Graziele de Oliveira dos Reis postou áudios dos
xingamentos em uma rede social. Em outra gravação, a mulher também disse que
‘pessoas de cor’ acham que podem fazer ameaças.
Graziele de
Oliveira dos Reis, de 30 anos, denunciou nas redes sociais que foi vítima de
racismo em Anápolis — Foto: Arquivo Pessoal/Graziele de Oliveira
A empresária Graziele
de Oliveira dos Reis, de 30 anos, denunciou nas redes sociais que foi vítima de
racismo em Anápolis, a 55km de Goiânia (assista vídeo acima). Grazi, como é
conhecida por conta de sua loja, disse que cobrou a dívida de uma cliente que,
entre os xingamentos, a chamou de “negra do cabelo sarará”, uma
expresão racista.
“Eu nunca tinha
sofrido racismo de uma forma tão explícita, a gente já ouviu ‘piadas’ a vida
inteira, mas a forma dela foi muito explícita. A situação foi o que me deixou
mais triste, era ela que estava me devendo e eu acho que ela tentou me coagir
de alguma forma”, desabafou.
O caso foi
registrado na polícia na última segunda-feira (12), mas os xingamentos foram
enviados, por áudio, no dia 10 deste mês. Nas gravações, a cliente se diz
revoltada porque Grazi foi ao seu local de trabalho para receber o pagamento
das roupas (ouça todos abaixo).
“O ‘cabelo
sarará’, independente de qualquer coisa, é moda, sei lá, acho que hoje em dia é
moda esse ‘cabelo sarará’, mas o meu não, o meu é liso. Mas enfim, fala comigo,
não fica procurando onde você não vai achar não, porque você não vai achar,
fala comigo. Pessoas morenas, pessoas de cor, que ‘acha’ que vai ameaçar alguém,
não vai, não vai ameaçar ninguém”, disse em um dos áudios.
Detalhes do caso
A empresária
explicou que, na loja, ela envia as peças de roupas para as clientes, que
experimentam e decidem se vão comprar. Graziele disse que a cliente comprou
peças que totalizaram R$ 550.
Segundo
Graziele, a cliente pegou as peças em julho e desde então é cobrada pelo
pagamento. Após cobranças constantes, a cliente teria combinado com a
empresária de pagar no quinto dia útil de dezembro, dia 7, o que não foi feito,
segundo Grazi.
“No sábado, eu
mandei mensagem para ela de manhã falando que ela não cumpriu o compromisso
comigo, e aí ela mandou esses áudios”, detalhou.
Representatividade
Graziele contou
que tem a loja física há 3 meses e online há mais de 3 anos. Desse período, ela
fez amigos e muitos clientes que, segundo a empresária, a veem como uma forma
de representatividade.
“Na minha
cidade, eu nunca vi uma lojista negra como, ontem recebi mensagem de mães
falando que quando me veem aparecendo nos stories da loja chamam as filhas para
ver meu cabelo, para as meninas aprenderem a gostar também”, disse.
Além da forma de
representatividade, Graziele acreditou que inspirou outras pessoas a
denunciarem casos de racismo.
“Tem muita gente
que já sofreu e que está me apoiando, pessoas que não tiveram coragem de
denunciar”, finalizou.