21/11/2024

EUA voltam a produzir poços de plutônio para armas nucleares

Primeiro poço de plutônio produzido nos EUA desde 1989 foi finalizado no Laboratório Nacional de Los Alamos. Na imagem, poço de plutônio conhecido pelo nome 'Demon Core', que matou dois cientistas em teste - (crédito: Reprodução/Los Alamos National Laboratory)

Componente necessário para armamento nuclear, primeiro poço de plutônio produzido nos EUA desde 1989 foi concluído no mesmo laboratório que criou a bomba atômica. Ele foi qualificado para uso em ogivas no início de outubro 

A Administração Nacional de Segurança Nuclear dos Estados Unidos (NNSA, na sigla em inglês) produziu, pela primeira vez desde 1989, um poço de plutônio que funciona como centro radioativo para armamento nuclear. No mínimo 80 poços devem ser criados por ano até a metade de 2030, segundo comunicado publicado pela NNSA em 2 de outubro.

Durante a Guerra Fria, foram produzidos centenas de poços de plutônio por ano nos Estados Unidos. Com o fim do conflito, a produção havia sido encerrada em 1989. Dessa forma, a maioria das ogivas nucleares do estoque norte-americano está em depósitos de plutônio considerados ultrapassados, fabricados naquela época.

Os planos do governo são substituir os sistemas de lançamento nuclear por versões modernas, por isso, a construção de poços. Atualmente, a NNSA está recapitalizando as capacidades de produção que se atrofiaram no pós-guerra.

Especialistas de todo o país trabalharam em conjunto com a NNSA por mais de oito anos para desenvolvimento, qualificação e certificação necessários para a fabricação do primeiro poço, que foi finalizado no Laboratório Nacional de Los Alamos (LANL), no Novo México.

Los Alamos ganhou notoriedade por conta do filme Oppenheimer (2023), cinebiografia do criador da bomba atômica. Foi lá que a produção da arma nuclear lançada contra Hiroshima e Nagazaki, em 1945, foi construída.

O poço do LANL está programado para ser incorporado a uma ogiva W87-1, que compõe míssil balístico intercontinental do Departamento de Defesa dos EUA. 

A meta é que sejam produzidos 30 poços de plutônio por ano em Los Alamos. Além disso, até 2030, é esperada a produção de mais 50 por ano em uma instalação de processamento de plutônio no rio Savannah, na Carolina do Sul. 

“A NNSA está atualmente reestruturando a capacidade de fabricar poços de plutônio, a uma taxa de pelo menos 80 poços por ano”, informa em comunicado publicado em 2 de outubro.

Segundo o comunicado, esse primeiro poço produzido em 35 anos é “totalmente qualificado para a ogiva nuclear W87-1” e cumpre, com “estampa de diamante”, todos os requisitos que o tornam pronto para implantação no arsenal nuclear dos EUA. O poço teria “qualidade de ‘reserva de guerra” e seria “marco importante para a modernização do arsenal de armas nucleares dos Estados Unidos”.

“Este esforço (…) representa um passo importante no nosso caminho para restaurar e modernizar a capacidade da NNSA de produzir poços de plutônio nas quantidades necessárias para apoiar os requisitos militares definidos pelo Departamento de Defesa”, diz, no comunicado, Marvin Adams, administrador de Programas de Defesa.

O que são poços de plutônio e como eles funcionam?

Poços de plutônio são núcleos de armas nucleares de fissão. São esferas ocas que causam a explosão nuclear dentro do armamento. 

Explosões químicas comprimem o poço, o que desencadeia fissão dentro do plutônio. Essa fissão gera uma energia chamada de “explosão primária”, usada para fundir isótopos de hidrogênio e, assim, produzir uma “explosão secundária” muito maior, de fusão termonuclear.

O isótopo usado geralmente para ogivas nucleares é o plutônio-239, criado a partir de irradiação de urânio dentro de reatores nucleares. 

Tribuna Livre, com informações da Administração Nacional de Segurança Nuclear dos Estados Unidos (NNSA

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