11/03/2025

Horta comunitária tem função pedagógica e terapêutica no Centro de Ensino Especial 2

Estudantes e alunos podem interagir com as atividades de cultivo e reforçar o aprendizado sobre o respeito ao meio ambiente | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília

O projeto funciona há mais de dez anos na escola em um espaço de cinco hectares; a comunidade escolar também usufrui dos produtos cultivados no local

Os fundos do Centro de Ensino Especial 2 (CEE 2), na 612 Sul, escondem um tesouro: um espaço de cinco hectares que transfere automaticamente quem o visita para um ambiente rural. Tudo começa com a horta comunitária horizontal onde são cultivadas hortaliças, como alface, cebolinha, manjericão e hortelã, e segue pela espécie de “chácara” de agrofloresta, um sistema de produção agrícola que combina diferentes tipos de árvores e plantas com espécies frutíferas, silvestres e nativas.

Esse oásis verde em meio à estrutura da escola permite que estudantes e professores se conectem com o meio ambiente. Pelo menos duas vezes por semana, os alunos frequentam o espaço como parte da grade horária pedagógica.

O ambiente também é usado como terapia para os alunos, que podem interagir com os cultivos e com as estruturas de lazer – uma ponte de bambu, uma casinha da roça, uma mandala horizontal, uma oca indígena e áreas com redes. Além disso, tudo que é produzido no local é distribuído para a cantina para o consumo da própria comunidade escolar.

Contato com a terra

“Esse espaço é um bem-estar para os alunos, porque atua nos diferentes sentidos deles”

Antônio Francisco da Silva, professor de Filosofia

“São 50 mil metros quadrados em uma área nobre da capital onde temos o cultivo da olericultura e o desenvolvimento da agrofloresta”, detalha o professor de Geografia Georlando Alves Menezes.

“Temos uma grade horária para cada aluno frequentar o espaço duas vezes por semana”, valoriza. “É muito importante, porque temos aqui uma escola de ensino especializado, com alunos com deficiência intelectual e deficiências múltiplas. É uma forma de eles terem acesso a um meio rural dentro da cidade. Eles usufruem do espaço e dos produtos.”

Ele coordena o projeto há mais de dez anos no CEE 2 com o professor de Filosofia Antônio Francisco da Silva. Cabem aos dois cuidar da horta – o que fazem com muito carinho, amor e dedicação, pois percebem a importância para a comunidade escolar. “Esse espaço é um bem-estar para os alunos, porque atua nos diferentes sentidos deles”, aponta Antônio. “Eles conseguem voltar melhores para a sala de aula. Muitos nem querem ir nem embora daqui, porque realmente é um ambiente muito bom”.

Desde o ano passado, a dupla conta com outros dois professores e seis reeducandos da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF)  auxiliando na manutenção e conservação do espaço, além do apoio técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) – que fornece insumos, como adubo orgânico, calcário, ferramentas e sementes.

“É uma forma de incentivar e mostrar para as crianças que é possível produzir alimentos saudáveis e orgânicos em áreas públicas e coletivas dentro da cidade”, pontua a extensionista rural da Emater-DF Isabella Belo. “Esse projeto também revela a importância sanitária da agricultura urbana, porque esse espaço poderia ser um lixão.”

Projeto modelo

O extensionista rural da Emater-DF Tiago Leite lembra que a escola é considerada modelo no projeto de horta comunitária pela empresa. “É um projeto que tem dado certo, muito pela dedicação, porque horta é algo perene”, avalia. “É um projeto que mostra a importância do meio ambiente para a sociedade e que é possível ser sustentável mesmo dentro da cidade”.

O reconhecimento vem também da comunidade escolar. Christiane Quartieri, professora da educação precoce no CEE 2, ressalta o papel do ambiente no complemento às atividades cotidianas: “Trabalhamos com eles essa parte motora, da vivência, do equilíbrio, e também sensorial, com o pisar a grama e o cheiro das plantas. É uma honra trabalhar tendo esse ambiente aqui. É algo que deveria ter em todas as outras escolas”.

A professora Juliana Ferreira concorda: “Aqui as crianças podem explorar a natureza, o que é excepcional para o desenvolvimento delas. Esse espaço engloba o nosso trabalho, porque eles trabalham no plantio e no cultivo e ficam bastante livres – sem falar que podem saborear os alimentos”. No Dia do Milho, comemorado em 25 de fevereiro, estudantes e professores participaram de uma festa com receitas feitas com o produto colhido na horta.

Após uma década de experiência, o projeto continua a crescer. Estão atualmente em construção um canteiro de plantas medicinais, uma composteira e um caramanchão, para abrigar plantas trepadeiras. Também se encontra em estudo a reativação do viveiro da escola.

Tribuna Livre, com informações do Centro de Ensino Especial 2 (612 Sul)

Leia também
Saúde Mais Perto do Cidadão – A Tenda+ chega a Santa Maria a partir desta quarta-feira (12)
Saúde Mais Perto do Cidadão – A Tenda+ chega a Santa Maria a partir desta quarta-feira (12)
Oficinas discutem, a partir desta segunda (10), o futuro da mobilidade urbana e do transporte do DF
Oficinas discutem, a partir desta segunda (10), o futuro da mobilidade urbana e do transporte do DF
Nova turma da Fábrica Social vai capacitar 310 costureiros para o mercado de trabalho
Nova turma da Fábrica Social vai capacitar 310 costureiros para o mercado de trabalho
De bebês a idosos, calendário de vacinação de rotina é maior aliado na prevenção de doenças
De bebês a idosos, calendário de vacinação de rotina é maior aliado na prevenção de doenças
Odontologia e cirurgia bucomaxilofacial do HRSM recebem novos residentes
Odontologia e cirurgia bucomaxilofacial do HRSM recebem novos residentes
No Paranoá, mulheres ganham serviços gratuitos de beleza nesta segunda (10)
No Paranoá, mulheres ganham serviços gratuitos de beleza nesta segunda (10)
Vai de Graça: passageiros comemoram primeiro domingo de transporte público gratuito após o Carnaval
Vai de Graça: passageiros comemoram primeiro domingo de transporte público gratuito após o Carnaval 
Dia Internacional da Mulher
Dia Internacional da Mulher.
Dos condutores envolvidos em sinistros fatais no DF, mulheres representam 10,3% em 2024
Dos condutores envolvidos em sinistros fatais no DF, mulheres representam 10,3% em 2024
Educação celebra Dia da Mulher com diferentes projetos escolares
Educação celebra Dia da Mulher com diferentes projetos escolares
Mulheres se destacam na limpeza urbana do Distrito Federal
Mulheres se destacam na limpeza urbana do Distrito Federal
8 de março, Jaqueline Silva de Mulher pra Mulher
8 de março, Jaqueline Silva de Mulher pra Mulher

Lula declara sete terras para desapropriação e reforma agrária

Os decretos foram assinados na sexta-feira passada (7/3), e publicadas hoje (10) no Diário Oficial da União (DOU) O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) definiu nesta segunda-feira (10/3) sete fazendas e imóveis rurais como “de interesse social”, o que permite sua desapropriação e uso para a reforma agrária.

Leia mais...

A sua privacidade é importante para o Tribuna Livre Brasil. Nossa política de privacidade visa garantir a transparência e segurança no tratamento de seus dados pessoais.