Deputado Luiz Lima (Novo-RJ) avaliou que o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes demonstrou confiança excessiva na defesa e afirmou que a trama de fraudes é ampla, com sinais claros de lavagem de dinheiro e envolvimento de diferentes esferas de poder
O deputado Luiz Lima (Novo-RJ) avaliou que o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, ouvido nesta quinta-feira (25/9) pela CPMI, revelou a confiança de quem se apoia em uma defesa milionária, mas não trouxe elementos novos que afastem as suspeitas de fraudes contra aposentados e pensionistas.
Ele afirmou que essa confiança se dá devido a poder financeiro do investigado. “O Careca está muito confiante nos advogados criminais que contratou. O Cleber Lopes é um advogado fenomenal, que já defendeu Chiquinho Brazão. Tem um poder financeiro muito grande que o Rubens não teve. Então ele tem um Pelé da advocacia criminal ao lado dele, confiante no esquema que montou, que envolve muita gente, envolve políticos, envolve o Judiciário, envolve o Executivo. É muita gente enrolada, envolve muitos recursos”, declarou. Confira vídeo da fala:
O parlamentar ressaltou que o caso é tão evidente que, em sua visão, nem seria necessária uma comissão de inquérito. “É claro que fica muito evidente, não precisa ser especialista, que não tem como dar certo um negócio que depende de roubo para acontecer. Noventa e sete por cento dos aposentados não autorizaram esses pagamentos. É uma lavagem de dinheiro com prestação de serviços que não acompanha a quantidade de filiados. Isso causa perplexidade. Se a gente vivesse em um país sério, nem precisaria ter CPMI, porque é muito evidente, declarou ele, ao Correio.
Luiz Lima destacou ainda a diferença de postura entre Antunes e outros depoentes. “Eu vi funcionários, delegados da Polícia Federal, defensores públicos e até ex-ministros nervosos. O Rubens, que foi funcionário do Careca, estava envergonhado. Já careca estava confiante, amparado. É muita criatividade para uma atividade que pode ser lícita ou ilícita, mas é muito difícil acreditar.”
Ao ser questionado se a CPMI tem conseguido extrair fatos novos, o deputado afirmou que o processo tem servido para revelar detalhes importantes da engrenagem. “Eu estou aprendendo muito com a história que está sendo revelada. Claro que há atores principais, mas também podem aparecer coadjuvantes que ajudem a desvendar o crime. Assim como na política, em que Lula e Bolsonaro foram deputados antes de chegarem à Presidência, aqui pode surgir alguém que traga novas revelações, comentou.
Para ele, a CPMI cumpre um papel pedagógico ao expor a complexidade da fraude, mesmo diante das limitações do processo. “O que estamos vendo é que esse não é um caso isolado. Existe uma engrenagem sofisticada de lavagem de dinheiro que se retroalimenta. E a comissão, ao trazer isso a público, mostra à sociedade como o crime se infiltra em diferentes instâncias do poder”, completou.
Tribuna Livre, com informações de membro da CPMI do INSS