Para presidente francês, solução de dois Estados seria “única saída viável” para pôr fim à guerra em Gaza e atender a demandas israelenses e palestinas em paz e segurança
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou, nesta quinta-feira (24/7), que o país europeu vai reconhecer o Estado Palestino perante as Nações Unidas (ONU) em setembro. De acordo com o governante francês, que compartilhou nas redes sociais carta enviada ao representante da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, a “prioridade urgente hoje é pôr fim à guerra em Gaza e levar alívio à população civil”.
A medida francesa tem por objetivo, portanto, pressionar a comunidade internacional em favor de “um cessar-fogo imediato, da libertação de todos os reféns e de uma ajuda humanitária maciça para o povo” do território palestino.
“Devemos também garantir a desmilitarização do Hamas, proteger e reconstruir Gaza”, afirma Macron, em publicação no X (antigo Twitter). “Finalmente, devemos construir o Estado da Palestina, garantir a viabilidade dele e assegurar que, ao aceitar a própria desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, ele contribua para a segurança de todos na região.”
Segundo o presidente da França, a decisão foi tomada porque “o povo francês quer a paz no Oriente Médio” e, por isso, trata-se de responsabilidade coletiva global provar que o movimento para atingi-la é possível.
A carta do governante europeu a Abbas foi resposta a uma enviada pelo presidente da Autoridade Palestina em junho, em que, com propósito de pôr fim à guerra em Gaza, o líder reafirma apoio à implementação da “solução de dois Estados” — que diz respeito à coexistência pacífica de nações independentes de Israel e Palestina.
Na réplica de Macron, compartilhada nesta quinta, são reforçados “corajosos compromissos” do representante árabe — como condenação aos ataques terroristas do Hamas em 7 outubro de 2023; pedido por libertação imediata de reféns; e organização de eleições presidenciais e gerais em território palestino em 2026, a fim de “aumentar credibilidade e autoridade sobre o futuro Estado da Palestina, o qual afirmou que não deveria ser militarizado”.
Ele destaca, “em retorno”, portanto, “o compromisso da França em promover a implementação da solução de dois Estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança”. Para o presidente francês, “essa solução seria o único caminho que poderia contemplar os anseios legítimos de ambos israelenses e palestinos”.
Por isso, reforça, deve ser colocada em pauta “o mais rápido possível”, uma vez que a perspectiva de uma saída negociada para o conflito no Oriente Médio “parece cada vez mais distante” e ele não pode se “conformar” com a situação.
“É urgente implementar a única solução viável para atender aos anseios legítimos do povo palestino, acabar com todas as formas de terrorismo e violência e permitir a Israel e aos países de todas as regiões viver em paz e segurança”, finaliza Macron.
De acordo com o presidente, a França e a Arábia Saudita vão chefiar conferência perante a ONU com o objetivo de discutir a implementação da solução de dois Estados. “Nesse contexto, tenho a honra de confirmar que, à luz dos seus compromissos (de Abbas), a França vai reconhecer integralmente a Palestina como um Estado quando eu for à Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro”, garante, na carta. “Ao fazer isso, a França dá contribuição decisiva à paz no Oriente Médio e mobiliza todos os parceiros internacionais que desejem tomar parte (no apelo).”
Em manifestação no X, o vice-presidente da Autoridade Palestina, Hussein Al Sheikh, celebrou a decisão de Macron, a quem expressou “gratidão e reconhecimento” pela resposta. “Essa posição reflete o compromisso da França com o direito internacional e o apoio dela aos direitos do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento de nosso Estado independente”, escreveu. Ele também agradeceu os esforços da Arábia Saudita.
Um total de 142 países já reconheceram o Estado da Palestina. Entre os opositores, estão Estados Unidos e Israel.
Tribuna Livre, com informações da agência France-Presse