23/02/2025

Em reunião sem Haddad, ministros apresentam a Lula estragos e desgaste de medidas da Fazenda

Lula e Haddad colocaram taxação dos mais ricos como prioridade do Brasil no G20 — Foto: Adriano Machado/Reuters

Governo se reúne após Datafolha indicar queda de popularidade de Lula e aponta Pix e blusinha como principais desgastes. O ministro está fora do país, em visita ao Oriente Médio, desde o dia 14 de fevereiro, e só estará de volta ao Brasil na madrugada desta quinta (19).

Em reunião sem Haddad, ministros apresentam a Lula estragos e desgaste de medidas da Fazenda

O presidente Lula (PT) recebeu ministros na Granja do Torto para discutir a crise de popularidade que o governo enfrenta, que atingiu níveis inéditos, segundo o último Datafolha, divulgado na sexta-feira (14).

Na reunião, que aconteceu dois dias depois, no domingo (16), foi apresentado ao presidente o seguinte diagnóstico: desde que Lula assumiu seu terceiro mandato, as medidas que mais desgastaram o governo partiram de ações do Ministério da Fazenda.

Fernando Haddad, o titular da pasta, não estava na reunião. O ministro está fora do país, em visita ao Oriente Médio, desde o dia 14 de fevereiro, e só voltará na madrugada da próxima quinta (20).

Estavam presentes, segundo foi apurado, o núcleo duro do Palácio do Planalto: Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Comunicação). Também participaram a presidente do PT, Gleisi Hoffmann — que é cotada para a vaga de Márcio Macedo, da Secretaria-Geral — e Alexandre Silveira (Minas e Energia).

Participaram também o ministro da Educação, Camilo Santana, e o senador e ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT).

O diagnóstico apresentado a Lula, segundo relatos feitos, é de que a crise das blusinhas, em 2023, e a do PIX, em 2024, foram as medidas que mais prejudicaram a imagem do governo, porque tiveram ampla repercussão nas redes sociais e fora delas, no mundo real e no cotidiano.

Ambas as medidas foram desenhadas pela equipe técnica do Ministério da Fazenda, mais especificamente pela Receita Federal, e foram chanceladas por Haddad.

Além da crise das blusinhas e do PIX, foi discutida também a inflação dos alimentos, que é o terceiro ponto de desgaste do governo. Mas aí a discussão passou por um diagnóstico mais amplo, que guarda relação com o fortalecimento do dólar e que não tem a Fazenda como culpada.

Problema de comunicação

Na reunião, também foi feita a constatação de que, sim, há um problema de comunicação e que existe baixa percepção sobre o que o governo tem feito para melhorar a vida da população.

Em pesquisas internas do governo, detectou-se que as pessoas ouvidas não sabiam dizer qual era a nova marca do governo nem quais foram as mudanças nos programas antigos. “É um deserto de informação”, disse uma fonte ao portal.

A ideia do governo é intensificar o novo padrão de comunicação nos próximos meses e também mudar o foco: centrar a atenção em serviços para o cidadão.

Fritura de Haddad

Desde o início do governo, existe uma disputa nos bastidores entre Haddad e um grupo dentro do Planalto, liderado por Rui Costa. Há uma pressão pela saída de Haddad e de alguns dos auxiliares do ministro.

Decisões tomadas pelo governo, como a revogação da fiscalização do Pix em 15 de janeiro, e o anúncio conjunto do plano de corte de gastos e da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, levaram Haddad a uma derrota. O ministro, que era contra o anúncio duplo, foi voto vencido e, ainda, teve ele mesmo que anunciar as medidas.

O caminhar da carruagem mostra que Lula tem pendido para o lado de Rui Costa em detrimento de Haddad.

Rui Costa, inclusive, foi central na defesa da revogação da portaria que ampliava a fiscalização do Pix.

Do lado do ministro da Fazenda, aliados de Haddad defendem que ele entregou agendas econômicas, mas que está sozinho na defesa de um ajuste fiscal. Também avaliam que ele poderia assumir a Casa Civil, mas assessores de Lula acham essa uma possibilidade remota, uma vez que o presidente tem em Rui Costa um homem forte.

O pano de fundo dessa discussão, claro, é a sucessão de Lula em 2026, que Rui Costa já demonstrou interesse em liderar. Apesar disso, o ministro é acusado, com frequência, de isolar Lula, dificultando a atuação mais direta do presidente no jogo político.

Tribuna Livre, com informações da Secom PR

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