Permanência de Tarcísio de Freitas em SP para tentar reeleição esfria articulações de aliados que
A notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu o filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como seu candidato à Presidência da República em 2026 frustra os planos de diversos aliados de Tarcísio de Freitas (Republicanos) que estavam de olho na sua sucessão no Governo de São Paulo, caso o governador fosse o agraciado para disputa ao Palácio do Planalto.
Antes do anúncio, Tarcísio era tido como o “fiel da balança” para uma série de definições do xadrez eleitoral de 2026, tanto em São Paulo como em nível nacional. Isso porque, em meio a especulações sobre o futuro do mandatário paulista, uma disputa se desenrolava nos bastidores entre seus principais aliados em relação a quem seria o candidato apoiado pelo governador como seu sucessor.
Os principais postulantes eram o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB); o presidente da Assembleia Legislativa (Alesp), André do Prado (PL); o deputado federal e ex-secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP); e o vice-governador, Felício Ramuth (PSD). O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, atual secretário de Governo de Tarcísio, também tinha o nome ventilado.
Ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, o deputado federal Ricardo Salles (Novo) é outro que vinha afirmando que seria candidato ao governo paulista sem Tarcísio na disputa. Caso o governador decida, de fato, pela reeleição, Salles diz que se candidatará ao Senado.
Nas últimas semanas, o governador paulista vinha adotando um discurso nacional, entrando, por exemplo, no debate público sobre segurança e fazendo críticas recorrentes ao governo Lula (PT). Em um evento voltado a empresários no mês passado, o republicano afirmou que é preciso “demitir o CEO” do Brasil.
Embora alguns aliados do governador de São Paulo ainda considerem que o anúncio de Flávio seja um “balão de ensaio”, a confirmação feita pelo próprio senador e pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, sobre a candidatura do filho 01 de Bolsonaro, no entanto, faz com que Tarcísio praticamente seja descartado da corrida nacional. Ao menos neste momento.
Ao Metrópoles, Flávio afirmou, inclusive, ter conversado com Tarcísio antes do anúncio de sua candidatura na manhã dessa sexta-feira (5/12) e disse que o governador afirmou que poderia contar com ele “para o que der e vier”.
Surpresa entre aliados
• A notícia da escolha de Flávio como candidato pegou de surpresa alguns aliados de Tarcísio, já que parte do entorno do governador ainda nutria esperanças de que ele seria o candidato de Bolsonaro para representar o grupo na disputa contra Lula em 2026.
• Após o próprio Flávio anunciar que será o candidato, aliados da família Bolsonaro e de Tarcísio consultados pela reportagem afirmaram ter ficado sabendo da novidade pela imprensa.
• Apesar da “surpresa”, a avaliação de alguns é que, embora Tarcísio nunca tenha saído do páreo, sempre houve a impressão de que o ex-presidente determinaria que a cabeça de chapa continuasse com alguém do clã Bolsonaro.
• Segundo um aliado próximo do governador, caso Tarcísio fosse o escolhido, a leitura é que o anúncio ocorreria somente no começo de 2026, às vésperas do prazo de desincompatibilização do cargo, em abril.
• Além disso, segundo essa leitura, anunciar já neste momento que Tarcísio seria o candidato ao Planalto só aumentariam os ataques contra ele, colocando o governador paulista na linha de tiro dos petistas.
• Já Flávio Bolsonaro, segundo interlocutores do grupo, precisa começar a construir sua candidatura mais cedo e rodar o país. Nesse sentido, a antecipação da escolha de seu nome faz com que ele ganhe tempo para iniciar a pré-campanha.
• Impactos na esquerda
Além dos aliados, uma permanência de Tarcísio em São Paulo também tem impacto direto nas estratégias da esquerda no estado. Com o governador tido como franco favorito à reeleição, o PT deve apostar em um nome capaz de levar a disputa ao menos para o segundo turno, com o objetivo principal de oferecer um palanque forte a Lula no maior colégio eleitoral do país.
Nesse cenário, desponta o nome do ministro da Fazenda e ex-prefeito da capital, Fernando Haddad (PT). Conhecido do eleitorado e com “recall” de eleições passadas — o petista perdeu para Tarcísio no segundo turno —, Haddad é considerado um “cumpridor de missões” dentro do PT e aceitaria a empreitada, mesmo com altas chances de derrota, se fosse um pedido de Lula.
Caso Tarcísio ficasse de fora da disputa em São Paulo, o cenário seria outro. Nele, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é citado por petistas como alguém que teria chances reais de vitória. Ex-governador e bastante conhecido do eleitorado paulista, Alckmin teria chances de disputar votos da parcela conservadora do interior e poderia ameaçar o favoritismo do grupo ligado a Tarcísio, segundo aliados.
Outro possível candidato na esquerda é o ex-governador e ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), o único que já se colocou como pré-candidato.
Até então, a principal aposta na esquerda era que Tarcísio sairia à Presidência da República e que o candidato ao governo paulista seria o prefeito da capital, Ricardo Nunes. Agora, a tendência é que a oposição passe a fazer maior escrutínio sobre questões locais envolvendo o governador, centrando os ataques na sua gestão em São Paulo.
Tribuna Livre, com informações da Estadão










