Conselho
vai apurar se o atendimento ‘transgride a ética médica’
Cremego apura conduta de médico após morte de
idoso que tinha sido dado como morto por engano (Foto: Reprodução – Arquivo
Pessoal)
O Conselho Regional de Medicina do Estado de
Goiás (Cremego) vai apurar a conduta do médico e de outros profissionais
supostamente envolvidos no caso do idoso de 62 anos que foi dado como morto
enquanto ainda estava vivo. O idoso morreu dois dias depois.
O médico envolvido no caso foi afastado e a
Polícia Civil segue investigando o fato. “O Conselho Regional de Medicina do
Estado de Goiás (Cremego) tomou conhecimento do caso pela imprensa e vai apurar
se a conduta de médicos envolvidos no atendimento transgride a ética médica”,
disse a entidade em nota.
José Ribeiro da Silva foi dado como morto na
terça-feira (29), no Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu.
Contudo, segundo a irmã do idoso, Aparecida Ribeiro da Silva, após ser dado
como morto, José ficou em um saco plástico por 5h, foi levado a uma funerária
em Rialma, onde um funcionário descobriu que ele estava vivo. Ele foi levado
para outra unidade de saúde na mesma cidade, onde morreu na quinta-feira (1º).
O Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano
(HCN) informou que uma sindicância foi instaurada para apurar o caso e que o
médico Lucas Campos, que fez o atestado, foi afastado. A defesa do profissional
informou que vai se manifestar apenas para os órgãos responsáveis pelas
investigações.
Morto por engano
José fazia tratamento contra um câncer na
garganta desde o início deste ano. Segundo a irmã, entre quimioterapia e
internações, o homem foi internado pela última vez no dia 23 de novembro, na
unidade de Uruaçu. Ele ainda havia passado por uma traqueostomia e se
alimentava por sonda. Ele teria apresentado uma piora na última sexta-feira
(25).
A notícia da morte de José ocorreu por volta
das 20h de terça-feira (29). José teve o corpo colocado dentro de um saco usado
para remoção de pessoas mortas e levado pela funerária para Rialma, cidade
natal da família. Quando o saco foi aberto para que ele fosse preparado para
velório e enterro, funcionários perceberam que José estava vivo, com olhos
abertos e respirando com dificuldade.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu) foi chamado e constatou que ele estava vivo. O idoso foi encaminhado
para o Hospital de Rialma em estado gravíssimo e com instabilidade clínica. Ele
recebeu o atendimento necessário e foi transferido em estado grave para uma UTI
em Ceres na noite de quarta-feira (30).
Idoso morreu
Dois dias depois de ter sido dado como morto e
ainda estar vivo, na última quinta-feira (1º), o auxiliar de serviços morreu. O
corpo de José Ribeiro foi enterrado em Rialma, no norte goiano.
O delegado Peterson Amin informou que a causa
da morte foi hipotermia. O fato deverá agravar a responsabilidade do médico que
atestou a morte de José por engano. Isso porque, depois que o idoso foi
declarado morto de maneira equivocada, foi levado para uma câmara fria e
colocado dentro de um saco para manter a temperatura baixa.
“A causa da morte sendo hipotermia aumenta a
responsabilidade do médico, por isso a gente vai alterar a tipificação do
inquérito, que antes estava como tentativa de homicídio, hoje, está como
homicídio consumado, por dolo eventual”, explicou.