O documento entregue à ministra dos
Povos Indígenas, Sonia Guajajara, solicitou maior presença das forças de
segurança
A coordenadora-executiva da Coordenação das Organizações
e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), Marcilene Guajajara,
entregou carta endereçada ao governo federal a ministra dos Povos Indígenas,
Sonia Guajajara, em que solicita maior segurança dentro dos territórios da
população indígena no Maranhão. O documento também denuncia descaso do governo
de Jair Bolsonaro (PL) em relação às populações indígenas da região.
Sonia Guajajara visitou, nesta sexta-feira (10/2), o
estado do Maranhão e se encontrou com o vice-governador, Felipe Camarão (PT), e
parlamentares.
No Maranhão, a ministra recebeu uma convocação para se
encontrar com a Coapima e a Articulação das Mulheres Indígenas do Maranhão
(Amima) para traçar um plano estratégico para o enfrentamento do cenário de
extrema violência contra povos indígenas, especialmente o povo Guajajara,
instalada no Maranhão.
As lideranças solicitam que o plano seja traçado em
conjunto com os ministérios do Meio Ambiente, Direitos Humanos, Justiça e
Segurança Pública e o governo do Maranhão. Além do povo Guajajara, pediram a
participação popular dos povos Gavião, Krikati, Awá e Ka’apor.
“Solicitamos apoio de Vossas Excelências quanto às
medidas cabíveis para mapear e investigar os casos de assassinatos, proteger os
povos indígenas do estado do Maranhão, nossos territórios e responsabilizar os
criminosos pelos atos de violência cometidos até então”, aponta um trecho do
documento assinado por Marcilene Guajajara.
O documento entregue a Guajajara relembra casos de
assassinatos e violência contra os povos que residem no Maranhão e declara que
“essas violações são comumente reproduzidas não só no âmbito dos territórios,
mas também nos municípios limítrofes que têm se tornado palco para as mais
diversas barbáries”.
Em 2022, nas cidades de Amarante e Arame, três indígenas
foram assassinados a tiros após uma emboscada. Entre as vítimas estão Janildo
Guajajara e o seu sobrinho de 14 anos que foram surpreendidos com disparos de
arma de fogo pelas costas.
No mês de janeiro deste ano, Maranhão registrou duas
tentativas e dois homicídios, entre as vítimas está o funcionário da Secretaria
Especial de Saúde Indígena (Sesai) Raimundo Ribeiro da Silva, de 57 anos.
A Coapima acusa o governo do ex-presidente Bolsonaro de
omissão e abandono dos povos indígenas em todo o território brasileiro.
“Abandonados à própria sorte, os povos têm se organizado para realizar a
autoproteção de seus territórios, o que aumenta o grau de vulnerabilidade”,
indica o documento.