. A sensação era de uma viagem no tempo, com a palavra “rádio” se tornando uma das mais buscadas no Google no país. Lojas pequenas e já envelhecidas que vendem rádios viram filas se formarem em suas portas. Nas praças, quem possuía um aparelho amplificava o som para que todos pudessem ouvir as últimas notícias.
Nos hospitais, a escuridão foi combatida com a luz dos geradores de emergência. Unidades de saúde em todo o país ativaram seus planos de contingência para garantir a continuidade dos serviços essenciais. Cirurgias não urgentes foram adiadas, e os recursos foram direcionados para manter operacionais as áreas críticas, como unidades de terapia intensiva e equipamentos de suporte à vida. A ministra da Saúde, Mónica García, assegurou que o fornecimento elétrico nos hospitais foi garantido e que o contato com as comunidades autônomas foi mantido para avaliar a situação.
O transporte ferroviário foi paralisado, deixando cerca de 35 mil passageiros retidos em diferentes pontos do país. Em Madrid, estações como Atocha e Chamartín tornaram-se refúgios improvisados para milhares de passageiros que ficaram presos devido à interrupção dos serviços. Sem opções de transporte e com a cidade às escuras, muitos optaram por pernoitar nas estações, utilizando bagagens como travesseiros e compartilhando alimentos e informações com outros viajantes
A interrupção também afetou o tráfego aéreo. O Aeroporto Adolfo Suárez Madrid-Barajas ficou sem energia elétrica, o que resultou na interrupção de seus sistemas operacionais. Embora geradores de emergência tenham sido ativados, o tráfego aéreo foi severamente afetado, operando com apenas 20% da capacidade normal. Centenas de voos foram cancelados ou atrasados, deixando milhares de passageiros retidos nos terminais. Filas se formaram nos balcões de atendimento, e muitos viajantes passaram horas aguardando informações ou tentando remarcar seus voos.
A causa exata do apagão ainda está sendo investigada. Embora um fenômeno meteorológico tenha sido inicialmente descartado, as autoridades não excluem a possibilidade de um ciberataque, dada a crescente ameaça a infraestruturas críticas. No entanto, até o momento, não há evidências conclusivas que apontem para uma ação maliciosa.
Este evento sem precedentes expôs a vulnerabilidade do sistema energético espanhol, mesmo em um país que tem se destacado na transição para fontes renováveis. Em 2024, a Espanha gerou mais de 57% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis, como solar e eólica, um marco histórico que posicionou o país como líder global na transição energética.
Diante desse cenário, o governo espanhol reforça a importância de seguir informações oficiais e evitar especulações, enquanto trabalha para restaurar completamente o fornecimento de energia e identificar as causas da falha.
Tribuna Livre, com informações do Governo da Espanha