04/08/2025

Crise à vista: Congresso retoma trabalhos com pressão sobre Motta e Alcolumbre

TENSÃO - Motta e Alcolumbre: pressão por reação imediata às investidas do Executivo e do Judiciário (Pedro Ladeira/Folhapress/.)

Sanções da Casa Branca e cabo de guerra entre PT e PL por anistia, impeachment e cassação não darão vida fácil aos chefes.

Interlocutores dos presidentes da Câmara e do Senado preveem uma “crise sem precedentes” na retomada dos trabalhos parlamentares após o período de recesso, na próxima semana. Eleitos com o apoio do PT de Lula e do PL de Jair Bolsonaro, Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) serão pressionados pelas duas turmas a reagir após o tarifaço e a Lei Magnitsky determinados pela Casa Branca. Numa equação praticamente impossível de ser fechada, é esperado que algum lado saia insatisfeito.

Por ordem do dirigente do PL, Valdemar Costa Neto, as lideranças do partido vão tentar se reunir com os dois comandantes para retomar a carga pelo avanço do projeto da anistia e da proposta que extingue o foro privilegiado em casos envolvendo o cometimento de crimes comuns, limitando a ação da Suprema  Corte. No mesmo dia em que as decisões foram expedidas pelo governo americano, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) protocolou um novo pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

Como é sabido, tanto Motta quanto Alcolumbre resistem a dar aval a qualquer ação retaliatória contra os magistrados – o que causa indignação entre seus eleitores bolsonaristas. “Se o Senado tivesse cumprido o papel no freio e contrapeso das arbitrariedades, não chegaria a esse ponto. Mas eles são chantageados. O sistema político brasileiro permite que os presidentes das Casas fiquem sofrendo chantagens do Supremo”, disse a VEJA o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante.

O futuro do filho Zero Três Outro problema latente envolve o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente que se mudou para os Estados Unidos num empenho anunciado de alcançar as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Após a confirmação da Magnitsky, o Zero Três foi às redes sociais para dizer que tinha a sensação de “missão cumprida”, mas que esse é só o começo da jornada.

Sem nenhuma contenção, o parlamentar que no passado ganhou notoriedade por defender fechar o Supremo com um “cabo e um soldado” descarregou ameaças a quem caminhar ao lado do ministro. “Temos a certeza de que os Estados Unidos estarão atentos às reações públicas, institucionais – ou até privadas – de cada autoridade brasileira. O custo de apoiar Alexandre de Moraes, seja por omissão, cumplicidade ou conveniência, será insuportável. Para os indivíduos e também para suas famílias. Chegou a hora da escolha: estar com Moraes ou com o Brasil”, registrou Eduardo, que é investigado no Supremo por tentar obstruir as investigações contra o seu pai.

O comportamento do filho Zero Três, apontado como o principal articulador das sanções ao Brasil, rachou a base política de seu pai. Nos últimos dias, Eduardo entrou em rota de colisão com o deputado Nikolas Ferreira e com os governadores Ratinho Júnior, do Paraná, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo. Ao menos por ora, interlocutores do Centrão não se mostram muito dispostos a aderir a qualquer movimento para ajudar o Zero Três.

Uma nova oportunidade ao governo Lula Na avaliação de interlocutores do governo Lula, o espírito de corpo em torno dos comandantes do Congresso deve prevalecer após Eduardo sinalizar que Motta e Alcolumbre também poderiam acabar sendo punidos pela lei americana. Como reação, um articulador palaciano disse apostar no isolamento dos radicais no início deste segundo semestre.

Da crise à oportunidade, os governistas avaliam que o desgaste pode ajudar a reconstruir pontes com o Parlamento, cuja relação ficou fragilizada antes do recesso em meio à crise do IOF e após o veto ao aumento do número de deputados. Faltando catorze meses para as próximas eleições, Lula corre para aprovar medidas como a PEC da Segurança e a ampliação da isenção do imposto de renda, além do projeto, ainda a ser apresentado, que tentará mitigar os efeitos do tarifaço de Trump.

O que dizem Motta e Alcolumbre

Em nota divulgada na última quarta-feira, 30, o presidente da Câmara limitou-se a dizer que “como país soberano não podemos apoiar nenhum tipo de sanção por parte de nações estrangeiras dirigida a membros de qualquer Poder constituído da República”. “Isso vale para todos os parlamentares, membros do Executivo e ministros dos Tribunais Superiores”, acrescentou Hugo Motta.

 O presidente do Senado também endossou o apoio ao Supremo. “Reafirmo a confiança no fortalecimento das nossas instituições, entre elas o Poder Judiciário, elemento essencial para a preservação da soberania nacional, que é inegociável. O Congresso Nacional não admite interferências na atuação dos nossos Poderes”,

Tribuna Livre, com informações da  Revista Veja

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