O motorista do veículo não comprovou origem do montante e foi
encaminhado à sede da Polícia Federal do Pará
(crédito:
Divulgação / PRF)
A Polícia Federal do Pará trabalha com a hipótese de
crime de lavagem de dinheiro no episódio em que um motorista foi pego com R$
2,5 milhões em dinheiro vivo. O homem, de 49 anos, tem credenciais que lhe dão
acesso ao Congresso Nacional e dirigia um veículo com placa do Distrito
Federal.
A localização da bolada, dividida em cédulas de R$ 100
armazenadas em caixas de papelão, se deu após equipes da Polícia Rodoviária
Federal (PRF) parar o condutor em uma fiscalização de rotina no km 82 da
BR-010, em Ulianópolis, no Pará. Ao entrevistar o homem, os policiais notaram
contradições nas respostas sobre a atividade profissional dele e da motivação
da viagem. Ele foi levado para a Polícia Federal do Pará.
Em nota, a PF afirmou que a ocorrência envolve indício de crime
de lavagem de dinheiro, segundo artigo 1º da Lei 9.613/98. De acordo com a lei,
constitui crime ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
De acordo com o superintendente da Polícia Rodoviária do
Federal no Pará, Diego Joaquim Patriota, o condutor do veículo demonstrou
desconforto assim que avistou a equipe da PRF na estrada. Ao ser questionado
sobre o motivo da viagem, o homem alegou que estava indo até Belém encontrar a
namorada. Quando perguntado sobre sua profissão, o suspeito disse que era um
agente de segurança da Justiça Federal, mas, quando os policiais quiseram saber
quais eram suas atribuições deste cargo, ele ficou nervoso e não conseguiu
explicar.
Aluguéis
Os policiais procederam com uma investigação minuciosa no
porta-malas do carro e encontraram quatro caixas com diversos pacotes contendo
conjuntos de cédulas de R$ 100, totalizando R$ 2,5 milhões. Questionado sobre a
origem do dinheiro, ele afirmou que seria proveniente de atividades com
aluguéis de carros. “A gente entende que isso pode ser a ponta de um
iceberg, considerando que foi identificado dentre os pertences desse cidadão
identificações que davam acesso ao Congresso Nacional”, declarou o
superintendente Diego Patriota.
O Correio ouviu a professora de Direito Processual Penal,
Mariana Madera, sobre o que configura o crime de lavagem de dinheiro.
“Nesse crime, o agente busca esconder a origem ilícita de bens ou valores
por meio de mecanismos diversos de ocultação e dissimulação, com a finalidade
de dar uma aparência lícita a esses ativos financeiros”, explica
A especialista esclarece que o transporte de dinheiro vivo
não configura ato ilícito, contanto que haja justificativa da origem dos
valores. “É incomum que elevadas quantias sejam movimentadas fora do
sistema financeiro regular, gerando suspeita acerca da sua procedência
lícita”, afirmou Mariana. “Para sair do país com valores totais ou
superiores a 10 mil dólares, é preciso que o montante seja declarado à Receita
Federal. Para transporte de valores dentro do Brasil, não há limites, desde que
haja comprovação da sua licitude”, completou a professora.