Favorito para a indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, pretende procurar todos os 81 senadores em sua peregrinação por votos, incluindo dois dos principais e mais ferrenhos opositores ao governo Lula: Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sergio Moro (União Brasil-AP).
“Messias é um homem de diálogo. O gabinete dele na AGU nunca esteve fechado para ninguém. Ele vai procurar os 81 senadores”, disse ao blog um interlocutor do ministro. Para assumir a cadeira no STF, o indicado pelo presidente da República precisa de ao menos 41 voto
Procurado pelo blog, o senador Flávio Bolsonaro disse que não vai receber Messias. “Eu não tenho por que recebê-lo, porque ele não vai me convencer de votar nele. Muto antes de ser evangélico, ele é um petista. É mais um que o Lula vai colocar lá no STF pra fazer o que ele mandar.
Moro, por sua vez, não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.
O chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) ainda não conhece pessoalmente o ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, autor de uma das decisões mais controversas da Lava-Jato que expuseram “Messias” (ou “Bessias”, como ficou conhecido) em praça pública, em março de 2016. Os dois estarão frente a frente na sabatina da Comissão de Constituição e Justiça do Senado.
Na época do áudio, a operação vivia o seu auge e Messias era subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil. Diante do avanço do processo de impeachment e da erosão de sua base no Congresso, a então presidente Dilma Rousseff havia nomeado Lula como ministro da Casa Civil, em uma espécie de última cartada para salvar o governo.
Na interceptação telefônica que os bolsonaristas pretendem explorar na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça, Dilma diz a Lula que vai enviar a ele o “termo de posse”. “Seguinte: eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel, pra gente ter ele. E só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”, afirmou Dilma.
A nomeação de Lula – que acabou suspensa por decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF – foi vista na época como uma tentativa desesperada de Dilma de colocar Lula na articulação política e afastar a ameaça de impeachment, além de garantir foro privilegiado ao petista, evitando que ele fosse preso em primeira instância por Moro. Mas de nada adiantou.
Apesar da mobilização nas redes sociais e da promessa de dificultar a vida do indicado e até constrangê-lo na sabatina revivendo o episódio “Bessias”, parlamentares aliados de Jair Bolsonaro admitem reservadamente que o indicado de Lula deve ser aprovado pelo plenário.
Interlocutores do chefe da AGU também pretendem usar o fato de Messias ser evangélico como um reforço argumentativo para convencer integrantes da bancada conservadora – principal foco de resistência ao governo Lula – a não rejeitarem o seu nome.
Conforme informou o blog, Messias deve contar inclusive com o apoio do ministro André Mendonça, do STF, que já sinalizou que está disposto a ajudá-lo a reduzir a rejeição e obter os votos necessários para ter a indicação confirmada.
Além de já terem ocupado o cargo de chefe da AGU, Messias e Mendonça são evangélicos – Messias é membro da Igreja Batista, enquanto Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana.
Tribuna Livre, com informações da Agência Senado










