Triunfo do republicano faz apoiadores de Bolsonaro “lançarem” o nome do ex-chefe do Planalto para 2026, apesar da inelegibilidade
A vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, já reconhecida, inclusive, pela candidata democrata Kamala Harris, foi amplamente comemorada no Brasil por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais, o nome do ex-chefe do Executivo foi citado diversas vezes como o candidato da direita nas eleições de 2026, apesar da inelegibilidade do político carioca, condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico.
Ministro da Casa Civil do governo anterior, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) postou — sem citar o nome do antigo chefe — uma mensagem em que repete as perguntas que Trump costumava fazer em seus comícios para desqualificar o governo do atual presidente Joe Biden. “Minha vida melhorou nos últimos quatro anos? Meu salário aumentou? Minha casa está mais segura? O futuro parece promissor? A resposta para cada uma dessas questões foi dada de forma clara. Hoje, os brasileiros já se fazem as mesmas perguntas. Qual resposta virá das urnas em 2026? Eu tenho um bom palpite”, provocou o senador, no X (ex-Twitter).
O próprio Bolsonaro comemorou a eleição de Trump colocando-se como opção para a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, caso “Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão e nos devolva tudo o que foi retirado de nós”.
“Talvez tenhamos uma nova oportunidade de restaurar o Brasil como uma terra de liberdade, onde o povo é senhor de seu próprio destino”, escreveu Bolsonaro, em sua conta na plataforma. Na semana passada, em entrevista à revista Veja, ele foi taxativo ao dizer que está “vivo”. “Com todo o respeito, chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu”, declarou.
Um dos filhos dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), por sua vez, publicou um vídeo com imagens do atentado a tiros sofrido por Trump em um comício na Pensilvânia, em julho. “Donald Trump retorna à Presidência dos EUA. No Brasil, Jair Bolsonaro voltará em 2026!”, postou o filho 03. Na mesma linha, a senadora pelo DF Damares Alves (Republicanos) registrou: “Simbora Capitão, 2026 está logo ali! Estamos endireitando o mundo”.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro comemorou a vitória do candidato republicano nos EUA sem citar o nome do marido. Líder feminina do Partido Liberal, ela publicou uma imagem de Trump em uma roda de oração e definiu o político como “temente a Deus” e “um homem que ama o Estado de Israel”.
A mesma postura teve o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que limitou-se a comentar possíveis vantagens para o Brasil com a eleição de Trump. “O que esperar? Mais apreço pela liberdade, sobretudo de expressão, uma economia mais forte, com menos impostos, uma outra visão acerca da América Latina, uma postura diferente em relação às disputas comerciais, que podem virar oportunidades para nós, se bem lidas e aproveitadas”, comentou ele, apontado no mundo político como um possível nome da direita para enfrentar Lula, daqui a dois anos, caso Bolsonaro não consiga reverter a inelegibilidade.
O Partido Liberal publicou uma foto de Trump apertando a mão de Bolsonaro, com a legenda: “Quem anda à direita jamais se perde”, e a mensagem, em inglês, “congratulations #Trump”. Em entrevista à CNN Brasil, na segunda-feira, o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, foi enfático: “Bolsonaro é o candidato, vamos trabalhar para isso, para Bolsonaro ser o candidato, porque ele é o dono dos votos. Ninguém tem a votação do Bolsonaro no país”, argumentou o cacique do PL.
Uma das apostas dos bolsonaristas para reverter a condenação pelo TSE é aprovar uma anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e, assim, evitar mais uma condenação do ex-presidente, dessa vez, no Supremo Tribunal Federal (STF).
A bancada bolsonarista engrossou o coro em favor do ex-presidente. A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC) escreveu que a vitória de Trump é o começo da “queda dos demônios”.
Para o senador Rogério Marinho (PL-RN), “a vitória de Trump representa a derrota da política woke (termo em inglês usado para se referir a políticas progressistas, de esquerda)”.
Tribuna Livre, com informações das redes sociais