28/12/2025

Dólar despenca para R$ 5,72 e Bolsa sobe com possível alívio na guerra comercial entre EUA e China

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O bom humor se propagou para a Bolsa brasileira, que subiu 0,62%, a 130.464 pontos

O dólar despencou 1,36% nesta nesta terça-feira (22), volta do feriado prolongado no Brasil. A cotação final foi de R$ 5,737, com investidores atentos ao noticiário dos Estados Unidos.

Um possível arrefecimento da guerra comercial dos norte-americanos com a China deu novo fôlego às negociações, levando os principais índices acionários de Wall Street a uma disparada. O S&P 500, referência do mercado dos EUA, subiu 2,51%, enquanto Nasdaq Composite e Dow Jones avançaram 2,71% e 2,66%, respectivamente.

O bom humor se propagou para a Bolsa brasileira, que subiu 0,62%, a 130.464 pontos.

Segundo reportagem da agência Bloomberg, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que o impasse tarifário com a China não é sustentável e que ambas as economias terão que encontrar maneiras de diminuir a tensão comercial.

O comentário foi feito em uma cúpula de investidores a portas fechadas organizada pelo JPMorgan Chase, sem presença de público ou membros da imprensa.

A desescalada vai acontecer em um futuro muito próximo, segundo Bessent. Ele caracterizou a situação atual como um embargo comercial, segundo pessoas presentes na sessão, e disse que o objetivo dos EUA não é se desvincular da China.

As duas maiores economias do mundo estão em cabo de guerra desde 2 de abril, quando o presidente Donald Trump anunciou tarifas “recíprocas” aos parceiros comerciais dos EUA. Com contra-ataques de ambos os lados, as taxas impostas a produtos chineses chegaram até 145%, e as aplicadas aos produtos norte-americanos pela China bateram 125%.

Um acordo abrangente entre os dois países pode levar mais tempo, algo em torno de dois a três anos, mas Bessent expressou otimismo ao dizer que as tensões podem diminuir nos próximos meses e, assim, trazer alívio aos mercados.

Um porta-voz do Departamento do Tesouro não quis comentar. Mas Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, afirmou nesta tarde que as negociações com a China estão indo bem.

“Perguntei ao presidente sobre isso antes de vir para cá, e ele quis que eu compartilhasse com todos vocês que estamos indo muito bem em relação a um possível acordo comercial com a China.”

A notícia “melhorou o humor do mercado e fortaleceu a entrada de recursos estrangeiros no Brasil, que já víamos desde manhã”, diz Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Antes dela, os índices acionários globais já estavam no positivo em recuperação ao tombo do dia anterior, feriado de Tiradentes no Brasil. O sobe-e-desce foi provocado por novos ataques de Trump ao presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Jerome Powell.

Na segunda, Trump escreveu que a economia norte-americana pode passar por uma desaceleração se a taxa de juros não for reduzida imediatamente.

“Com esses custos tendendo tão bem para baixo, exatamente o que eu previ que eles fariam, quase não pode haver inflação, mas pode haver uma DESACELERAÇÃO da economia, a menos que o Sr. Tarde Demais, um grande perdedor, reduza as taxas de juros, AGORA”, postou na Truth Social, se referindo a Powell.

A declaração se soma a outras críticas recentes ao presidente do Fed, a quem Trump tem ameaçado de demissão. O republicado discorda da condução da política monetária de Powell, que, por outro lado, afirma que nunca será influenciado por pressões políticas e que a autoridade monetária está atenta aos desdobramentos do tarifaço na economia

Na sexta-feira, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Kevin Hassett, chegou a dizer que o desligamento está sendo estudado pela equipe do republicano.

Especialistas dão como certo que as sobretaxas de importação aumentarão os preços ao consumidor final, e o Fed tem adotado uma postura de “ver para agir”. Como a função dos juros é frear o avanço da inflação, é possível que o banco central mantenha a taxa no atual patamar de 4,25% e 4,5% por mais tempo ou até volte a elevá-la se o repique inflacionário se concretizar.

Mas o temor não é de uma elevação na taxa de juros. “Se tem uma coisa que o mercado não gosta é briga entre o presidente de um país e o presidente do banco central desse país, que, por sinal, é o mais importante do mundo”, diz Alison Correia, analista de investimentos e sócio fundador da casa de análise Top Gain.

O mercado tem colocado na ponta do lápis a possibilidade de uma intervenção no banco central, cuja independência é considerada um importante pilar da segurança financeira do país. Temores de uma eventual influência política estão afastando investidores de ativos de lá, sobretudo dólar, títulos do Tesouro e ações em Wall Street, e colocando em xeque a tese de excepcionalismo norte-americano -isto é, de que os EUA são o mercado mais seguro do mundo.

“Remover a independência do Fed seria outro golpe à credibilidade duramente conquistada pelas instituições financeiras dos Estados Unidos”, disse Trevor Greetham, chefe de multiativos da Royal London Asset Management.

Já analistas do MUFG disseram que a “venda tripla de dólar, títulos e ações dos EUA destaca que as ameaças à independência do Fed estão minando ainda mais a confiança dos investidores nos ativos americanos”.

Os operadores agora estão à procura de investimentos mais seguros. O ouro, por exemplo, atingiu o recorde de US$ 3.500 a onça troy pela primeira vez nesta terça, enquanto o iene japonês alcançou ¥ 140 por dólar, maior patamar desde setembro.

Tribuna Livre, com informações da FOLHAPRESS

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