A elevação nos custos da energia elétrica residencial, que subiu 2,96% em junho, pressionou o índice, mas os preços dos alimentos em domicílio registraram a primeira queda em nove meses, o que ajudou a conter o avanço
A inflação oficial do país desacelerou para 0,24% em junho, ligeiramente abaixo dos 0,26% registrados em maio. É o que aponta os dados divulgados nesta quarta-feira (10/7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado reflete a pressão dos custos de energia elétrica residencial, que subiram 2,96% no mês, enquanto os preços de alimentos, especialmente os consumidos em casa, recuaram pela primeira vez em nove meses.
Com o novo resultado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 2,99% no ano e de 5,35% nos últimos 12 meses — acima do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central, de 4,5%.
A energia elétrica foi o principal vilão da inflação de junho, respondendo sozinha por 0,12 ponto percentual (p.p.) do índice. A escalada dos preços foi impulsionada pela adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que encarece as contas dos consumidores, além de reajustes promovidos por concessionárias em várias capitais.
“Com alta de 6,93% no primeiro semestre, a energia elétrica residencial tem pesado no bolso das famílias. Esta é a maior variação para um primeiro semestre desde 2018”, afirma Fernando Gonçalves, gerente do IPCA. Ele lembra que 2025 tem sido marcado por sucessivas mudanças nas bandeiras tarifárias: bônus de Itaipu em janeiro, reversão em fevereiro, bandeira verde em março e abril, amarela em maio e, agora, a vermelha.
Os aumentos de tarifas em junho contribuíram para o salto nos preços de energia, com destaque para Belo Horizonte (alta de 8,57%), Porto Alegre (4,41%) e Curitiba (3,28%). Por outro lado, o Rio de Janeiro teve redução de 1,29% nas tarifas de uma das concessionárias.
Além da energia, o grupo habitação registrou aumento de 0,99%, puxado também pela alta de 0,59% na taxa de água e esgoto. Juntos, esses itens adicionaram 0,15 p.p. ao IPCA do mês.
Alimentos aliviam pressão
Na contramão da energia, os alimentos deram alívio ao orçamento das famílias. O grupo de alimentação e bebidas caiu 0,18% em junho — primeira queda desde setembro de 2024 — com contribuição negativa de 0,04 p.p. ao IPCA.
A queda foi puxada pela alimentação no domicílio, que recuou 0,43% no mês. Entre os itens que mais contribuíram para esse resultado estão o ovo de galinha (-6,58%), o arroz (-3,23%) e as frutas (-2,22%). Já o tomate foi exceção e subiu 3,25%.
A alimentação fora do domicílio também apresentou desaceleração, passando de 0,58% em maio para 0,46% em junho. O subitem “refeição” desacelerou de 0,64% para 0,41%, enquanto o “lanche” teve leve aceleração de 0,51% para 0,58%.
Com a inflação acumulada em 12 meses ainda acima da meta do Banco Central, a política monetária segue sob pressão. O cenário climático e os desdobramentos das tarifas de energia nos próximos meses devem continuar sendo fatores decisivos para a trajetória da inflação.
“Se a bandeira vermelha persistir e novos reajustes forem aplicados, a energia continuará pressionando o índice. Já o comportamento dos alimentos dependerá, em grande parte, do clima e da oferta agrícola no segundo semestre”, avalia Gonçalves.
Tribuna Livre, com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).