22/10/2025

Empoderamento feminino: Estudantes festejam participação no programa Meninas em Ação

A estudante Ana Luísa Pereira celebrou a participação no programa: “Um programa que despertou em mim um querer maior que eu não sabia que existia" | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília

Cerimônia de encerramento do Meninas em Ação reúne autoridades e alunas de escolas públicas que puderam ocupar cargos de liderança por um dia em 2025

“Nunca imaginei estar dentro do Palácio do Buriti, como secretária de Estado, e o Governo do Distrito Federal fez com que isso fosse possível ao acreditar nas meninas que estudam nas escolas públicas”. A declaração, feita de forma emocionada nesta terça-feira (21) pela estudante de Planaltina Ana Luísa Pereira, de 17 anos, marcou o evento de encerramento do programa Meninas em Ação, lançado em março pelo Governo do Distrito Federal (GDF), com foco no empoderamento feminino.

De abril a setembro, 30 estudantes de três escolas públicas do Distrito Federal — Centro de Ensino Médio (CEM) 01 de Planaltina, o Centro de Ensino Médio Integrado (Cemi) do Gama e o Centro de Ensino Médio Setor Oeste (CEMSO) do Plano Piloto — tiveram a oportunidade de ocupar um cargo de liderança do setor público, do privado e até mesmo de embaixadas, pelo programa desenvolvido pela Secretaria de Relações Internacionais (Serinter) em parceria com as secretarias da Mulher (SMDF), de Educação (SEEDF) e de Justiça e Cidadania (Sejus), que tem como objetivo fortalecer a participação feminina na sociedade e promover a igualdade de gênero no DF.

O evento de encerramento foi marcado pela emoção das estudantes e seus familiares que ocuparam o Salão Branco do Palácio do Buriti para que elas pudessem receber certificados de participação no Meninas em Ação que, em abril, ganhou status de programa de Estado, por meio do Decreto nº 47.081, assinado pelo governador Ibaneis Rocha. “Um programa que despertou em mim um querer maior que eu não sabia que existia. Porque eu achava que talvez pudesse conseguir fazer uma faculdade, mas hoje, depois desta experiência, eu tenho a certeza de que conseguirei não apenas me formar, mas conquistar o meu espaço”, afirmou a estudante Ana Luísa que, em agosto, ocupou o cargo de secretária da Mulher por um dia.

“Hoje não festejamos o fim, mas o início do que vem pela frente”, destacou a primeira-dama Mayara Noronha Rocha. “Através de um sonho nasceu o que hoje já é um programa de Estado. Isso significa que essas trinta meninas abriram portas para outras tantas que vão viver também uma experiência como esta. E o DF tem muito orgulho dessa geração que vem não apenas esperando um futuro próspero, mas construindo um futuro próspero, acreditando e entendendo que merecem ocupar espaços de liderança”, completou.

“Hoje não festejamos o fim, mas o início do que vem pela frente”

Primeira-dama Mayara Noronha Rocha

Quebrando preconceitos

Onze embaixadoras de embaixadas acreditadas em Brasília participaram do programa e puderam mostrar às estudantes o trabalho de uma missão diplomática. “Agradeço, em nome de todas elas, a oportunidade que o GDF deu também a nós, embaixadoras, que pudemos mostrar às meninas o nosso ofício e até mesmo quebrar o preconceito de quem pensa que a vida diplomática é apenas receber em coquetéis”, explicou a embaixadora da Espanha, Mar Fernández-Palacios.

Em setembro, a estudante de 17 anos do CEMSO, Maria Vitória Freitas, viveu o papel de embaixadora da Espanha por um dia, ao lado da diplomata espanhola, e confirma que a experiência foi enriquecedora. “Ampliou muito a minha visão, o que eu pensava que era uma embaixada”, frisou. De acordo com ela, o Meninas em Ação a fez enxergar a diplomacia de uma outra forma. “Vi, realmente, que não é só coquetel, há um trabalho grande dentro da embaixada”.

A embaixadora — que no evento falou em nome das demais diplomatas participantes — reforçou a surpresa com o nível das estudantes que participaram do programa. “Recebemos na embaixada uma menina com um nível muito bom de espanhol que aprendeu na escola pública; surpreendente”, destacou Mar Fernández-Palacios. ”Uma boa experiência para ambas porque também pude mostrar a ela como trabalhamos para fortalecer a amizade entre Espanha e Brasília”, finalizou.

Grandes responsabilidades

Todas as secretarias lideradas por mulheres no GDF também foram ocupadas, por um dia, por uma das estudantes que fizeram parte do programa. Em maio, a secretária de Educação — cargo ocupado por Hélvia Paranaguá — foi vivenciado pela estudante de Planaltina Isabela Amorim, de 17 anos. De acordo com ela, um dia de “agenda cheia” e “de surpresas”. “Eu pude ver de perto que ser secretária de Educação é ser cheia de obrigações, de preocupações com as escolas, os uniformes, as melhorias”, disse.

Para a secretária titular da pasta, o dia também foi para mostrar que as meninas de hoje podem chegar longe, a cargos até maiores, como o de presidente da República. “O importante é ter foco, desejo, seguir estudando. O programa é muito importante porque mostra às meninas que elas têm voz”, frisou Hélvia. A secretária contou que o dia ao lado de Isabela foi, realmente, cheio, começando com um café da manhã na casa da secretária e com direito até a assinatura de documentos. “Imprimimos processos que assinei no dia para que ela pudesse assinar também e ter a visão da responsabilidade da cadeira”, contou.

Mudando destinos

Em abril, a estudante do Gama, de 18 anos, Ana Clara Batista, saiu cedo de casa para acompanhar a primeira-dama Mayara Noronha Rocha e o governador Ibaneis Rocha em atividades sociais. Como conta a própria Ana Clara, um dia que foi “um divisor de águas” em sua vida. “Eu, uma menina preta, periférica, estudante de escola pública, jamais imaginei estar naquele lugar, mas viver aquele dia com a Mayara me despertou para a vida”, assegurou. “Foi um processo de empoderamento pessoal e que me mostrou que posso conseguir chegar longe, inspirado por ela”. Hoje, a estudante disse estar mais certa do que quer para seu futuro: “Ser uma advogada, como a Mayara”.

Para a reitora pro tempore da Universidade do Distrito Federal (UnDF), Simone Benck, a oportunidade dada às estudantes pelo programa é de extrema relevância. “É a identificação dessas adolescentes com a possibilidade de chegarem a postos de comando neste país, de enfrentarem os desafios que ainda existem, de lutarem por melhores salários, pela equidade no trabalho”, pontuou.

“O Meninas em Ação nasce da urgência de reverter uma lógica histórica que silenciou talentos e limitou futuros. Quando uma menina descobre que tem voz, que sua história importa e que ela pode ocupar espaços antes negados, não estamos apenas transformando sua trajetória individual, estamos reescrevendo coletivamente o que significa ter equidade, potência e pertencimento. Este projeto é um ato de coragem e cuidado com o futuro”, argumentou a secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani.

A secretária da Mulher, Gisele Ferreira, reforçou, ainda, o poder transformador na vida escolar das estudantes. “O mundo precisa de bons exemplos e o programa planta os bons exemplos. Muitas delas melhoraram as notas na escola, ou seja, já está germinando a semente plantada pelo Meninas em Ação na vida de cada uma delas”.

Empoderamento contínuo

De acordo com o secretário de Relações Internacionais, Paco Britto, uma vez programa de Estado, o Meninas em Ação promoverá ações que contribuam com o empoderamento feminino de forma contínua. E, para 2026, a intenção é ampliar o número de estudantes participantes do projeto, além de selecioná-las em outras escolas. “O programa tem um propósito muito claro: empoderar meninas, fortalecer sonhos e abrir caminhos”, ressaltou o secretário. “E não somos nós que definimos seus limites, são elas que definem seus sonhos”, completou.

“O Meninas em Ação é um programa que mostra desde cedo que nenhum espaço de poder está fora de alcance. As vivências que elas tiveram certamente já florescem na consciência de que todas podem ocupar o lugar que quiserem. A iniciativa abre os horizontes ao aproximar as participantes do dia a dia de lideranças em diversos setores e espaços de poder. É uma verdadeira transformação não apenas na vida das meninas que fizeram parte desse ciclo inicial do programa, mas de toda a sociedade”, salientou a vice-governadora Celina Leão.

O programa é inspirado no movimento internacional #GirlsTakeover, criado em 2016 pela Plan International, e tem alinhamento direto com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial o ODS 5, que trata da igualdade de gênero. “Oferecer essa oportunidade as nossas estudantes é escrever, nas páginas da história do Distrito Federal, uma mensagem poderosa: que o lugar da mulher é onde ela quiser estar”, concluiu Paco Britto.

Tribuna Livre, com informações da Secretaria de Relações Internacionais do Distrito Federal (Serinter-DF)

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