12/03/2025

Governo anuncia vacina 100% nacional contra a dengue

Enquanto o imunizante não chega ao SUS, a vigilância epidemiológica é fundamental contra a dengue - (crédito: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)
Serão 60 milhões de doses do imunizante a partir de 2026, com expectativa de proteger a população entre 2 e 59 anos até 2027. Em outra frente, parceria permitirá a produção de insulina

O governo federal anunciou, ontem, a fabricação de mais de 60 milhões de doses da vacina contra a dengue por ano, a partir de 2026. O Instituto Butantan junto a empresa chinesa WuXi Biologic trabalharão na produção de uma vacina 100% nacional e de dose única.

A parceria da vacina se dá por meio do Programa de Desenvolvimento e Inovação Local, do Ministério da Saúde, que está em fase final de desenvolvimento tecnológico. Durante o evento “SUS como alavanca da inovação e produção em saúde”, o governo informou que será possível ampliar a “capacidade produtiva e de oferta de uma vacina 100% nacional contra a dengue” para que “cresça em 50 vezes”.

A medida terá um investimento total de R$ 1,26 bilhão. Por meio do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, o projeto terá a ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o financiamento da pesquisa clínica.

“Essa vacina vem sendo desenvolvida há muito tempo. Com a pandemia, nós aprendemos muito de desenvolvimento rápido. A vacina será em dose única e válida para os quatro sorotipos. Vários artigos científicos vêm demonstrando esse poder. Já tem a definição de 60 milhões de doses em 2026, e a continuidade da sua produção. A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível, de 2 a 59 anos”, disse Nísia Trindade durante cerimônia no Palácio do Planalto. Horas depois, ela foi demitida da pasta da Saúde pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O Ministério da Saúde entrará com o poder de compra”, destacou a ex-ministra, em seu último ato oficial. “Com isso, teremos a possibilidade de vacinar a população brasileira dentro da faixa que for recomendada pela Anvisa para a dengue, um fato único no mundo até agora”, acrescentou.

No final do mês de janeiro, Nísia Trindade disse que, para 2025, apenas 1 milhão de doses serão entregues. “O Butantan está produzindo, mas não há previsão de vacinação em massa contra a dengue em 2025. É muito importante a vacina de uma dose, mas para 2025, ainda não será a solução que nós esperamos”, declarou Trindade em janeiro. “Mas vamos reiterar os cuidados de prevenção”, concluiu.

Também presente à cerimônia do lançamento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin ressaltou o trabalho para produzir um imunizante capaz de combater efetivamente a doença. “É uma vacina contra os quatro tipos de dengue, tetravalente, que facilita muito. E por isso ela é demorada, leva anos e anos, pois você tem um foco de tipo 2, vai lá e testa. Aí fica esperando o tipo 1, vai lá e corre. Depois o 3, o 4. Teve que acertar os quatro para ter, numa vacina só, a tetravalente”, explicou Alckmin, que é médico.

Idosos

O pedido de registro do imunizante, feito pelo Instituto Butantan em dezembro de 2024, ainda está sendo avaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com as informações da Anvisa, a agência solicitou dados complementares sobre a vacina há duas semanas, mas a análise e dados de qualidade, segurança e eficácia apresentada já foram concluídos.

Segundo a ministra, a vacina ainda não foi testada em pessoas idosas devido às vulnerabilidades que essa faixa etária enfrenta. “Por enquanto, os idosos ainda não poderão tomar a vacina porque, quando as vacinas são testadas, há sempre um cuidado com a população idosa”, explicou Nísia, ao se referir às fases de testes clínicos de imunizantes.

Em nota, o Butantan garante que o número total de vacinas será entregue até 2027, apesar do processo de aprovação ainda não ter sido finalizado. “O Instituto Butantan informa que aguarda aprovação pela Anvisa de sua candidata à vacina contra a dengue, mas garante que terá condições de entregar ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) 100 milhões de doses até 2027 e 1 milhão de doses ainda este ano. Em 2026, serão 60 milhões de doses para o SUS. O Butantan já deu início à produção de doses da Butantan-DV em seu complexo industrial”, detalhou o instituto.

Segundo o Butantan, a vacina Butantan-DV é a primeira em dose única contra os quatro sorotipos de dengue no mundo e teve seus dados de segurança e eficácia divulgados no New England Journal of Medicine, que mostraram 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática aos dois anos de acompanhamento. “Resultados da fase 3 do ensaio clínico publicados na The Lancet Infectious Diseases mostraram, ainda, uma proteção de 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos”, explicou o instituto.

Com o pouco número de doses para este ano, a ministra reitera que o principal, neste momento, ainda é manter os esforços para ações de prevenção e vigilância. Segundo o governo federal, o método Wolbachia, onde uma bactéria é introduzida nos mosquitos Aedes aegypti para reduzir a transmissão do vírus, além das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL) são ferramentas disponíveis que têm sido potencializadas no país para a prevenção da dengue.

Três parcerias

Durante o lançamento em Brasília, outras três parcerias público-privadas foram anunciadas. A primeira planta produtiva de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) de insulina da América Latina, o desenvolvimento de uma vacina nacional contra gripe aviária e a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

Prevista para fornecimento no SUS em 2026, a produção da insulina poderá atingir 70 milhões de unidades anuais ao final do projeto. Ainda, a parceria entre o Butantan e Pfizer permitirá a produção de até 8 milhões de doses anuais da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que irá atender à demanda do SUS e possibilitar a ampliação do público-alvo, incluindo a população idosa.

O anúncio de parcerias também vai garantir inovação e acesso à vacina Influenza H5N8, com a capacidade produtiva disponível para a produção e fornecimento de mais de 30 milhões de doses por ano.

Tribuna Livre, com informações do Ministério da Saúde

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