São Paulo – Um dos sonhos de Lavínia Machado Cruvinel Lacerda, de 10 anos, é poder vestir um moletom sem passar mal, por causa do excesso de calor que sente, não importa a estação do ano. A menina foi diagnosticada com cardiomiopatia hipertrófica, quando tinha apenas seis meses e o calorão é um dos sintomas da doença cardíaca.
Nascida em Medeiros, cidade do interior de Minas Gerais com cerca de quatro mil habitantes, a menina convive desde então com um coração que se desenvolve em excesso. De acordo com a literatura médica, a doença afeta uma a cada 500 pessoas, em diferentes níveis de comprometimento.
Os portadores de cardiomiopatia precisam fazer acompanhamento médico periódico e controlar a doença com remédios. Nos casos mais graves, um novo coração é necessário e apenas um transplante resolve.
Essa é a situação de Lavínia, que procura manter o alto astral apesar da rotina regrada. Vídeos e fotos do cotidiano nos hospitais são compartilhados no Instagram. A criança usa o perfil na internet para conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos.
“Usei minha conta pessoal, que tinha umas duas mil pessoas, para compartilhar a campanha de minha filha. Em dois meses, o número de usuários aumentou muito, para uns 35 mil”, conta a mãe da garota, a dentista Michele Cristina Machado Cruvinel Lacerda, de 40 anos.
Quanto esta reportagem foi publicada, o perfil @coracaoparalavinia estava com 36,2 mil seguidores.
Mudança para Belo Horizonte
A doença começou a se mostrar mais presente, interferindo na rotina da criança, quando ela tinha três anos. Nessa época, Lavínia teve seu primeiro desmaio, provocado por uma disritmia, e precisou colocar um marcapasso.
Além do dispositivo no coração, começou a tomar medicamentos. Isso, porém, não foi suficiente para brecar a doença.
Os desmaios começaram a ficar mais frequentes até que, em abril de 2022, ela precisou ser internada emergencialmente, por cinco dias, em Belo Horizonte (MG). A família toda se mudou para a capital mineira, onde a garota passou a ter acesso a uma estrutura mais adequada para atendê-la.
Antes do agravamento da doença, Lavínia já não conseguia fazer atividades simples para uma criança de sua idade, como correr, ir às aulas de educação física, ou mesmo caminhar na praia.
“O pai dela a levava no colo, de onde ficávamos hospedados, até a praia, para ela não passar mal com o esforço. Todas as viagens que fazíamos eram pensadas e programadas para respeitar os limites físicos da Lavínia”, conta a mãe da menina.
Segunda mudança, agora para a UTI
Após o primeiro tratamento em Belo Horizonte, a menina ficou cerca de sete meses bem, até que teve mais uma grave intercorrência e precisou ficar mais 15 dias internada. Lavínia estava deitada, quando pediu ajuda para a irmã, afirmando que estava sentindo náuseas e muito calor. Esse sintomas ocorriam quando a menina fazia algum esforço para se movimentar, mas nunca haviam ocorrido com ela em repouso. Quando os pais foram acudi-la, ela desmaiou. Foram todos para o hospital, onde a criança teve uma parada cardíaca.
Fonte: Metrópoles