11/11/2025

Indígenas da Amazônia processam New York Times por insinuar vício da aldeia em pornografia

Indígenas da Amazônia processam New York Times por insinuar vício da aldeia em pornografia - (crédito: BBC Geral)

A ação judicial alega que uma reportagem do jornal americano retratou o povo Marubo como ‘incapaz de lidar’ com a exposição básica à internet.

Uma tribo indígena da Amazônia processou o jornal americano New York Times (NYT) por causa de uma reportagem sobre o acesso da comunidade à internet de alta velocidade, que a tribo alega ter levado seus membros a serem rotulados como viciados em pornografia.

A ação judicial por difamação afirma que a reportagem retratou a tribo Marubo como “incapaz de lidar com a exposição básica à internet”, e destacou “alegações de que seus jovens haviam sido consumidos pela pornografia”.

O processo também citou o TMZ e o Yahoo como réus, e disse que seus artigos “zombavam dos jovens” e “deturpavam suas tradições”.

O NYT declarou que sua reportagem não dizia que nenhum dos membros da tribo era viciado em pornografia. O TMZ e o Yahoo foram contatados para comentar.

Os Marubo, uma comunidade indígena com cerca de 2 mil pessoas, está pedindo pelo menos US$ 180 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) em indenização por danos.

A reportagem do NYT, escrita nove meses depois de os Marubo obterem acesso à Starlink, um serviço de internet via satélite da SpaceX, de Elon Musk, dizia que a tribo “já estava enfrentando os mesmos desafios que atormentam os lares americanos há anos”.

Isso incluía “adolescentes grudados em telefones”, “videogames violentos” e “menores vendo pornografia”, afirmava a reportagem.

O artigo dizia que um líder comunitário, que é crítico ferrenho da internet, estava “muito incomodado com a pornografia”, e havia sido informado sobre “comportamento sexual mais agressivo” por parte de jovens do sexo masculino.

A reportagem também destacou os benefícios percebidos da internet entre a tribo, incluindo a capacidade de alertar as autoridades sobre problemas de saúde e destruição ambiental, além de manter contato com familiares distantes.

A ação judicial alega que outros meios de comunicação repercutiram de forma sensacionalista a reportagem do NYT, incluindo uma manchete do TMZ que fazia referência ao vício em pornografia.

A reação levou o NYT a publicar uma reportagem complementar, cerca de uma semana após o artigo original, com o título: “Não, uma tribo remota da Amazônia não se viciou em pornografia”.

A reportagem dizia que “mais de 100 sites ao redor do mundo” haviam “publicado manchetes que afirmavam falsamente que os Marubo se tornaram viciados em pornografia”.

Mas o processo alega que o artigo original do NYT “retratou o povo Marubo como uma comunidade incapaz de lidar com a exposição básica à internet, destacando alegações de que seus jovens haviam sido consumidos pela pornografia”.

Os autores da ação, o líder da comunidade Enoque Marubo e a ativista brasileira Flora Dutra, que ajudou a distribuir as 20 antenas Starlink de US$ 15 mil para a tribo, afirmam que a reportagem do NYT ajudou a alimentar “uma tempestade midiática global”, de acordo com o Courthouse News Service.

Isso, segundo eles, os submeteu à “humilhação, assédio e danos irreparáveis à sua reputação e segurança”.

A reportagem do TMZ incluiu imagens em vídeo de Marubo e Dutra distribuindo as antenas, que, segundo eles, “deram a clara impressão de que [eles] haviam introduzido material nocivo e sexualmente explícito na comunidade e facilitaram a suposta decadência moral e social”.

Um porta-voz do New York Times afirmou: “Qualquer leitura justa deste artigo mostra uma exploração sensível e matizada dos benefícios e complicações da nova tecnologia em uma aldeia indígena remota com uma história de orgulho e cultura preservada”.

“Pretendemos nos defender vigorosamente contra a ação judicial.”

Tribuna Livre, com informações da BBC News

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