09/05/2025

Distrito Federal lidera a taxa de transplantes de fígado por milhão de habitantes

Normalmente, os doadores são pacientes que sofreram morte encefálica em unidades de terapia intensiva (UTIs) | Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF

A marca da capital é de 43,3 cirurgias por milhão de habitantes, quase quatro vezes maior que a média nacional de 11,6. Veja o que é necessário para ser um doador de órgãos e como funciona o sistema de transplantes no Distrito Federal.

Entre os diversos tipos de transplante de órgãos e tecidos que a rede pública de saúde do Distrito Federal oferece em sua gama de procedimentos, a capital federal foi líder, em 2023, nos transplantes de rim, fígado, coração e medula óssea – considerando-se a taxa de transplantes por milhão de habitantes. Com 121 transplantes de fígado realizados em Brasília no último ano, quantidade que vem aumentando desde 2019, a taxa do DF é de 43,3. O número é quase quatro vezes maior que a média nacional, de 11,6.

Como funciona

O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por coordenar e executar os transplantes de órgãos no Brasil, incluindo no Distrito Federal (DF). O processo envolve diversas etapas, desde a identificação de potenciais doadores até o acompanhamento pós-transplante. Normalmente, os doadores são pacientes que sofreram morte encefálica em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Após a confirmação do quadro, é necessário obter o consentimento da família para a doação de órgãos. Esse processo é coordenado pela Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do DF (CNCDO/DF), onde profissionais de saúde treinados abordam as famílias para discutir a possibilidade de doação. Uma vez obtido o consentimento, uma equipe médica avalia a condição dos órgãos do potencial doador para garantir que estão aptos para transplante. Os órgãos viáveis são então captados e preservados adequadamente para serem transportados.

A distribuição dos órgãos segue critérios rigorosos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), e a prioridade é dada com base em fatores como compatibilidade sanguínea e tecidual, gravidade da doença do receptor, tempo em lista de espera e urgência do caso. Quando um órgão é designado para um paciente, este é convocado imediatamente para o hospital onde será feito o transplante.

Entre os hospitais públicos preparados para realizar esses procedimentos no DF estão o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF).

Acompanhamento integral

Quem necessita de um transplante é identificado por qualquer ambulatório que, após consultas e exames que comprovam a necessidade do procedimento, encaminha a solicitação para a Central Estadual de Transplante. Após ser inscrito na lista de espera, o paciente aguarda até chegar a possibilidade de realizar a cirurgia e conta também com o acompanhamento pós-transplante, onde continua recebendo cuidados intensivos.

A equipe médica monitora a resposta do corpo ao novo órgão e ajusta a medicação para prevenir a rejeição. O acompanhamento contínuo é crucial para o sucesso a longo prazo do transplante. Segundo a diretora da Central Estadual de Transplantes da Secretaria de Saúde do DF (SES), Gabriella Christmann, atualmente a fila para transplante de fígado está em 25 pessoas, número que varia constantemente.

“O Brasil tem o maior serviço público de transplante do mundo, e o acesso gratuito permite que não haja discriminação por conta de poder aquisitivo. É um acesso integral pelo SUS, desde o pré até o pós-transplante, sem precisar de um serviço complementar privado”, destaca. A diretora frisa que o transplante só ocorre mediante a doação. “A gente precisa que as pessoas se sensibilizem, porque necessitamos 100% da população para dar uma nova chance de vida para esse paciente”, observa.

Para ser doador de órgãos, é importante que a pessoa, em vida, deixe isso claro para os familiares, visto que atualmente o sistema funciona com a lei consentida. A doação só é permitida perante autorização de um familiar de até segundo grau. Doenças crônicas como diabetes, infecções ou mesmo uso de drogas injetáveis podem acabar comprometendo o órgão que seria doado, inviabilizando o transplante. Por isso, a entrevista familiar realizada após a permissão do doador é essencial, permitindo à equipe avaliar os riscos e garantir a segurança dos receptores e dos profissionais de saúde.

Tribuna Livre, com informações da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do DF (CNCDO/DF)

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