23/11/2025

Desmatamento aumenta risco de malária em regiões da Amazônia

O estudo fez coleta de campo em 40 pontos em Cruzeiro do Sul (AC), município localizado na fronteira do desmatamento do Acre e um dos pontos de maior contágio da malária - (crédito: Fredy Galvis/Amazônia+10)

Estudo mostra que transmissão da doença diminui em áreas com 70% da vegetação preservada ou reflorestada

Uma pesquisa feita por biólogos brasileiros mostra que a incidência de malária é maior em locais com mais de 50% da área desmatada. O estudo fez coleta de campo em 40 pontos em Cruzeiro do Sul (AC), município localizado na fronteira do desmatamento no Acre e um dos pontos de maior contágio da doença.

Considerada uma doença negligenciada — ou determinada socialmente, pela nomenclatura oficial — a malária atinge sobretudo a população de baixa renda e tem como vetor a fêmea do mosquito do gênero Anopheles, conhecido como carapanã, muriçoca, sovela e bicuda. No Brasil, o epicentro da doença está localizado nos nove estados da Amazônia Legal, responsável por 138 mil dos 142 mil casos registrados em 2024.

O estudo mostra que o risco de transmissão aumenta quando o desmatamento está acima de 50%. Isso acontece, entre outros motivos, porque o desmatamento aproxima os núcleos populacionais das regiões de floresta. “O risco também é alto quando a vegetação é fragmentada, permitindo maior contato de vetores que estão na floresta com humanos”, explica o biólogo Gabriel Laporta, professor do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Por outro lado, quando a área é restaurada para níveis acima de 70%, essa incidência diminui, o que mostra a importância da conservação. O estudo mostra ainda que áreas totalmente desmatadas tem menor recorrência, isso porque esses ambientes se tornam inóspitos para os mosquitos. Além de analisar os vetores, a pesquisa coletou amostras de sangue dos moradores da região.

Mudanças climáticas e saúde

O desmate da vegetação nativa, atrelado às mudanças climáticas, é um dos fatores que favorece as doenças transmitidas por mosquitos. Isso porque as fortes secas e chuvas intensas criam condições favoráveis para a proliferação desses animais.

Outros fatores para o avanço da malária é a mudança dos tipos de mosquito, ocasionada pela perda de diversidade do bioma, além do avanço de projetos como estradas, usinas e o garimpo. Reconhecendo a relação direta entre saúde pública e preservação ambiental, a presidência da COP30 inseriu o tema da saúde na agenda da conferência.

“As questões ambientais e de saúde pública parecem distantes, mas estão muito conectadas. Uma das formas de intervenção em áreas como as que estudamos seria promover iniciativas sustentáveis que ofereçam renda para os moradores”, explica Laporta. “Uma conferência como a COP30, que reúne governantes e tomadores de decisão, pode ser uma oportunidade para discutir como iremos substituir o modus operandi de hoje”, completa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ao mundo registrou 263 milhões de casos e 597 mil mortes pela doença em 2023.

Tribuna Livre, com informações do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC)

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