31/05/2025

Crianças com tumores de Wilms no Hospital da Criança alcançam uma taxa de cura de 90%.

Géssika Dourado e a filha, Débora, curada de um câncer no rim, conhecido como tumores de Wilms | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Para pacientes com leucemia, a taxa de sobrevida no Hospital da Criança é de 85,7%, consolidando a instituição como uma referência nacional no tratamento do câncer infantil.

Retornar ao Hospital da Criança de Brasília (HCB) como visitante gerou um turbilhão de emoções para a professora Géssika Dourado, 33 anos. Após cinco longos anos de tratamento, ela sente gratidão por finalmente poder afirmar que sua filha Débora, agora com 11 anos, está curada de um câncer no rim, conhecido como tumores de Wilms.

Anualmente, o HCB recebe em média cerca de 40 pacientes com leucemia e 12 com tumores de Wilms. O hospital dispõe de 200 leitos para todas as especialidades, incluindo 56 de UTI. Na rede pública de saúde do Distrito Federal, todos os pacientes com câncer infantil são tratados pela instituição.

Graças à excelente competência da equipe médica e aos equipamentos de última geração, o HCB registrou um aumento na sobrevida das crianças diagnosticadas com tumores de Wilms. Dados de 2018 a 2023 indicam que 90% das crianças com tumores de Wilms tratadas no Hospital da Criança não tiveram recorrências em cinco anos após o término do tratamento da doença.

Débora faz parte dessa estatística. “Hoje posso dizer que minha filha está curada”, disse emocionada a mãe. A pequena contraiu a doença ainda na barriga da mãe em 2012, algo que era desconhecido pela medicina até então. “Durante o pré-natal, detectaram algo no rim, mas só diagnosticaram com Wilms, estágio 3, dois meses após o nascimento dela, o que é muito agressivo para a idade”, relatou Géssika.

A partir desse momento, começou uma corrida contra o tempo, com visitas semanais aos hospitais de Base e da Criança, internações, quimioterapia, cirurgias e uma infecção por KPC (superbactéria) no meio do caminho. O otimismo e a fé foram cruciais para que os pais de primeira viagem confiassem no tratamento realizado pela instituição, que hoje é considerada referência no país.

O HCB foi estabelecido em 2011 por meio de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). Destinada a atender exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição é administrada pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe).

“O Wilms é o único tumor cujo tratamento é iniciado antes mesmo da biópsia. O diagnóstico é feito por exame de imagem. A criança precisa passar por uma cirurgia para remover a peça a ser examinada e, então, iniciar um novo tratamento”, explicou a médica oncologista e hematologista pediátrica, diretora técnica do HCB, Isis Magalhães.

Atualmente curada, Débora está há mais de cinco anos sem a necessidade de tratamento. As visitas ao HCB ainda são apenas para acompanhamento, a cada dois anos. “O atendimento no hospital foi extremamente importante porque nós nem imaginávamos que um bebê poderia nascer com câncer”, destacou Géssika.

Questionada sobre como se sentiu ao retornar ao Hospital da Criança, Géssika respondeu emocionada: “Sinto muita gratidão, porque naquela época vi crianças morrendo. Cheguei até a pensar que ela não sobreviveria, pois muitas coisas aconteceram durante o tratamento.” Ela completou: “Sempre que venho ao hospital, é uma mistura de emoções. Lembro do que passamos, vejo tantas mães na mesma situação e saio feliz por termos superado tudo isso”.

Recomendações como alimentação saudável e ingestão abundante de líquidos são orientações que Débora precisará seguir pelo resto da vida, mas nada disso se compara às dificuldades enfrentadas durante o tratamento. “Não me lembro de nada do que aconteceu. Mas tento imaginar o que minha mãe passou comigo. A vejo desesperada, triste e ansiosa. Como não tenho um rim, preciso beber muita água e comer bem, mas sempre ganho uma recompensa da minha mãe por isso”, disse a garotinha.

Referência

A história de Débora é mais uma fonte de orgulho para o Hospital da Criança de Brasília. A instituição é referência não apenas no tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA), a forma mais agressiva e rara de câncer infantil, mas também da leucemia linfoide aguda (LLA), a neoplasia maligna mais comum na infância. No caso dessa doença, o HCB registrou uma taxa de sobrevida de 85,7% entre os pacientes.

O HCB foi estabelecido em 2011 por meio de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). Destinada a atender exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição é administrada pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe).

“Temos uma equipe de oncologistas e hematologistas, além de psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, dentistas, nutricionistas, psiquiatras e terapeutas ocupacionais. Cada um tem uma expertise maior em determinado tumor, daí a importância de uma equipe multidisciplinar”, enfatizou Isis Magalhães.

Tribuna Livre, com informações do Hospital da Criança de Brasília (HCB)

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