A proposta teve apoio inclusive de partidos da base governista, como foi o caso do União Brasil, o qual Pauderney Avelino (União-AM) faz parte
Em meio às recentes derrotas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional, o deputado federal Pauderney Avelino (União Brasil-AM) avaliou que a derrubada do decreto que aumentava a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), aprovado ontem (25/6), representa uma “vitória da população” e um sinal de alerta para o Palácio do Planalto.
Para o deputado que também é vice-líder do União Brasil, uma das legendas que compõem a base governista, a medida era inadequada num cenário em que a população “já não aguenta mais” pagar impostos, e aponta falhas na articulação política do governo.
“Está faltando coordenação do governo com o Congresso. E é complicado, nesse momento, aumentar mais impostos. Não tem como o Congresso Nacional ficar sempre votando aumento de impostos quando a população já não aguenta mais”, disse o parlamentar em entrevista ao Correio.
Pauderney relembrou que a arrecadação federal em 2024 teve crescimento real de 10% em relação ao ano anterior, mas mesmo assim as despesas do governo acompanharam o aumento. Ele defende medidas de contenção e revisão do orçamento como alternativa ao crescimento da carga tributária.
“Se não houver contenção da despesa, se não houver desvinculação de algumas despesas do Orçamento, é muito difícil se chegar a bom termo. Não podemos estar à beira de novas pedaladas fiscais”, alertou.
Embora tenha evitado classificar o resultado da votação como uma “derrota do governo”, Pauderney afirmou que o recado dado pelas duas Casas legislativas foi claro. “Foi uma vitória da população ontem, que foi traduzida pela votação nas duas casas. Ela tende a dar um recado muito duro para o governo. Nós não podemos brincar com princípios econômicos, com a ciência da economia”, afirmou.
O deputado citou a experiência da Argentina sob o governo de Javier Milei como exemplo de um país que tem enfrentado com rigor a crise fiscal, mesmo com medidas impopulares. Segundo ele, o Brasil também precisa de firmeza para enfrentar o desafio do controle de gastos.
“Eu não gosto de citar a Argentina, mas aí está o Milei, executando os princípios da economia. É duro, é duro, mas não tem mais maquininha de dinheiro para fazer girar a economia. O dinheiro vem do próprio povo, através dos impostos. Se não tiver seriedade, se não tiver uma linha firme para conter gastos e fazer o que precisa ser feito, nós estaremos descontrolados”, apontou.
Outros partidos da base foram contra Lula
Na votação de ontem, que derrubou a proposta de IOF do governo Lula, o União Brasil, que atualmente é responsável pela chefia do Ministério de Comunicações e Turismo, chegou a registrar 58 votos a favor da revogação do decreto presidencial.
Entretanto, outras legendas da base governista com ministério seguiram a mesma linha e “viraram as costas para o governo”. O PP, que comanda Esportes, por exemplo, teve 48 votos, já o Republicanos que chefia Portos e Aeroportos, registrou 42, seguido do PSD da Agricultura, Pesca e Minas e Energia, que teve 27 e o MDB, que chefia Planejamento, Transportes e Cidades, 41.
Veja como foram divididos os votos entre partidos para a aprovação do PDL
• PL: 88 votos a favor;
• União: 58 votos a favor;
• PP: 48 votos a favor;
• Republicanos: 42 votos a favor;
• MDB: 41 votos a favor, 2 contra;
• PSD: 27 votos a favor, 1 contra;
• PDT: 16 votos a favor;
• Podemos: 15 votos a favor;
• PSDB: 13 votos a favor;
• PSB: 9 votos a favor, três contra;
• Avante: 6 votos a favor, um contra;
• Novo: 5 votos a favor;
• PRD: 5 votos a favor;
• Solidariedade: 4 votos a favor, 1 contra;
• Cidadania: 4 votos a favor;
• PT: 1 voto a favor, 65 contra;
• PV: 1 voto a favor, 3 contra;
• PSol: 13 votos contra;
• PCdoB: 8 votos contra;
• Rede: 1 voto contra.
Tribuna Livre, com informações da Agência Câmara.